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Municípios Perdas de 30% em média

Milho safrinha: chuvas de junho trazem esperança às lavouras

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

O período de estiagem que perdura no Paraná reflete em diversos setores do agronegócio, mas talvez a agricultura seja a que mais sente os efeitos da escassez hídrica.

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a previsão é colher no Paraná 10,3 milhões de toneladas na safrinha. No ciclo 2019/2020, o volume ficou em 11,9 milhões de toneladas.

Na microrregião de Marechal Cândido Rondon, o milho safrinha está presente em 428 mil hectares e a produção, que estava estimada em 2,5 milhões de toneladas com produtividade de 5.880 quilos por hectare, já apresenta perda de 30% em relação à safra passada. Porém, essa estimativa pode ser reduzida ainda mais dependendo da região em virtude da desuniformidade e frequência das chuvas.

A diminuição se deve, sobretudo, à falta de regularidade de chuvas desde o ano passado e, especialmente, à ausência delas nos períodos mais críticos para o desenvolvimento das plantas. E apesar das precipitações registradas nas últimas semanas, as perdas no rendimento da produção são inevitáveis.

 

60 MILÍMETROS EM 70 DIAS

O agricultor rondonense Gilberto Luis Geisel tem uma área de 12 alqueires com milho segunda safra próximo ao distrito de Margarida. Segundo ele, o crescimento da planta foi comprometido pela ausência de água após o plantio. “Aqui choveu apenas cerca de 60 milímetros em 70 dias depois que plantamos, o ideal seria uns 300 milímetros”, comenta.

Geisel diz que a última safrinha também sofreu com a estiagem, mas ele acredita que as perdas neste ano serão ainda maiores, representando cerca de 50%. Mesmo com todas as dificuldades, o agricultor espera colher entre 120 e 130 sacas por alqueire. “Com toda a seca que tivemos, se colher isso está ótimo”, relata.

Segundo o agricultor, as chuvas registradas recentemente foram fundamentais para o prejuízo não ser ainda maior. “Se não fossem essas chuvas a situação seria trágica”, expõe.

Produtor rural Gilberto Luis Geisel: “Se vier geada antes do dia 15 de julho vai dar uma quebra maior ainda” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

QUALIDADE COMPROMETIDA

Outro agricultor que está preocupado com a produtividade da safrinha é o rondonense Edemar Lüdtke. Ele conta que realizou o plantio somente no fim de março e no início a planta se desenvolveu bem, mas em seguida a falta de chuva começou a afetar o crescimento e, recentemente, a formação dos grãos. “Quando tinha que aplicar ureia, por exemplo, não choveu e não desenvolveu como tinha que ser”, lamenta.

O milho plantado por Edemar é utilizado para alimentar o plantel de gado de leite existente na propriedade. Ele acredita que o baixo nível de chuva que ocorreu na região prejudicará o volume da silagem. “Com certeza não será uma silagem de primeira qualidade”, salienta.

Agricultor rondonense Edemar Lüdtke usa o milho safrinha para trato e prvê queda no volume da silagem em virtude da estiagem (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

DÉFICIT HÍDRICO

O engenheiro agrônomo José Barbosa Duarte Júnior lembra que, em função da estiagem ocorrida no ano passado durante o ciclo da soja, houve um atraso na semeadoura do milho este ano. “A melhor época de implantação que aconteceria na segunda quinzena de janeiro até a primeira quinzena de fevereiro não foi possível e atrasou na grande maioria das áreas”, destaca.

Ele explica que é importante a semeadura do milho safrinha na época certa para que o período de desenvolvimento da planta aconteça no momento que as chuvas ocorrem de forma mais satisfatória, que é no final do verão e início do outono.

De acordo com dados do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), em abril foi constatado déficit hídrico de 120 milímetros, o mesmo registrado em maio. Esse período seco foi um dos mais intensos dos últimos 23 anos. “Observamos um evento similar no ano passado, nesse mesmo período, e novamente este ano a mesma situação nos meses de abril e maio”, aponta Júnior.

Segundo o engenheiro agrônomo, o milho demanda em torno de 450 a 600 milímetros de água por ciclo da cultura e houve um déficit hídrico aproximado de 240 milímetros até agora, o que representa 50% da cultura.

O profissional explica que isso traz prejuízo para o milho safrinha, porque todo esse período que faltou chuva, tanto na fase reprodutiva quanto na fase vegetativa, é quando a cultura define características agronômicas que refletem na produtividade. “Dentre elas, a população e altura da planta, o número de espiga por planta e a quantidade de fileiras de grãos por espiga. Tudo isso é definido em estágios pontuais”, enaltece.

Engenheiro agrônomo José Barbosa Duarte Júnior: “Mesmo com a estiagem no ciclo do milho safrinha, acredita-se que não haja grandes alterações nos preços por conta disso” (Foto: Divulgação)

 

ÚLTIMAS CHUVAS

Estima-se que as chuvas registradas em abril foram de cerca de oito milímetros e a precipitação registrada em maio entre oito e 15 milímetros, sendo que em algumas regiões chegou a 20 milímetros, mas em ambas as situações foram mal distribuídas, o que deve representar perdas mais acentuadas em determinadas áreas.

No mês de junho as chuvas foram mais volumosas e, conforme o engenheiro agrônomo, contribuíram para o aumento da massa dos grãos. “Essas chuvas vão somar na ajuda para o enchimento do grã. Nesse aspecto, isso manterá o potencial de produtividade da cultura”, observa Júnior.

Para os produtores, os preços seguem altos. A estimativa é de que a saca de 60 quilos seja negociada entre R$ 88 e R$ 93 (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

GEADAS

Além de continuar na torcida para que as chuvas continuem caindo para auxiliar no aumento da massa dos grãos de milho, com a chegada do inverno a preocupação entre os produtores cresce com a possibilidade de geadas.

Os agricultores precisam torcer agora para que isso não castigue ainda mais as lavouras da safrinha, o que pode ser um problema para a maturação do milho.

 

CONDIÇÃO TÉRMICA

A condição térmica é um dos fatores fundamentais para o total desenvolvimento da planta e, segundo Júnior, as temperaturas mais elevadas são mais favoráveis para a cultura do milho. “Isso acelera o ciclo, porque o milho é uma planta termossensível, então ela acumula unidades calóricas e precisa dessas condições térmicas que são mais comuns no verão”, ressalta.

Chuvas ocorridas nos últimos dias aumentaram a umidade e ajudaram a diminuir as perdas de produção (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

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