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Municípios Educação

Evasão na rede estadual chegou a 20% no Núcleo Regional de Educação

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(Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

Em 2019 tudo começou lá fora e quando chegou por aqui, no ano seguinte, as instituições de ensino suspenderam suas atividades devido à Covid-19 e passaram a trabalhar de maneiras alternativas. De lá para cá, estudantes tiveram aulas nas modalidades on-line, remotas, híbridas e, enfim, presenciais mais uma vez. Em 2022, a expectativa é de que as redes estadual e municipal de ensino tenham aulas 100% presenciais.

Com tantas mudanças, foram altos os índices de evasão escolar. “A evasão em 2020 e 2021 foi maior principalmente no Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Muitos alunos deixaram de estudar por não se adequarem ao modelo remoto ou por motivo de trabalho. Em percentuais, a evasão chegou a 20% no ano passado na regional”, declara o chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Toledo, José Carlos Guimarães. Segundo ele, a evasão é maior nos níveis mais elevados provavelmente porque “as famílias dos alunos do Ensino Fundamental têm um domínio maior sobre os filhos”.

O NRE de Toledo abrange 16 municípios: Diamante D’ Oeste, Entre Rios do Oeste, Guaíra, Marechal Cândido Rondon, Maripá, Mercedes, Nova Santa Rosa, Ouro Verde do Oeste, Palotina, Pato Bragado, Quatro Pontes, Santa Helena, São José das Palmeiras, São Pedro do Iguaçu, Terra Roxa e Toledo.

 

Busca ativa

O projeto de lei 4.458/2021 apresentado pelo senador Flávio Arns, ainda em tramitação, apresenta 2022 como um ano de busca ativa na educação, tendo em vista os altos números de evasão escolar. Ao O Presente, Guimarães pontua que 2021 já foi um ano marcado pelas buscas aos alunos. “Muitos tiveram dificuldades em estudar de forma remota e, consequentemente, a evasão foi mais acentuada. Assim, escolas e colégios fizeram um trabalho mais próximo às famílias para evitar a evasão”, assegura.

Chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Toledo, José Carlos Guimarães: “Quando as providências são tomadas de imediato o resultado é bastante promissor. Por outro lado, se deixar o aluno muito tempo fora da escola dificilmente ele retorna. Por isso, é importante a escola estar atenta quanto à ausência do estudante” (Foto: Divulgação)

 

Motivos

Além da dificuldade de adaptação ao novo sistema, o chefe do NRE enumera outros motivos que estão por detrás da evasão escolar. “Necessidade de trabalhar e dificuldade em conciliar trabalho e estudo; mudança de endereço da família; falta de orientação das famílias para mostrar a importância do estudo; e, por fim, muitas vezes o aluno não se identifica com o curso escolhido”, pontua.

 

Atentos aos sinais

O diálogo com as famílias é o principal trunfo para evitar que estudantes se distanciem dos colégios, afirma Guimarães. Segundo ele, quando a escola percebe que o aluno está faltando seguidamente e o contato com a família não resolve, a equipe gestora do educandário insere o nome do aluno no Sistema Educacional da Rede de Proteção (Serp), integrado com o Conselho Tutelar e o Ministério Público. “Quando as providências são tomadas de imediato o resultado é bastante promissor. Por outro lado, se permitir que o aluno fique muito tempo fora da escola dificilmente ele retorna. Por isso, é importante a escola estar atenta quanto à ausência do estudante”, considera.

 

2022 de aulas presenciais e altas expectativas

O ano letivo de 2022 começa dia 07 de fevereiro e, conforme Guimarães, as expectativas estão bastante elevadas. “Com o avanço da vacinação, alunos e professores poderão retornar com aulas presenciais. Ainda assim, será um ano repleto de desafios, pois muitos alunos retornarão à escola depois de um ano ou mais sem estudar. Será necessário retomar conteúdo para saber como está a aprendizagem de cada aluno”, salienta, acrescentando que se espera que a retomada à normalidade na educação e em outros setores contribua para a diminuição da evasão escolar.

Questionado sobre a possibilidade de as aulas voltarem à modalidade remota, diante da alta nos casos de Covid-19, ele é enfático: “Hoje, a Secretaria de Educação não cogita essa possibilidade, mas sempre seguiu as orientações da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde). A pandemia não acabou e ainda é necessário muito cuidado, seguindo as orientações dos órgãos de saúde. As restrições devem continuar, conforme orientação, mas com o esquema vacinal adiantado para toda a população, esperamos um 2022 muito melhor do que os últimos dois anos”, prevê.

