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Coach: o que é e por que a procura por este profissional cresceu tanto

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Primeira pessoa a receber o certificado de Master Coach da Confederação Internacional de Coach (ICF) na América Latina, Eliana Dutra assistiu de camarote ao crescimento da profissão no Brasil. Atuando na área há mais de 18 anos à frente da Pro-Fit Coaching, a mudança que mais chama atenção é o nível de informação em relação ao trabalho de coaching.

“As empresas e profissionais de recursos humanos estão bem educadas em relação à profissão, não ficam escolhendo pelo preço. E antes coaching era para gente que tinha problemas, agora é para quem tem potencial de crescimento”, conta.

Essa maior educação anda de mãos dadas com a popularização da prática: segundo um levantamento da consultoria PwC, de 2009 a 2012, o número de coaches certificados no Brasil subiu de 350 para 1.100.

Foco na formação e certificação

Como ainda não é uma profissão regulamentada no Brasil, a formação de coaches passa por instituições nacionais que são certificadas por órgãos estrangeiros. Para atuar na área, o profissional precisa ter uma formação específica em coaching, que deverá ter uma carga horária alta, incluindo teoria e prática.

“Um bom curso de coaching vai ter uma formação de, pelo menos, 40 a 60 horas teóricas e mais 40 a 60 horas práticas”, explica Bia Nóbrega, psicóloga, pós-graduada em administração de empresas e coach associada a instituições como a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Associação Brasileira de Treinamento & Desenvolvimento (ABTD) e o ICF.

No caso do ICF, por exemplo, que conta mundialmente com mais de 30 mil membros, o mínimo exigido para conseguir a primeira certificação, de Coach Associado, são 60 horas de treinamento e 100 horas de experiência. O segundo nível de certificação da federação, de Coach Profissional, requer 125 horas de treinamento e 500 horas de prática. O nível mais alto de certificação acreditado pela ICF, o de Master Coach, exige o mínimo de 200 horas de formação e 2,5 mil horas de experiência. “Um bom coach, mesmo formado não vai parar de estudar”, garante Bia.

Professora universitária de desenvolvimento profissional e pessoal desde 2006, Luciane Botto sempre era recomendada a empresas por seus alunos, que acreditavam que ela se sairia bem como coach. Porém, sem uma formação específica, não se sentia preparada para assumir esse papel e recusava os trabalhos. Depois de dois anos, resolveu investir em cursos para se tornar coach – e não parou mais. “A cada curso realizado, fui agregando mais conteúdo para os treinamentos, aulas e também para o desenvolvimento de novas ferramentas para o coaching”, relata.

Mas o que faz, afinal, um coach?

“O coaching é um processo em que você provoca uma reflexão profunda no coachee para que ele encontre as próprias respostas”, explica Bia. Usando ferramentas e propondo muita reflexão, o acompanhamento do cliente leva, em média, dez sessões de uma hora ou uma hora e meia de duração.

O coach ajuda profissionais a melhorarem seu desempenho analisando comportamentos recorrentes e dando habilidades para que os próprios clientes possam identificar problemas a serem resolvidos. As sessões também podem ajudar no equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, sendo que no período de atendimento será traçado um plano de ação em relação às questões que o cliente busca solucionar.

Como escolher um coach

Somando o rápido crescimento à falta de regulamentação oficial, pode parecer difícil encontrar um profissional qualificado na hora de procurar esses serviços. “Estima-se que, entre 2010 e 2014, tenha havido um aumento de 300% no número de coaches. Isso é preocupante, pois não sabemos ao certo o nível, a qualidade, desses cursos que surgem por aí. Também não sabemos o quanto esses novos profissionais têm de preparo e experiência”, pondera Luciane.

 “Como a profissão não é regulamentada, algumas pessoas fazem um curso de coach, aprendem a teoria e começam a ensinar a teoria. É como se você aprendesse a nadar num livro e depois fosse ensinar as outras pessoas a nadar – mas você mesmo não sabe nadar”, exemplifica Eliana.

A dica dos profissionais para “separar o joio do trigo” é pesquisar: buscar indicações, não escolher o profissional apenas pelo preço, conhecer a sua formação e ter a certeza que o coach é certificado por uma instituição confiável – tanto Bianca quanto Bia destacam o ICF como a maior e mais reconhecida associação profissional. Também recomenda-se fazer uma breve “entrevista” com o coach, pro telefone ou pessoalmente, para avaliar se aquela pessoa é exatamente quem você está procurando. Nesse bate-papo, quem tem que dominar a conversa é o cliente.

 “O coaching foi bem se na hora que acaba a sessão eu me sinto bem comigo mesma. Se na hora que acaba a sessão, eu acho que o coach é maravilhoso, tem alguma coisa errada”, garante a CEO da Pro-Fit Coaching.

O valor cobrado varia bastante dependendo da região e do nível de credenciamento do coach: quanto mais credenciado e qualificado, mais alto é o custo da hora do profissional. Segundo a coach Bia Nóbrega, a média é de R$ 400 a R$ 500 por sessão para pessoas físicas e R$ 1 mil a R$ 1,5 mil para pessoas jurídicas.

Ela acrescenta que vale atentar, ainda, para a forma de pagamento do contrato: ou o cliente deve pagar as sessões individualmente ou, caso seja fechado um pacote, deve haver devolução proporcional do valor caso o cliente queira interromper o atendimento. Daí a importância de buscar profissionais filiados a instituições de renome. “Afinal, para qual é o órgão que eu vou reclamar se eu não gostar do trabalho? Se o profissional é associado [a alguma instituição], ele tem um código de ética a cumprir e o cliente tem a quem reclamar”, destaca Bia.

 

Objetivos de um coaching

A coach de desenvolvimento pessoal, carreira e liderança Luciane Botto lista os objetivos do coaching:

– Contribuir para o autoconhecimento, equilíbrio pessoal-profissional, mudança de padrões de comportamento e desenvolvimento de novas competências.

– Identificação de pontos fortes e fracos – competências a serem desenvolvidas para melhorar sua performance na vida e no trabalho.

– Contribuir para a reflexão e ação, de modo a obter uma maior satisfação pessoal e profissional, de acordo com seus reais anseios e metas.

– Utilização de ferramentas voltadas para análise dos papéis exercidos, prioridades, missão, valores, necessidades, e verificação do equilíbrio pessoal-profissional.

Com informações Gazeta do Povo

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