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Variedades

De diversão à profissão

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Sair de um emprego formal, com carteira de trabalho assinada e renda fixa, para viver do poker. Parece loucura, mas quando elencados os prós e os contras, unir um jogo que antes servia apenas como uma forma de diversão à sua única fonte de renda foi, e até hoje tem sido, uma boa opção para dois rondonenses – que não são os únicos que deram vida à famosa frase de Confúcio: “Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”.

Foi em 2008 que o rondonense Cristian Putzke conheceu o PokerStars, uma das maiores plataformas de poker on-line, contabilizando cerca de dois terços de todo o mercado. “Depois de um tempo eu e mais alguns amigos compramos uma maleta com as fichas e jogávamos em um bar da cidade, mas na época sem nenhum valor monetário envolvido, era só por diversão, pela adrenalina do jogo”, comenta.

De lá para cá, o rondonense passou a jogar, investir no esporte e estudar com mais afinco, já que, de acordo com ele, no poker é essencial que o jogador estude, pois a modalidade envolve habilidade, questões de matemática e estratégia. “E isso foi evoluindo até que em 2013 eu parei de trabalhar pela primeira vez para viver do poker. Em 2015 tive uma proposta boa para trabalhar, mas em abril do ano passado parei novamente”, ressalta.

O que Cristian colocou na balança não foi só o salário, mas também o fato de não ter chefe e não ter horário fixo para trabalhar. “O seu chefe é o seu bankroll numa sala on-line, é o seu capital investido no qual você trabalha. Você nunca aplica mais do que 1% do que você tem investido em um torneio”, explica. 

Neste um ano e meio desde que saiu de seu último emprego no setor de expedição de uma empresa de e-commerce, Cristian conta que o máximo que já ganhou em um mês, somando torneios on-line e ao vivo, foram R$ 8 mil. Porém, ele frisa que os altos ganhos não são constantes, pois já tiveram meses em que o saldo positivo foi de apenas R$ 500. “A média mensal que eu tiro vivendo do poker é de aproximadamente R$ 4 mil, mas é sempre variável, por isso é extremamente importante, para ser bem-sucedido no poker, você ter um bom planejamento financeiro”, alerta.

Dedicação

Já Antonio Cardoso, mais conhecido como Tony Nômade, começou a jogar no final da adolescência, mas era algo bastante amador, uma brincadeira. Quando veio morar em Marechal Rondon há cerca de sete anos, ele e alguns amigos que também praticavam a modalidade decidiram fazer um home game, quando montaram o primeiro clube de poker deles no município. “Mas isso com valores pequenos. Nós construímos nossas próprias mesas. Contudo, foi a partir disso que passei a estudar mais sobre a modalidade, jogar praticamente todo dia e ver que essa seria uma ótima fonte de renda”, diz.

Como já havia tido outras experiências profissionais, ele percebeu que, por meio da modalidade, poderia fazer o próprio horário de trabalho, sem investir tanto dinheiro e ter um retorno significativo. “Além do que, é uma forma muito alegre de trabalhar. O poker proporciona uma socialização muito grande. A maioria dos jogadores gosta de fazer amizades. Em uma sala de poker as pessoas sempre estão rindo, fazendo novos amigos e levando essas pessoas novas que conhecem para o resto de suas vidas. Essas foram algumas das coisas que me fizeram pensar no poker de uma forma profissional”, pontua Tony. 

Ele menciona que, diferente de Cristian, possui uma média de ganhos inferior por jogar menos vezes, todavia, nos últimos três anos, sua média mensal de ganhos fica entre R$ 1,6 mil e R$ 2,4 mil jogando de duas a três vezes por semana. “Em um mês já tirei R$ 7 mil, até hoje esse foi meu maior ganho. Mas a nossa media é muito grande, porque eu consegui esses R$ 7 mil jogando três vezes por semana”, cita.

Os bons resultados, entretanto, não foram conquistados do dia para a noite, já que ambos participam de torneios há muitos anos, assistem vídeos de jogadores mais experientes e buscam a teoria em livros e na internet. “Há muita estratégia por trás de cada jogada e é o estudo e essa prática que nos leva a ter resultados melhores”, destaca Tony. “Mas sabemos que há pessoas em Marechal Rondon que ganham até mais do que nós porque estão há mais tempo no ramo e se dedicaram mais no início”, complementa Cristian.

Confira a matéria completa na edição impressa desta sexta-feira (13).

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