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Cenário pré-eleitoral começa a movimentar a Unioeste

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Vice-reitor da Unioeste, professor Moacir Piffer, em entrevista ao O Presente: “Até final de maio e início de junho vai ter uma transparência maior dos candidatos e se iniciará a campanha dentro da universidade. Por enquanto, agora, é muita conversa” (Foto: Divulgação/Unioeste)

 

As eleições para Reitoria da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), que devem acontecer entre os meses de setembro e outubro deste ano, já movimenta os campi da instituição. Apesar de o assunto estar sendo tratado na universidade com certa discrição, nomes de possíveis candidatos já estão sendo cogitados e começam a ganhar força em meio aos debates pré-eleitorais.

Embora as chapas ainda estejam indefinidas e o calendário de eleição em fase de organização, o processo eleitoral está despontado na universidade, composto de muitas incertezas. “Já têm alguns candidatos que estão se fazendo presentes, cada um do seu jeito, com a sua história, seus projetos que vão redesenhar a universidade”, revela o atual vice-reitor da Unioeste, professor Moacir Piffer.

Ele comenta que vários possíveis candidatos estão surgindo ao passo que as pessoas manifestam interesses na defesa da universidade, cada qual com suas propostas e sonhos. “Isso faz com que haja uma movimentação, que deve ser maior a partir dos próximos meses”, destaca, acrescentando: “Algumas pessoas já manifestaram interesse em alguns cargos e administrar a universidade. Cada um tem uma forma de pensar a universidade, cada um tem uma proposta de ver e defender, um modelo de pensar a gestão e conversar com seus pares”.

Piffer salienta que vice-reitores, pró-reitores e diretores gerais têm uma visão da universidade e manifestam desejo em serem candidatos. “Isso depende muito da conjuntura aonde você tem as pessoas que podem levar essa pessoa a amadurecer a candidatura e depois inscrever uma chapa. A maioria são professores que se entregam a essa questão se candidatam e começam a fazer campanha”, diz.

 

Polarização

Como vice-reitor, Piffer não acredita que deve haver a polarização de algum campus da universidade, a exemplo do que ocorreu nas últimas eleições para reitoria da Unioeste. “Eu, particularmente, penso a Unioeste como um todo, não vejo destaque por ser este ou aquele campus. Quando a universidade iniciou sua trajetória as disputas eram mais suaves no sentido de defesa dela no seu território. Depois de um tempo ficou uma disputa maior entre Cascavel e Marechal Cândido Rondon”, cita. “Eu não tenho essa visão de polarização. As pessoas estão muito mais amadurecidas, intencionadas no sentido de defender a universidade, lutar por uma qualidade melhor e avançar mais”, frisa.

Em disputas entre chapas de situação e oposição há conflitos de interesses, mas que, para Piffer, é normal dentro da democracia. “Pode até ser que algum campus polarize as eleições, mas na minha visão particular, enquanto profissional, professor e atual gestor, acho ruim porque a universidade é do Estado, do povo, e as pessoas precisam lutar uma luta limpa dentro da universidade, até para que seja mais fácil lutar pelos interesses da Unioeste”, expõe.

 

Eleição atípica

A partir de conversas, diálogos e especulações, cresce a expectativa dentro dos cinco campi da Unioeste, sediados em Cascavel, Toledo, Marechal Cândido Rondon, Foz do Iguaçu e Francisco Beltrão, para a corrida eleitoral. “Me parece que essa eleição vai ser um pouco atípica em relação às outras pelo tamanho da conversa que já está sendo feita. Mas no final as pessoas vão se acertando e analisando os melhores projetos”, opina Piffer.

O vice-reitor pondera que cada possível candidato tem um interesse e a partir disso começa a reunir pessoas em torno da candidatura. “Eu, por exemplo, converso com todas as pessoas e vejo nelas boas intenções dentro da universidade. São apenas modelos diferentes”, comenta.

Apesar das articulações dentro da instituição, o Conselho Universitário (COU) ainda precisa definir a data das eleições, que devem ser realizadas entre os meses de setembro e outubro, de acordo com Piffer. “Acho que até junho ou julho as chapas devem estar definidas. Até final de maio e início de junho vai ter uma transparência maior dos candidatos e se iniciará a campanha dentro da universidade. Por enquanto, agora, é muita conversa”, afirma.

 

Trabalhar pela união

Piffer salienta que os próximos gestores devem abrir mão de certas coisas e trabalhar no sentido de união dentro da universidade. “Nós estamos trabalhando no sentido de criar uma paz. Precisamos garantir essa harmonização. Trabalhar para manter um processo eleitoral que não cause uma ruptura para a universidade”, analisa.

