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Engenheiro mecânico dá dicas de como economizar e melhorar o desempenho do veículo

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Com o preço da gasolina, etanol e do diesel subindo nas bombas para elevar a arrecadação do governo federal, não restam muitas alternativas ao consumidor a não ser deixar carros e motos na garagem e apostar nas bicicletas ou adotar medidas que melhorem o desempenho do veículo com foco na economia de combustível.

Para quem não quer abrir mão do conforto de se descolar sob as quatro rodas, mas também não quer ver grande parte do salário ir para o posto de combustíveis no fim do mês, o Jornal O Presente conversou com o engenheiro mecânico Eduardo Weirich, que listou os principais pontos aos quais os motoristas devem estar atentos para que o carro “beba” menos gasolina.

 

 Calibragem sempre em dia

“Quanto mais leve o veículo for para rodar, menos combustível ele vai gastar”, afirma Weirich. Manter os pneus sempre calibrados faz diferença para que o carro consuma menos combustível, pois, conforme explica o engenheiro mecânico, quando os pneus estão murchos, o atrito dinâmico, ou seja, para que o veículo role sob a estrada, tem um peso maior para o motor. “Pneu murcho tem mais peso e para você andar naquela velocidade que você está acostumado a andar precisa acelerar mais, então será maior o gasto de combustível”, explica.

Ele indica que os pneus sejam calibrados pelo menos a cada dez dias, mas se ao seguir essa agenda estritamente o motorista perceber que o pneu está murchando, pode haver algum defeito no bico ou no pneu que deve ser resolvido. “A calibragem corresponde até 80% a mais do que um alinhamento, que também se estiver muito fora dos rolamentos ao invés de rolar pelo asfalto vai se arrastando, freando, demandando de mais aceleração e consequentemente mais gasto de combustível”, expõe. 

 

De olho nas velas

Apesar de o manual do veículo ser o parâmetro para a troca das velas, o engenheiro mecânico menciona que o combustível encontrado na região tem uma qualidade inferior, sendo a causa dos principais problemas de consumo dos carros e podendo estragar as velas antes do tempo. “O manual não pode ser deixado de lado, é um parâmetro a ser seguido, mas se antes de chegar à quilometragem indicada para a troca das velas o motorista verificar que no carro começou cair o consumo, falhar, andar menos, pode ir para oficina e pedir para trocar as velas e verificar os bicos injetores”, orienta.

A função da vela é equiparada pelo profissional aos fogões de acendimento automático. A vela solta uma faísca que dentro do motor faz explodir a mistura de ar e combustível. Quanto mais explosão tiver, mais eficiente o carro e menos necessidade de combustível para rodar. Mas quanto menor a faísca da vela, parte da mistura explode e a outra parte vai embora pelo escapamento.

O filtro de ar, menciona Weirich, também é de extrema importância para o bom desempenho do motor. Ele explica que a mistura correta do motor tem certa quantidade de ar (oxigênio) e de combustível, chamada de mistura perfeita para a explosão em termos de economia. “Se o filtro de ar está obstruído, entra menos oxigênio e para compensar a energia que o condutor quer andar a mais é preciso acelerar mais, não ocorrendo a queima perfeita de combustível”, cita.

 

Quando trocar a marcha?

Trocar a marcha certa no momento certo também faz diferença no consumo de combustível do carro. Para descobrir, Weirich destaca que não adianta apenas ficar de olho na rotação. “Se eu estiver em uma subida na segunda e quando chegar em 2,5 mil rotações por minutos colocar na terceira o carro vai ‘apanhar’. Para eu compensar que o carro está fraco vou acelerar, e isso gasta mais combustível”, aponta.

O parâmetro correto, conforme o engenheiro mecânico, é quanto menos pisar no acelerador, melhor. “Viajando, em uma subida na quinta marcha, você percebe que precisa pisar na metade do acelerador para manter 80 quilômetros por hora, e de repente você passa para a quarta marcha, vai manter os 80 por hora com o pé um pouco mais para cima, esse é o cenário ideal”, diz.

Dentro da cidade, andar mais devagar, pisando menos no acelerador, também reduz o consumo de combustível do veículo. “Na Avenida Írio Welp, por exemplo, são cerca de 300 metros entre uma e outra rotatória. Para andar a 60 por hora nela neste trecho o condutor vai ter que pisar quase meio acelerador. Só essa pisada que ele deu para tirar o carro da inércia já gastou bastante combustível. Diferente de um que só encosta o pé e chega de uma rotatória a outra a 45, 50 por hora sem usar o acelerador, economizando combustível”, observa.

