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Municípios Agronegócio

Maripá deve produzir em torno de oito mil toneladas de peixes em 2020

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Município conta com cerca de 102 piscicultores que trabalham em uma área de 145 hectares com lâminas d’água. Previsão é de que o crescimento seja de até 5% este ano na atividade que nesse momento se mostra mais rentável aos produtores independentes (Foto: Joni Lang/OP)

A exemplo de outros municípios da região, Maripá é reconhecido pela agricultura consolidada, principalmente soja e milho. Por outro lado, é destaque quando o assunto é piscicultura. Isso porque 145 hectares da “Cidade das Orquídeas”, como é conhecida, são ocupados por lâminas d’água que geram renda extra a cerca de 102 piscicultores que no ano de 2019 foram responsáveis pela produção de 8.005 toneladas de peixes, das quais 99% tilápias, o que gerou em torno de R$ 32 milhões.

A projeção para este ano é de aumento de até 5% na piscicultura, cuja atividade nesse momento se apresenta mais interessante aos produtores independentes.

Walter Klitzke é integrado, e está animado. Ele, que reside com a esposa, um dos filhos, nora e dois netos na propriedade de oito alqueires situada na Linha Estrada Gaúcha, é agricultor desde 1980 e mora nessa propriedade faz 20 anos, onde a maior área está reservada ao plantio, caso de milho safrinha e soja, uma pequena parte é utilizada para bovinocultura de leite e outra parte à piscicultura, atividade que ingressou há pouco tempo na área comercial.

“Desde que vim para essa propriedade tenho peixe para consumo, sendo que há quatro anos passei a trabalhar com piscicultura comercial, mas a atividade ficou parada um tempo na minha propriedade porque não tinha comprador. Quando a C.Vale construiu o frigorífico de peixes optei por mexer com isso também. Estou no primeiro lote, sendo que os peixes foram alojados em setembro. São em torno de 45 mil tilápias nos três tanques, que somam uma área de nove ou dez mil metros quadrados”, destaca ao O Presente.

 

Piscicultor Walter Klitzke: “Quando a C.Vale construiu o frigorífico de peixes optei por mexer com isso também. Estou no primeiro lote, sendo que os peixes foram alojados em setembro. São em torno de 45 mil tilápias nos três tanques, que somam uma área de nove ou dez mil metros quadrados” (Foto: Joni Lang/OP)

 

Klitzke salienta que a área total das três lâminas d’água e espaço livre é de 1,5 hectare, que antes não era utilizada por não ser considerada adequada ao plantio. Assim, o piscicultor e sua família transformaram um espaço antes ocioso em um ambiente propício para gerar renda em uma atividade já sinônimo de referência no município, todavia nova para eles.

O agricultor é associado à C.Vale há 35 anos e projeta vender as tilápias à cooperativa com sede na vizinha cidade de Palotina. Ele diz que para ter bom resultado na atividade é necessário muita dedicação. “Esse trabalho exige cuidado, precisa ficar atento, observar PH da água, temperatura. Tratamos os peixes com ração às 10 horas de dez a 15 minutos e na parte da tarde, às 14 ou 15 horas de novo de dez a 15 minutos. Para isso usamos o trator. A nossa programação é retirar os peixes nesse mês de julho, e a expectativa é positiva, podendo chegar a 40 toneladas”, menciona Klitzke.

 

REPRESENTATIVO

O técnico do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) – antiga Iapar e Emater -, engenheiro de pesca Éder Felipe Morschbacher, informa que pelo levantamento do IDR, prefeitura e Departamento de Economia Rural (Deral) de Toledo, órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a estimativa é de que 8.005 toneladas de peixes tenham sido produzidas em Maripá no ano passado, das quais em torno de 70% foram retiradas para comercialização por meio de piscicultores integrados às cooperativas. A outra parte, aponta o profissional, é de piscicultores com produção bem grande ou pequena e que não conseguem se associar devido ao tamanho da propriedade, que deve ter área mínima de cinco alqueires no caso da C.Vale.

“A integração talvez não proporciona o melhor retorno no ganho produtivo de peixe, mas toda produção das cooperativas contribui muito à arrecadação do município”, frisa Morschbacher

Ele comenta que os frigoríficos da região remuneram entre R$ 4,40 e R$ 4,70 o quilo do peixe, porém o peixe grande com peso acima de um quilo e que é distribuído a outras regiões do Brasil pode render até R$ 5,50 o quilo.

 

Técnico do IDR, engenheiro de pesca Éder Morschbacher: “O peixe suporta maior tempo no viveiro, sem maior perda por mortandade, desde que sejam fornecidas condições de vida no viveiro, como oxigênio e qualidade de água. Sendo assim, o produto pode ser comercializado quando for mais oportuno ao piscicultor” (Foto: Joni Lang/OP)

 

CENÁRIO ATUAL

Se dois meses atrás havia uma breve crise no setor devido aos reflexos da Covid-19, o engenheiro de pesca enfatiza que atualmente o cenário inverteu. “Vejo que falta peixe, pois os frigoríficos ligam direto precisando de peixe. Isso pode ser explicado porque em função do inverno antecipado há falta do produto porque o peixe cresce menos, reduzindo a produção. Todavia, na saída do verão é provável que ocorra sobra de peixe e aí sim o preço despenca, principalmente porque o consumo de peixe no Brasil é impactado por bares e restaurantes. O brasileiro não tem costume de levar peixe para casa, uma vez que o hábito é comer em bares e restaurantes”, observa.

Em relação ao desempenho, o técnico do IDR avalia que neste momento o produtor independente tende a ser melhor remunerado do que o integrado. “Na integração o produtor não consegue fazer muito essa programação de vender em um ano, pois a integração fornece todo pacote e dita algumas regras, como povoamento e despesca, então não é possível criar essa logística. Já o produtor independente consegue fazer mais ou menos essa programação desde que tenha venda e acerte com o comprador o peso médio que vai comercializar”, pontua.

Nesse momento em que se observa falta de peixe no mercado, Morschbacher salienta que o produtor independente é bem remunerado e consegue despescar peixe abaixo de 700 gramas se quiser. “O mercado do peixe é diferente de suíno e aves. O peixe suporta maior tempo no viveiro, sem maior perda por mortandade, desde que sejam fornecidas condições de vida no viveiro, como oxigênio e qualidade de água. Sendo assim, o produto pode ser comercializado quando for mais oportuno ao piscicultor”, expõe.

 

Klitzke utiliza o trator duas vezes ao dia para tratar as tilápias com ração (Foto: Joni Lang/OP)

 

CRESCIMENTO LENTO

O engenheiro de pesca diz que o município de Maripá não é muito extenso em unidade de área, com 28 mil hectares aproximadamente, além de não possuir grandes áreas de formação de várzea como observado nas cidades vizinhas de Palotina e Assis Chateaubriand, todavia, tem pontos com formação superficial de área, o que proporciona crescimento rápido das unidades possíveis de instalação de piscicultura. “Daqui para frente o crescimento deve ser lento nas áreas dos Rios Azul e Independente, que têm carga de produção muito elevada, quase acima da capacidade de suporte, então não conseguimos mais crescer nessas regiões. É possível aumentar na área do Rio 18 de Abril, mas também com área não muito grande, talvez até 10% se ainda conseguir”, detalha o técnico do ITR.

 

Além de ração duas vezes ao dia, atividade exige dedicação, cuidados com PH da água e temperatura (Foto: Joni Lang/OP)

 

O Presente

 

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