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Municípios Oeste

Municípios aumentam participação na intermediação de mão de obra

Por meio da reestruturação das Agências do Trabalhador, mudança em políticas públicas e iniciativas para fomentar empresas, cidades do Oeste chegaram a ultrapassar a meta estabelecida para geração de empregos formais

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Foto: Mirely Weirich/OP

Uma análise dos números de 2015 a 2017 da Intermediação de Mão de Obra (IMO) dos municípios do Oeste do Paraná ligados ao escritório regional de Foz do Iguaçu da Secretaria de Estado da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos (Seju) mostra que a maioria dos municípios cumpre além da meta de intermediação de mão de obra estipulada para cada um deles. Isso significa que os trabalhadores foram formalizados no mercado de trabalho por meio de vagas captadas junto a empregadores, reduzindo o tempo de espera tanto para o trabalhador quanto para o empregador.

Em Marechal Cândido Rondon, que apenas nos três primeiros meses de 2018 já cumpriu 60% da meta de empregos formais estabelecidas para todo o ano, os resultados foram significativos na análise dos três últimos anos.

De acordo com o secretário de Indústria, Comércio e Turismo, Sérgio Marcucci, além de ampliar o número de atendimentos realizados na Agência do Trabalhador, que em 2015 eram 11,9 mil e em 2017 fecharam em 26.176 pessoas, o local foi reestruturado para que tivesse um trabalho mais efetivo tanto para as empresas quanto para quem busca uma colocação no mercado de trabalho. “A efetividade que a Agência do Trabalhador tinha para com os empregos gerados no município de Marechal Rondon era pífia. Em 2015, por exemplo, dos 7,5 mil empregos gerados no município, só 429 passaram pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine), então tínhamos apenas 5,66% de participação na intermediação de mão de obra formal do mercado local”, avalia, ressaltando que em 2016 a participação da Agência do Trabalhador nos empregos formais gerados caiu para 5,56%.

Frente à baixa eficácia do órgão, Marcucci expõe que no ano passado começou a ser realizado um trabalho que tornasse a agência mais efetiva e produtiva. Neste sentido, passaram a ser realizadas visitas em empresas do município, especialmente aos grandes comércios e indústrias, para apresentar o trabalho realizado no local. “Qualificamos também a Agência do Trabalhador, por meio dos profissionais que lá atuam, para moldar o perfil das pessoas que procuram emprego para que se encaixem nas vagas disponíveis e para que esse processo tenha efetividade”, explica.

O processo foi necessário porque, salienta ele, anteriormente ocorriam problemas no encaminhamento de candidatos para as vagas disponibilizadas pelas empresas. “Com essa mudança e a conversa com os empresários, começou a aumentar o número de inscritos, começou-se a abrir mais vagas, aumentaram os encaminhamentos e o trabalho da agência passou a ser realmente mais efetivo”, enaltece o secretário.

As portas da Agência do Trabalhador também foram abertas às empresas, para que façam o processo de seleção dos candidatos no local, com a estrutura à disposição de forma gratuita. “As empresas agendam um horário para ir à agência fazer as entrevistas e isso facilita especialmente para empresas que estão fora do perímetro urbano, já que a agência está no centro da cidade”, enfatiza Marcucci. “Nosso objetivo é fazer da Agência do Trabalhador a casa do emprego e o primeiro local que o trabalhador pense em ir para buscar a colocação no mercado de trabalho”, pontua.

 

Resultados

A resposta veio logo em 2017, ano em que as colocações dobraram. A meta para geração de empregos formais estabelecidas pela Seju para Marechal Rondon era de 689 empregos e o município alcançou 142% deste número, quase 50% a mais do que o estabelecido. “De 6,4 mil admissões com carteira assinada no município, a Agência do Trabalhador passou a ter participação direta em 15%, número que antes era 5%”, destaca Marcucci. “Em 2018, apenas de janeiro a março, a agência teve uma participação de 32% nas carteiras assinadas do município. Estes 32% já ultrapassam toda a participação da agência em 2017”, compara.

Ele enfatiza, ainda, que em 2018, até 31 de maio, já foram realizados 13.459 atendimentos e das 627 vagas abertas no Sine, foram encaminhadas 1.909 pessoas. Dos 1.283 empregos gerados no município nos três primeiros meses deste ano, 419 passaram pela Agência do Trabalhador. “Estamos preenchendo praticamente 70% das vagas disponibilizadas no Sine”, expõe.

Na avaliação de Marcucci, o setor em que há mais encaminhamento de trabalhadores é a indústria de transformação, seguido para o comércio varejista, prestação de serviços e indústria metalmecânica.

 

Meta duplicada

Santa Helena também obteve resultados expressivos na intermediação de mão de obra no comparativo entre 2016 e 2017. No primeiro ano, o município não chegou aos 100% da meta de colocar 474 pessoas no mercado de trabalho com carteira assinada. Já em 2017, no entanto, o número subiu 116%, quando o município alcançou 209% da meta de 339 trabalhadores a serem colocados.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Associativismo de Santa Helena, Lenecir Benacchio, uma das principais mudanças que possibilitou a geração de empregos no município foi a reestruturação de programas, como o Investe Santa Helena, que incentiva a aquisição de novos equipamentos, remodelação de fachadas, ampliação de ambientes e estruturas, desenvolvimento de novas atividades, melhoria da qualidade e tecnologia, produção de produtos, serviços fabricados ou desenvolvidos no município. “O município passou a subsidiar juros de empréstimos tomados junto a instituições financeiras credenciadas no valor máximo de R$ 1 milhão por beneficiado, respeitando as categorias de microempreendedor individual, profissionais liberais, micro empresas e empresas de pequeno porte, com até 30% do valor para capital de giro”, detalha.

