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Municípios Aumento da energia

Rendimento das atividades rurais tende a entrar em “xeque”

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Presidente do Sindicato Rural de Marechal Rondon, Valdemar Kaiser: “Sabemos que hoje as propriedades rurais têm um ganho bem menor do que tinham há cinco anos. O ganho está diminuindo e o custo de produção aumentando, o que é injusto” (Foto: O Presente)

 

Além da avicultura, da suinocultura e da produção de leite, a piscicultura também depende de energia para ser competitiva. O Paraná se destaca nacionalmente em todas essas atividades e, de acordo com o presidente do Sindicato Rural de Marechal Cândido Rondon, Valdemar Kaiser, acabar de uma hora para outra com o subsídio noturno iria abalar de sobremaneira a produção destes produtos.

Ele sustenta a afirmação lembrando que o Paraná é o maior produtor e exportador de carne de aves, o segundo de suínos e o segundo maior produtor de leite do país, produtos de grande peso no Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária e produzidos principalmente pela agricultura familiar. “Para o produtor rural a diferença é muito maior e bastante significativa, em especial para aqueles que trabalham com essas atividades. Ele (produtor) terá um custo de produção bem mais elevado e isso vai fazer muita diferença, fazendo com que o mesmo encontre outros meios para diminuir esses custos, o que é difícil, para então tentar conseguir se sobressair em sua propriedade”, relata, emendando: “Sabemos que hoje as propriedades rurais têm um ganho bem menor do que tinham há cinco anos. O ganho está diminuindo e o custo de produção aumentando, o que é injusto”.

Kaiser ressalta que hoje a propriedade rural é, na verdade, uma empresa rural movida a energia elétrica. “Desde resfriadores de leite e ordenhadeiras a granjas de suínos e aves utilizam energia elétrica”, diz.

Sem o benefício da tarifa rural noturna, ele concorda que muitas atividades se tornarão inviáveis, principalmente para os pequenos produtores. A situação preocupa, haja vista que em Marechal Rondon e na microrregião muitos são os produtores que utilizam o desconto. “Sem o desconto o produtor vai ter aumento de 50% nas despesas, no mínimo. Vai aumentar o custo de produção e com isso trazer sérios problemas”, comenta.

“A energia elétrica tem um impacto direto nos custos das mais diversas cadeias de produção animal. Impacta diretamente em resultados zootécnicos, na sanidade e na segurança dos alimentos”, salienta.

Além disso, o presidente do Sindicato Rural indica que com a tarifa especial o produtor pode investir em outros benefícios para sua propriedade produzir melhor. “Sem isso aumentará o custo e talvez ele tenha que deixar de cuidar de outros setores, correndo o risco de ter problemas até mesmo na área sanitária, devido à falta de dinheiro para fazer o giro dentro do seu negócio”, expõe.

Para Kaiser, o fim do benefício em março penalizaria ainda mais os produtores que já saíram de um ano difícil. “O produtor merece ter esse desconto. Normalmente quando o governo tem que tirar alguma coisa, sempre vai olhar para o produtor rural. É mais fácil ‘meter a mão’ no produtor e tirar dele do que de outros setores”, opina.

 

SOLUÇÕES E ALTERNATIVAS

Na visão de Kaiser, as tarifas de energia da área rural são altas, assim como na área urbana, por conta dos impostos embutidos na cobrança, que fazem a diferença e estão assustando muitas pessoas. “Talvez, com o tempo, abra margem, principalmente para os suinicultores de maior porte, de eles colocarem biodigestores e produzir a própria energia para suas propriedades. Como a situação está se encaminhando para esse setor, vejo que no futuro teremos muitos produtores produzindo sua própria energia. Com isso, cada produtor vai conseguir fazer o giro na sua propriedade e diminuir os custos”, explica.

Outra alternativa, de acordo o presidente do Sindicato Rural, é a implantação de captação de energia solar. “Nossa região tem condições para isso e, aos poucos, será implantada no meio rural como forma de diminuir os custos da energia elétrica”, acredita.

Mas, diante da atual conjuntura, Kaiser entende que o caminho mais imediato para alcançar alguma solução é trabalhar junto à Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). “Ela tem um bom relacionamento com o Governo do Estado e por ali vamos tentar acertar essa questão para ver se o governo reverte isso e dá um passo atrás, deixando o benefício para o produtor. Todos os sindicatos devem se reunir e trabalhar com a Faep”, analisa.

 

FAEP QUER RENOVAÇÃO

No dia 13 de novembro de 2018, a Faep encaminhou um ofício para a então governadora Cida Borghetti e ao presidente da Copel, Jonel Iurk, solicitando que fosse revista a decisão de encerrar o desconto. À época, Cida determinou no dia 20 de novembro a renovação por mais 12 meses do benefício.

Pelas regras que regem o funcionamento da Copel, no entanto, para a renovação entrar em prática é preciso uma decisão interna da própria empresa, já que possui capital misto (Poder Público e acionistas).

Em paralelo a isso, no dia 29 de novembro o presidente da Faep, Ágide Meneguette, solicitou apoio dos deputados estaduais para a aprovação de um projeto que autoriza o Poder Executivo a efetuar o pagamento às concessionárias de energia referente ao subsídio do programa. A proposta prevê a manutenção permanente do programa Tarifa Noturna.

A Copel não divulga o quanto em dinheiro representa a tarifa ao produtor. Um cálculo prevê que, neste ano, caso o desconto seja interrompido, os produtores tenham que desembolsar R$ 36,7 milhões a mais para quitar suas contas de luz.

Procurada pela reportagem, a Copel preferiu não se manifestar sobre o assunto.

 

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