Ele reforça que hoje todos da Unioeste fazem e são defensores de políticas públicas, principalmente na educação e saúde. “Temos que estar muito abertos e sensíveis para não perder espaço diante de lutas melhores com o Estado, com o governo. Não é bater de frente com o governo. É defender a universidade. Esse é o nosso propósito”, afirma.

O vice-reitor ainda salienta que a intenção é que haja paz e tranquilidade na instituição. “Apenas competições de ideias para que a gente não esfacele nosso movimento de Unioeste, principalmente pelo carinho que temos por ela e o que ela representa para a sociedade do Oeste e Sudoeste do Paraná”, ressalta.

 

“Me parece que essa eleição vai ser um pouco atípica em relação às outras pelo tamanho da conversa que já está sendo feita”

 

 

Gestão de desafios

Piffer está há uma gestão como vice-reitor, ao lado do reitor reeleito Paulo Sergio Wolff, o Cascá. Segundo ele, a gestão se pautou em pilares e propósitos com os quais a universidade teve alguns ganhos. “A área da educação tem dado um retorno melhor porque a capacidade do nosso corpo docente foi muito incentivada, apesar de que temos muitos professores na fila na aposentadoria e precisamos pensar na reposição desse capital humano”, diz, emendando: “Na área de saúde, o hospital teve um ganho muito grande para a região como um todo e também a questão dos cursos em Francisco Beltrão, onde, através de políticas com o próprio Estado conseguimos implantar mais cursos, inclusive o de Medicina”.

Para o vice-reitor, os maiores desafios desses anos de gestão se debruçaram sobre a questão do custeio da universidade. “(A arrecadação) teve uma maior queda com o tempo e isso vem nos preocupando muito. É uma questão de política do Estado e não afetou apenas a Unioeste. Todas as universidades estaduais tiveram uma perda nesse sentido”, salienta. “Precisamos buscar alternativas através de, por exemplo, projetos de deputados no sentido de complementar a questão do custeio”, completa.

A folha de pagamento foi outro problema presente. “Ela teve uma época alta e depois se estabilizou porque nós tivemos vários programas em mestrado e doutorado e foi preciso colocar coordenações e secretarias. Com isso houve uma elevação de dinheiro na folha de pagamento”, explica.

 

Desenvolvimento regional

Conforme Piffer, um dos desafios atuais da Unioeste é fazer com que a universidade se torne vista pelos olhos principalmente do Estado, no sentido de que ela é importante para o desenvolvimento regional. “Onde tem universidades, principalmente a Unioeste, há um grande ganho para a comunidade. Ela (comunidade) sabe hoje da importância da universidade, mesmo sendo criticada”, enfatiza.

Ele lembra que atualmente a Unioeste é responsável pelo quarto ou quinto maior orçamento regional. “Temos provocado um impulsionamento muito grande na economia regional”, assegura.

Outro ponto desafiador lembrado pelo vice-reitor é com a visão do novo governo que iniciou neste ano. “Saímos da Secretaria de Ciências e Tecnologia para pertencer a uma superintendência. No meu entendimento o governo chamou as universidades para mais perto do gabinete. E as universidades também já foram chamadas para fazer a diferenças nas regiões através do Governo do Paraná. Ele (governo) está entendendo que somos promotores de todo o desenvolvimento regional”, pontua. “Por outro lado, estaremos mais perto para o controle dos gastos, já que pertencemos ao Estado. Isso é um desafio para podermos brigar pela nossa autonomia de universidade e poder fazer uma diferença no nosso espaço territorial onde atuamos, como é o caso da Unioeste”, complementa.

 

Polêmicas

Denúncias de supersalários e cargos comissionados irregulares foram algumas das polêmicas que permearam a atual gestão. Prestes a encerrar mais um período de transição, as críticas podem surgir com mais intensidade. Piffer encara isso como algo normal. “Toda gestão tem críticas. As pessoas vão trabalhar nessas críticas para poder reger seus interesses e a comunidade vai votar em pessoas que tenham questões de mudança e transformação”, enaltece.

Apesar de toda carência, o vice-reitor afirma que a gestão que está se findando tentou estabelecer uma normalidade para que a universidade funcionasse. “E ela funcionou. Nós temos um quadro de professores e de funcionários que trabalharam pela universidade. Os conselhos internos ajudaram muito porque são compostos por professores, funcionários e estudantes. Acho que todo mundo procurou defender a universidade para que ela tenha maior participação no Governo do Estado”, analisa Piffer.

Ele afirma que as críticas recebidas ao longo da gestão não atrapalharam, mas, sim, ajudaram. “Nós ainda hoje temos que pensar alternativas dentro da universidade e não é fazer com que o aluno pague para poder estudar. Os próximos gestores precisam trabalhar na questão de inovação, criação de novos modelos de arrecadação e com o Estado. Cobrar a sua parte de ajuda para a universidade pública e gratuita. Essa é a nossa defesa”, finaliza.

 

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