Ele diz que ainda é possível efetivar a matrícula de alunos da rede estadual para o ano letivo de 2022. “Os responsáveis de alunos podem fazer a matrícula sem sair de casa, basta acessar o link Matrículas On-Line (www.areadoaluno.seed.pr.gov.br)”, orienta.

 

“Afastamento do aluno da escola nos anos iniciais é muito prejudicial”, avalia secretário

As aulas na rede municipal de ensino de Marechal Cândido Rondon também começam no dia 07 de fevereiro. Segundo o secretário de Educação, Fernando Volpato, espera-se que os casos de evasão escolar diminuam, considerando a possível retomada econômica e os números da pandemia. “Desde agosto, a equipe da Secretaria de Educação rondonense tem realizado busca ativa de crianças em idade escolar, ou seja, a partir dos quatro anos, para retornarem às unidades de ensino o quanto antes. Tínhamos um número considerável de alunos que não estavam frequentando as salas de aula, mas conseguimos resolver a grande maioria dos casos devido ao trabalho integrado com a Secretaria de Saúde e com o Conselho Tutelar”, enaltece.

Ao O Presente, ele assegura que não há casos de desistência na rede municipal de ensino, isto é, desde crianças do Infantil 4 e 5 até estudantes do 1º ao 5º ano. O protocolo seguido diante de muitas faltas é similar ao da rede estadual: primeiro se aciona a família e, quando não há sucesso, a Secretaria Municipal de Educação busca junto à família o retorno do aluno à escola. “Se ainda assim não obtivermos sucesso, encaminhamos a situação ao Conselho Tutelar e, em última instância, ao Ministério Público”, pontua.

 

Sucesso na retomada

Volpato destaca que a evasão escolar é mais proeminente a partir do 6º ano e, portanto, envolve rede estadual e privada.

Nos casos de ausências frequentes do aluno na escola, ele assegura que a rede municipal tem um alto grau de sucesso na retomada. “São crianças de quatro a dez anos e os pais têm a responsabilidade quanto à sua educação, seja acadêmica ou social. Consequentemente, eles podem ser responsabilizados caso não cumpram com o seu papel, sendo um deles a frequência da criança na escola. As instituições educacionais estão atentas às ausências prolongadas e, caso isso ocorra, a equipe pedagógica entra em contato com a família, busca saber o motivo para solucionar a situação o mais rápido possível”, explica.

 

Conscientização

O secretário de Educação indica o fator econômico como principal causador da evasão escolar, uma vez que alunos deixam de frequentar a escola para trabalhar e ajudar na renda da família. “Temos desenvolvido um trabalho muito forte de conscientização nas escolas, enaltecendo que a educação auxilia o ingresso no mercado de trabalho. Nesse sentido, a rede estadual tem incorporado uma mudança curricular na qual espera-se preparar o aluno através de cursos técnicos. Dessa maneira, ao finalizar o Ensino Médio, o estudante está qualificado para o mercado”, expõe.

Volpato comenta que também tem aumentado a fiscalização junto às escolas e aos colégios através de mecanismos de controle de frequência, que possibilitam maior observação da evasão escolar.

Secretário de Educação, Fernando Volpato: “Tínhamos um número considerável de alunos que não estavam frequentando as salas de aula, mas conseguimos resolver a grande maioria dos casos devido ao trabalho integrado com a Secretaria de Saúde e com o Conselho Tutelar” (Foto: Divulgação)

 

Muito prejudicial ao aluno

O afastamento do aluno da escola nos anos iniciais é muito prejudicial, avalia o secretário, tendo em vista que esse é o período de aquisição de toda a base escolar e acadêmica, especialmente na alfabetização e na Matemática. “Estar afastado da escola nessas fases trará muitas dificuldades ao aluno no decorrer do tempo, principalmente nos anos finais (do Fundamental) e no Ensino Médio, pois se não dominar o básico, como leitura, interpretação, escrita e cálculos, o aluno terá muitas dificuldades para desenvolver as suas atividades”, salienta.

 

Agenda

De 02 a 04 de fevereiro, os professores da rede municipal estarão em semana pedagógica, em preparação ao ano letivo 2022. “Precisamos estar atentos à Covid-19, especialmente quanto às variantes que estão surgindo. Precisamos manter o hábito de utilizar máscaras, além de adotar os demais cuidados de higiene para evitar uma nova paralisação das atividades. Para que isso não aconteça, toda a comunidade precisa colaborar e se cuidar”, orienta Volpato.

Ontem (10) começou o atendimento da colônia de férias nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) Zilda Arns, Jardim Primavera e Pequeno Príncipe, que seguem até dia 28. O atendimento aos alunos nos demais CMEIs será retomado a partir do dia 07 de fevereiro. Já o atendimento administrativo nos CMEIs e nas escolas municipais retorna ao normal em 31 de janeiro.

 

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