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Geografia é o curso com mais vagas não ocupadas na Unioeste

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(Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

O número de vagas remanescentes nas universidades estaduais do Paraná aumentou 75% em 2021, segundo levantamento realizado pelo G1. As setes instituições de Ensino Superior estaduais, universidades de Londrina (UEL), de Maringá (UEM), de Ponta Grossa (UEPG), do Centro-Oeste (Unicentro), do Norte do Paraná (UENP), do Oeste do Paraná (Unioeste) e do Paraná (Unespar), acumularam o total de 3.212 vagas remanescentes neste ano, superando 2020, quando eram 1.832.

Na Unioeste, os campi de Cascavel, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Marechal Cândido Rondon e Toledo não preencheram 189 vagas ofertadas no vestibular e no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2021. “Não conseguimos fazer um comparativo com 2020, porque ainda não fizemos todas as chamadas. No ano passado, por fim, foram ocupadas todas as vagas. Neste ano ainda não tivemos a matrícula e não sabemos quantas chamadas serão necessárias. Também temos os demais processos seletivos que serão abertos agora”, declarou ao O Presente o reitor da universidade, Alexandre Webber.

A abertura de edital das vagas remanescentes deve acontecer nesta última semana de setembro, conforme previsões do reitor. “Sempre há uma sequência de processos após a matrícula para chamar interessados e neste ano estamos antecipando uma chamada antes das matrículas, porque já tivemos vagas não preenchidas entre candidatos do Sisu e vestibular”, ressalta.

Reitor da Unioeste, Alexandre Webber: “Existe um sombreamento de universidades com cursos similares próximos. Neste ano, a pandemia impactou, mas já se tinham alguns parâmetros anteriores que indicavam uma procura não tão acentuada” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

Cursos com mais vagas “ociosas”

Entre as graduações ofertadas em todos os campi da Unioeste, Geografia é a que possui mais vagas não ocupadas em 2021. “Os cursos com maior número de vagas não ocupadas no vestibular e Sisu 2021, por campus, são: Matemática, em Foz do Iguaçu, com 18 vagas sobrando dentre as 40 vagas ofertadas; Geografia, em Francisco Beltrão, que tem 80 vagas divididas entre licenciatura e bacharelado e registrou sobra de 24 vagas em cada um dos graus; no campus de Toledo sobraram 22 vagas em Engenharia de Pesca das 40 vagas ofertadas, mesma situação do curso noturno de licenciatura em Filosofia; em Marechal Rondon, por fim, o curso de Geografia oferece 40 vagas e sobraram 24”, detalha Webber.

O diretor-geral do campus rondonense, Davi Félix Schreiner, reforça que a expectativa é de que os classificados no vestibular ou Sisu ocupem o limite das vagas ofertadas. “Serão realizados novos processos seletivos para as vagas remanescentes, a partir de critérios já aprovados pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). Ou seja, o processo de ingresso não se limita ao vestibular ou Sisu. O objetivo é ocupar todas as vagas”, afirma.

 

Sombreamento de universidades

A queda na procura do Ensino Superior requer, segundo Webber, uma “rediscussão profunda e global” dos cursos de graduação e o local em que estão alocados. “Existe um sombreamento de universidades com cursos similares próximos. Neste ano, a pandemia impactou, mas já se tinham alguns parâmetros anteriores que indicavam uma procura não tão acentuada”, ressalta.

O dirigente da Unioeste ressalta que a sociedade passou por uma expansão do Ensino Superior, positiva, no seu ponto de vista, mas se faz necessária uma reprogramação das academias. “O cuidado com o sombreamento se refere a cursos próximos, em que você divide o público e os dois cursos ficam com poucos alunos. É preciso discutir ajustes, trocas e aberturas de novas graduações necessárias tanto pelos anseios da sociedade quanto pelo querer do jovem. Precisamos entender o que a juventude procura, porque aquilo que era uma busca no passado agora pode ter deixado de ser atrativo”, observa.

 

Atrair e manter

Webber aponta a pandemia como um dos fatores que ocasionou a não procura pelo Ensino Superior, com influências também do atraso no calendário. “A pandemia e a crise econômica abalam muito, principalmente em cursos com muitos alunos carentes. Contudo, este não é um problema só das universidades, houve evasão também no Ensino Médio e isso é preocupante. O país precisa olhar isso com clareza e criar políticas para atrair o jovem à universidade, fazê-lo se manter dentro do Ensino Superior”, sugere, acrescentando que a assistência estudantil é um dos meios para atingir esse objetivo.

Schreiner endossa as palavras do reitor e elenca a pandemia e o empobrecimento da população como fatores que interferem na ocupação de vagas no Ensino Superior. Segundo ele, esses impactos são vislumbrados para além da universidade pública brasileira. “O desemprego e a perda de renda são, como demostra uma recente pesquisa do Instituto Semesp, sobre a situação econômica atual das IES (instituições de Ensino Superior) privadas, os principais fatores que levaram à evasão no ensino privado. Ele perdeu, somando trancamentos, desistências, não rematrículas e os que deixaram de ingressar no 2º semestre de 2020, 423 mil estudantes”, exemplifica.

No entendimento do dirigente do campus rondonense da Unioeste, a pandemia ampliou os pontos que impossibilitam os alunos de permanecerem ou ingressarem nos cursos superiores, contra a sua vontade. “Não é uma mera questão de acesso à tecnologia. É preciso entender que no processo de ensino o computador e o ambiente onde ele está instalado não viram sala de aula. Alunos e professores não escolheram fazer isso, não estavam desenvolvendo o ensino desse modo. Tem-se aí, portanto, também o elemento da cultura”, analisa.

 

Deslocamento

Outro fator constatado no campus de Marechal Rondon é o perfil de alcance da universidade, que atende estudantes de cidades próximas e até de outros Estados. Schreiner diz que “cerca de 45% dos alunos do campus rondonense da Unioeste são oriundos de municípios vizinhos”. “Ao optarem pelo vestibular, os jovens calculam gastos com deslocamento e/ou moradia, alimentação, e o que isso impacta na sua renda. Isso faz com que, não raras vezes, deixem de se inscrever no processo seletivo para o ingresso”, expõe.

Diretor-geral do campus de Marechal Rondon da Unioeste, Davi Félix Schreiner: “O processo de ingresso não se limita ao vestibular ou Sisu. O objetivo é ocupar todas as vagas” (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

 

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