Em três meses, ele comenta que os juros se esgotaram e foram contempladas 66 empresas e, no fim do mês passado, mais R$ 1 milhão foi liberado. “Bruto no mercado local entra cerca de R$ 3 a R$ 4 milhões e acreditamos que em 2018 serão mais 100 projetos contemplados”, informa.

Além disso, frisa Benacchio, outro projeto que em longo prazo trará resultados positivos para Santa Helena é a construção do frigorífico para abate e processamento de suínos. “O município está investindo R$ 32 milhões neste empreendimento que poderá trazer inicialmente 500 empregos diretos para nossa cidade”, declara.

Ele cita, ainda, que foram adotadas medidas no Porto Internacional do município, que somente em 2017 movimentou US$ 96 milhões em produtos agropecuários para a cadeia produtiva do Oeste paranaense. “Finalizamos a obra do Parque Industrial Argemiro Kozerski, que estava apenas 50% realizada, para a instalação de empresas poluentes que estavam no perímetro urbano. Esse processo também gerou emprego e renda para o nosso município, além da reativação de uma escola de costura que estava parada, onde compramos novas máquinas e modernizamos o espaço para atender o mercado de confecção com profissionais capacitados”, menciona.

Somente em 2018, o município já atendeu 39,23% da meta estipulada para o ano na geração de empregos formais. “Criamos um ambiente economicamente favorável no município e tudo isso fomentou a geração de empregos, mas sabemos que podemos ir mais longe”, pontua Benacchio.

 

Reestruturação

O fortalecimento da Agência do Trabalhador, com o remanejamento de funções para que o local tivesse um trabalho com maior efetividade, também foi motivo de melhores resultados para Pato Bragado, que em 2016 fechou o ano com apenas 4,81% da meta de empregos formais gerados e em 2017 chegou a 105%.

Segundo o secretário de Indústria, Comércio, Turismo e Desenvolvimento Econômico do município, Ageu Fidler, além da separação de algumas funções para o fortalecimento da agência, foi realizado um trabalho junto aos empresários para que mais vagas fossem abertas na própria Agência do Trabalhador. “A conversa diretamente com os empresários permitiu que nós compreendêssemos a necessidade deles e aumentássemos o número de intermediações, obtendo esse crescimento expressivo”, aponta.

O secretário diz que em 2016 a indústria local, assim como a nacional, passou por uma significativa crise e, tendo em vista que muitas indústrias do município vendem no mercado nacional, o número de contratações diminuiu. “Agora esse mercado está se recuperando e novas vagas estão sendo abertas, o que está passando pelo sistema da Agência do Trabalhador, tanto é que em 2018, até março, já estamos com 31% da meta alcançada”, destaca.

Fidler comenta que há uma dificuldade no município de preencher vagas para cargos que exigem qualificação técnica, motivo que levou a municipalidade a ofertar cursos profissionalizantes à população por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “Todos esses fatores agregados ao crescimento global do município resultam na melhora expressivas dos números”, avalia.

 

Queda na intermediação

Ao passo em que a meta de geração de empregos de Entre Rios do Oeste caiu de 86 para 62 postos de trabalho de 2015 para 2017, a intermediação de mão de obra no município também obteve resultados negativos.

Em 2018, o município estava em 138% da meta; em 2016, caiu para 111%; em 2017, fechou o ano em 95%. Em 2018, nos três primeiros meses a porcentagem é de apenas 8%.

O resultado, porém, é fruto da desestruturação da Agência do Trabalhador no município. Conforme o secretário de Indústria, Comércio, Turismo e Desenvolvimento Econômico, Adilson de Oliveira, a baixa significativa ocorreu pela falta de colaboradores para executar o trabalho na agência. “Desde 2017, tivemos uma grande rotatividade na agência, com dificuldade de colocação de dois profissionais para realizar o atendimento na parte da Carteira de Trabalho e outro na intermediação de mão de obra”, explica.

A partir de hoje (08), no entanto, um colaborador passara a atuar exclusivamente nesta função. “Há cerca de dois meses ele passou por um treinamento em Curitiba e, a partir de agora, se dedicará exclusivamente à intermediação de mão de obra”, anuncia o secretário.

Ele comenta que durante os meses em que a Agência do Trabalhador não esteve funcionando plenamente, o município realizava o atendimento a empresas e a pessoas que procuravam emprego, mas de forma informal. “E isso impactou significativamente nos números, porque esses cadastros não passaram pelo sistema do Sine devido à dificuldade de alocar um profissional no setor”, esclarece.

A parte disso, Oliveira enfatiza que neste período o município trabalhou para aumentar a geração de empregos em Entre Rios. Ele informa que nesta semana está entrando em processo licitatório uma incubadora industrial. “Estávamos projetando esta incubadora há cerca de nove meses e poderemos fortalecer quatro indústrias que estão começando agora e, sem dúvida, gerar mais empregos”, estima.

O secretário também pontua que há expectativas de tramitação de um projeto futuro para a instalação de um segundo Parque Industrial, a fim de atender a demanda de empresas que têm a intenção de instalar-se em Entre Rios do Oeste. “Já temos contato com empresas do setor de pré-moldados, por exemplo, que protocolaram o interesse em se instalarem aqui e que possibilitariam 60 empregos diretos, além de outras que poderiam se instalar no local gerando ainda mais vagas”, revela. “A administração está trabalhando para colocarmos de 100 a 120 empregados formais e diretos localmente, contudo, o resultado desse trabalho será visto em médio e longo prazo, neste ano e no próximo”, completa.

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