 

Média ideal

Para calcular o consumo do carro, é preciso tirar um pouquinho mais de dinheiro do bolso. Primeiro, diz Weirich, o carro deve estar em dia, calibrado, com as velas, filtro de ar e sistema de injeção eletrônica em dia. “No posto peça para encher o tanque até o automático da bomba, nunca para arredondar. Zere o odômetro e faça seu trajeto normal durante uma semana, sempre o mesmo motorista e o mesmo trajeto. Depois de uma semana, volte no mesmo posto e peça para encher até o automático da bomba novamente. Para calcular, pegue a quilometragem do odômetro e divida pela quantidade de litros que aparece na bomba”, explica.

Se durante a semana você rodou 250 quilômetros e quando foi completar novamente o tanque apareceu na bomba 25 litros, são dez quilômetros por litro. “O ideal é fazer testes em outros postos porque essa média varia por conta da qualidade do combustível”, frisa.

A variação de qualidade, de acordo com Weirich, não é pela famigerada “gasolina batizada” ou adulterada. Por conta de a nossa região estar há 600 quilômetros da refinaria, que fica em Araucária, e a maioria dos postos comprar de entrepostos da refinaria, pode haver mudanças na composição. “Existe a mistura de 27% de álcool na nossa gasolina e se essa variação cair ou subir já dá diferença na qualidade e consequentemente no rendimento do carro”, enfatiza.

 

Revisão do motorista

Weirich resume que existem três variáveis que estão ao alcance do motorista para economizar combustível. A primeira delas é a manutenção do carro, que envolve não apenas a calibragem dos pneus, mas também alinhamento, velas, filtro de ar e sistema de injeção eletrônica.

A segunda variável é o próprio motorista. “Estar sempre com o pé no fundo do acelerador, trocar de marcha errado, estar numa subida em quinta achando que vai economizar, mas está com o pé no fundo”, menciona. “Tem pessoas que aceleram para pegar o sinal vermelho. Elas veem a 100 metros de distância que o sinal está vermelho e vêm acelerando para chegar ao semáforo e frear porque ele está vermelho, sem pensar no tanto de combustível que o carro está gastando. Se eu sei que o sinal está vermelho, tiro o pé e deixo o carro ir”, comenta.

A terceira variável está na qualidade do combustível. Para isso, o engenheiro mecânico assinala que o motorista deve fazer testes. O mesmo condutor, com o mesmo veículo e no mesmo trajeto deve abastecer em locais diferentes e verificar a diferença de consumo do carro fazendo a média. 

 

Completa?

O engenheiro mecânico aponta que não faz diferença para o desempenho do veículo abastecer R$ 20, R$ 30, R$ 50 ou completar o tanque do veículo. “Andando com o tanque cheio estou levando mais peso, o que consome mais”, salienta.

Por outro lado, Weirich alerta que é muito ruim para o carro andar com o tanque sempre na reserva. Como a bomba de combustível é elétrica, com o carro sempre na reserva ela pode acabar puxando alguma sujeira do fundo do tanque e, como o que esfria o motorzinho elétrico é o próprio combustível, a bomba pode trabalhar sempre mais quente e queimar a bomba elétrica. “Quem anda sempre na reserva, mais cedo ou mais tarde vai queimar a bomba de combustível”, enaltece.

 

Etanol ou gasolina?

Para os carros flex, que funcionam tanto com gasolina quanto com etanol, é preciso fazer um cálculo para ver qual combustível vale a pena, já que nenhum carro é igual a outro. “De forma geral, carros movidos a álcool gastam 30% a mais em litragem de combustível do que se estivesse utilizando a gasolina, por isso o parâmetro é sempre 70% de eficiência para quem tem carro flex”, expõe o engenheiro mecânico. “Divide-se o valor mais barato (do etanol) pelo valor da gasolina e se essa conta ficar para cima de 70% vale à pena usar a gasolina, se ficar para baixo, o álcool é mais vantajoso”, diz Weirich.

 

Combustível dos Hermanos

Abastecer no Paraguai por conta do preço atrativo pode, em primeiro momento, parecer atrativo. Todavia, o engenheiro mecânico alerta que quem vai ao país vizinho apenas para encher o tanque com combustível mais barato pode acabar trocando gato por lebre. “Não podemos dizer que o combustível do Paraguai é bom ou ruim. Mas eles têm uma fórmula diferente do que os combustíveis brasileiros”, explica.

Weirich reforça que os carros brasileiros saem da fábrica preparados para rodar com o combustível brasileiro, que tem aquele percentual de 27% de álcool. Já o combustível paraguaio tem uma fórmula diferente, feita para os carros fabricados no Paraguai. “O carro não vai render e ele pode ‘grilar’, que é quando começa a bater pino, tem uma pré-ignição, o combustível começa a explodir antes da hora e isso pode até fundir o motor, então não é vantajoso”, conclui Weirich.

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