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Esportes

Badminton vira febre em Marechal Rondon

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Velocidade, agilidade, reflexo e olhos bem ligados para não perder a peteca de vista. Este é o badminton, considerado o esporte de raquetes mais rápido do mundo, cujas petecas podem atingir até 400 quilômetros por hora. A modalidade também estimula a potência, uma vez que são feitos em média dois mil arremessos por jogo.

Mais do que isso, proporciona benefícios ao corpo e possibilita melhorias na disciplina, no comprometimento, na concentração e no trabalho em equipe. Por essas e outras, o badminton tem atraído muitos adeptos, inclusive em Marechal Cândido Rondon.

No município, a modalidade foi implantada inicialmente nas aulas de Educação Física de uma escola do interior, depois o projeto foi aberto no Colégio Estadual Paulo Freire e hoje está presente em mais instituições, com destaque para o Colégio Estadual Eron Domingues. O educandário, que é o maior em número de alunos em Marechal Rondon, conta com o projeto Eron Badminton há cerca de um ano e meio, sendo coordenado pelo professor de Educação Física Leandro Hermes. Há pouco tempo inclusive foi criada a Associação Rondonense de Badminton com o objetivo de disseminar ainda mais a modalidade esportiva.

Já diz o ditado, quem planta colhe, e o Eron Domingues já está colhendo bons frutos de um trabalho relativamente recente, iniciado em 2016. Quatro estudantes da instituição representaram Marechal Rondon na fase final dos Jogos Escolares do Paraná (JEPs), no fim de semana. São eles: Ana Luísa Bellé, Camila Petri, Gustavo Rotta e Ruan Kanitz, que se classificaram em 6º lugar no feminino e 9º lugar no masculino. Os atletas reconhecem o apoio da instituição em estimular o esporte, através do diretor Edson Stroparo.

 

Destaques

Apesar do pouco tempo de criação, aproximadamente 100 estudantes do colégio já aderiram ao projeto. Os treinos acontecem três vezes por semana exclusivamente para alunos e parte deles vem se destacando na modalidade, caso de Ruan Kanitz, de 17 anos, estudante do 2º ano do Ensino Médio. O jovem anteriormente praticava atletismo, modalidade pela qual chegou a disputar a fase macrorregional dos JEPs. Mas isso até ele conhecer o badminton, que foi um divisor de águas em sua vida.

Hoje em dia Ruan almeja se aperfeiçoar na modalidade, tornar-se atleta de alto nível e depois seguir carreira como técnico de badminton. “Depois de praticar a modalidade, percebi muitos benefícios, como melhora na disciplina, trabalho em equipe e a importância de definir objetivos”, diz o atleta, que treina há apenas oito meses e já auxilia nas aulas nos colégios Paulo Freire e Eron Domingues.

Gustavo Rotta, 15 anos, estudante do 2º ano do Ensino Médio, também é só elogios ao esporte. Inicialmente ele treinou badminton no Paulo Freire, até passar a praticar a modalidade no Eron Domingues, há cerca de um ano. O ex-atleta de handebol, que chegou a representar o município nos Jogos da Juventude do Paraná (Jojups), pretende atuar no badminton até os 25 anos e depois estudar e se tornar advogado.

Aluna do 9º ano do Ensino Fundamental, Camila Petri, 14 anos, conta que no começo o badminton não lhe chamava a atenção. Ela tinha pouco contato com o esporte, participando apenas das aulas de Educação Física. Agora, há um ano na modalidade, agradece pela oportunidade que tem recebido. “Depois que comecei a participar do projeto, melhorou a minha disposição, o estado físico e o foco. Penso em seguir como atleta por muitos anos e depois estudar Arquitetura”, menciona.

Ana Luísa Bellé, 14 anos, está há dois no badminton, o último deles no Eron Domingues. “Além de ser uma atividade esportiva, acho que ajuda na questão de disciplina, responsabilidade e objetivo. Penso em continuar treinando o máximo de tempo que puder e depois optar pela faculdade de Engenharia Ambiental”, declara a estudante do 8º ano do Ensino Fundamental.

 

Cunho educacional

De acordo com o idealizador do projeto e presidente da Associação Rondonense de Badminton, professor Leandro Hermes, até pouco tempo existiam ações isoladas no município, mas não de forma organizada, com apoios e parcerias fortes, o que, na opinião dele, faz grande diferença. “As ações fluem bem quando há parceiros que acreditam nas ideias”, enaltece, lembrando que os apoiadores da modalidade são a Secretaria de Esportes e Lazer, a SS Artes e a Rádio Difusora, além de diversos parceiros e interessados em colaborar.

