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Justiça determina reintegração de ex-funcionária de Itaipu demitida durante a ditadura militar

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Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) determinou que a secretária Sônia Lúcia Castanheira, de 71 anos, seja reintegrada ao quadro de funcionários da Usina de Itaipu, da qual foi demitida em fevereiro de 1977 acusada de terrorismo. Cabe recurso.

A decisão publicada na terça-feira (12) reforça o que já havia sido determinado em janeiro pela Justiça do Trabalho de Foz do Iguaçu, no oeste do estado, onde a ação foi iniciada em 2015.

Documentos que fazem parte do processo indicam que a secretária e o então marido, Dario Anibal Galindo – argentino naturalizado paraguaio -, que também trabalhou na binacional, foram perseguidos politicamente.

“Acredito na justiça divina. Agora, a justiça dos homens foi feita”, comemorou Sônia.

“Fui acusada de ser terrorista. Uma mentira. