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Judô: exemplo de cidadania através do esporte

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O medalhista olímpico Carlos Honorato, que conquistou a prata para o Brasil nos Jogos Olímpicos disputados no ano 2000 em Sydney, na Austrália, esteve recentemente no município de Quatro Pontes, onde acompanhou o encerramento do primeiro ciclo do projeto Judô: construindo campeões, desenvolvido pela Associação e Judô Irineu Schmidtke. Honorato também visitou Marechal Cândido Rondon, onde abordou sobre a finalidade educacional do judô a um grupo de alunos do Colégio Estadual Paulo Freire.

Honorato destacou – por ocasião de sua visita – que a modalidade de judô foi criada com o objetivo de estimular a boa educação nos praticantes. “A gente leva a ferramenta educacional aos praticantes, mesmo porque a parte competitiva acontece naturalmente. Ensino as técnicas da arte marcial, que também é uma filosofia, assim como ensino os esportistas a serem respeitosos e que tenham bom rendimento na escola ou na faculdade”, menciona.

O esportista contou à reportagem de O Presente que iniciou no judô aos oito anos, isso 34 anos atrás, por iniciativa do seu pai, que já era atleta. “A ideia dos meus pais era que eu praticasse uma modalidade esportiva para dedicar o meu tempo a atividades positivas, pois o bairro onde morávamos estava começando a ficar violento. Eu vejo que deu muito certo para mim, tanto que para me estimular ainda mais até a minha mãe treinou judô”, diz. Ele destaca que não se trata de um esporte fácil e revela que foi tomando gosto aos poucos até se tornar alguém melhor na sociedade.

Com sua dedicação, Honorato conheceu vários países mundo afora com a participação em três Olimpíadas, faturou títulos paulistas e no país, um bronze no Campeonato Mundial e nos Jogos Pan-Americanos, sete títulos no Pan-Americano e quatro pelo Sul-

Americano. Atualmente trabalha como professor de judô em Santos (SP), com crianças de cinco anos que frequentam diversos colégios, além de jovens e adultos. “Você ter bom desempenho no esporte e representar o país é gratificante, contudo o mais importante é se tornar uma pessoa de bem. Hoje a questão está na contramão, pois os pais precisam implorar para que os filhos tenham bom comportamento, quando na verdade os filhos deveriam respeitar os pais de forma natural. Essa é a finalidade do judô: formar pessoas melhores”, frisa.

Novos caminhos

Entre inúmeros exemplos que podem ser citados, dois atletas que treinam na Associação Fujiyama, em Marechal Rondon, estão se destacando pelo comprometimento. Os jovens Felipe Endler Tavares do Nascimento, de 18 anos, e Éverton Sampaio, de 17 anos, têm conquistas no tatame, entretanto o ideal de ambos é preparar as crianças e jovens para o futuro.

Felipe pratica judô há dez anos, sete deles na Associação Fujiyama, sendo faixa preta e árbitro estadual. O rapaz é detentor de três medalhas de bronze no Paranaense, vice nos Jogos da Juventude do Paraná e vice nos Jogos Escolares da Juventude, mas ainda tem um grande sonho: se classificar para o Campeonato Brasileiro. Ele auxilia o professor Edilson Hobold nos treinamentos no Colégio Rui Barbosa e na Unioeste, este segundo com crianças carentes. “Como professor no projeto de extensão percebo existir carência no sentido dos pais incentivarem os seus filhos, pois mesmo sendo um projeto social há perda de alunos que às vezes migram para um projeto mais perto de casa e que não gera custo para comprar quimono, o que acaba prejudicando o esporte na cidade, porque fica sem a base de atletas”, comenta.

Segundo Felipe, a dificuldade é estruturar uma boa equipe de rendimento, todavia quem permanece se dedica para integrar a filosofia do judô. “Que é de uma pessoa que respeita as regras da sociedade. A gente trabalha iniciação ao esporte, com técnicas para dar a base se a criança quiser continuar. Uma das provas de que o judô molda o caráter ou contribui para formar bons cidadãos é que o candidato à faixa preta não pode ter passagem pela polícia. O judô é uma filosofia e ao mesmo tempo tem regras rígidas de conduta, por isso vem conquistando adeptos”, expõe o jovem.

Preparação

Éverton treina judô há quatro anos, desde quando sua família se mudou para Marechal Rondon. Graduado na faixa roxa, o esportista já disputou o Campeonato Regional Brasileiro no Rio Grande do Sul e ficou em 2º lugar no Campeonato Paranaense e também na Copa Paraná. “O meu principal sonho é me formar bacharel em Educação Física e me tornar professor de judô. Não foco muito na questão competitiva, pois gosto mais do treino, de dividir esse momento com as outras pessoas. É no treino que a gente compartilha essa emoção com quem é amigo”, avalia, acrescentando: “Toda atividade esportiva é interessante e desenvolve as pessoas na parte competitiva e educacional, mas entendo que o judô em especial é uma das modalidades que leva muito a sério a questão da filosofia e da disciplina. O judô foi criado para auxiliar os alunos que não tinham muita convivência social a ter um relacionamento melhor, por isso proporciona uma educação de boa qualidade e oferece uma visão de mundo melhor, de forma que o atleta saiba respeitar bastante o seu próximo, além da própria pessoa aprender a se conhecer e a se dominar. É uma boa referência que vem do esporte”, pontua o atleta.

Confira a matéria completa na edição impressa desta sexta-feira (06).

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