“O cunho do nosso projeto é educacional, porque diante das tecnologias o jovem está se tornando mais sedentário e se movimentando cada vez menos. Enquanto profissionais da Educação Física, devemos combater isso, e a luta é cruel. Precisamos trazer algo inovador, que cative, e nesse sentido o badminton possui vantagens sobre qualquer esporte. Primeiro porque pode ser praticado a céu aberto no jardim de casa e em ambiente fechado quando se fala no âmbito profissional. Para competições, rendimento e visibilidade é importante uma estrutura com pequenas adequações, como é o caso do nosso colégio”, expõe.

Segundo ele, a modalidade está evoluindo a olhos vistos neste um ano de Eron Badminton. “Todas as pessoas que compraram a ideia continuam praticando e mais pessoas estão se somando ao projeto. Conquistamos vários adeptos no nosso colégio, que é muito grande. Somos cinco profissionais de Educação Física, então é natural que nem todos optem pelo badminton uma vez que há outras modalidades a serem exploradas, contudo o Eron Domingues atualmente tem como referência o badminton”, reforça Hermes, acrescentando que a modalidade está disseminando na região pela imposição física dos atletas, o que tende a trazer bons resultados em termos de desempenho.

 

Rendimento

O professor salienta que as principais valências esportivas observadas nos atletas estão no aumento da agilidade e da coordenação motora, no entanto há estudos informando que o esporte auxiliaria no tratamento do déficit de atenção. “Isso é profundo porque hoje um dos problemas enfrentados na educação é a hiperatividade dos alunos, o que está bastante acentuado nas escolas”, pontua.

O instrutor da modalidade informa que na fase final dos JEPs foi contatado com o presidente da Federação Paranaense de Badminton, que confirmou a realização de uma etapa da competição estadual no município, possibilitando que a associação expanda o esporte em Marechal Rondon.

“O projeto está rendendo bons frutos na instituição devido ao apoio recebido por parte do diretor do colégio, que encampou muito bem a proposta. Quanto ao destaque, essa parte fica por conta das vitórias dos nossos atletas. Quando conversávamos com eles e com os pais antes dos jogos, explicávamos que nunca tivemos nenhuma vitória no badminton, porém a determinação dos nossos atletas tornou possível conquistar 15 vitórias e resultados expressivos na fase final dos JEPs”, ressalta Hermes.

Os treinos no Eron Domingues são realizados com os alunos nas segundas, quartas e sextas-feiras, das 17h30 às 19 horas.  Já para a comunidade, o projeto está aberto nas segundas e sextas-feiras, a partir das 19 horas.

 

Desenvolver valores

O diretor do Eron Domingues, professor Edson Stroparo, enaltece que o badminton faz parte das diretrizes curriculares orientadas dentro da disciplina de Educação Física. “No início do ano passado, tivemos o Leandro Hermes chegando à nossa escola com essa novidade. Além de trabalhar a modalidade pouco conhecida, o professor ainda trouxe o projeto que visa atender os nossos alunos. A ideia foi muito bem aceita, tanto que o projeto acabou se estendendo a mais de 100 alunos, estando aberto à comunidade escolar e demais interessados”, diz.

Stroparo destaca que o projeto também se faz presente na sala de aula, por promover integração entre professores e alunos e desenvolver nos estudantes valores que a sociedade atual está carente, como a questão disciplinar, comprometimento, concentração e respeito. “Indiretamente o projeto traz reflexos muito positivos também para dentro da sala de aula. Ele faz com que o aluno tenha mais compromisso com a escola e consequentemente melhore o seu rendimento”, finaliza.

 

O que é?

Para jogar badminton é preciso ter uma raquete e uma peteca. É possível jogar sozinho ao rebater a peteca com uma raquete estilo mata mosca. O esporte também oferece a possibilidade de jogar individualmente ou em dupla (mista). O material é relativamente barato. Custa de R$ 30 a R$ 3 mil, geralmente encontrado na faixa de R$ 100.

A referência no Estado e no país é a cidade de Toledo, onde o esporte foi iniciado há cerca de dez anos. De lá para cá, o município colhe bons frutos. Um dos alunos, William Guimarães, tornou-se campeão Pan-Americano de Badminton.

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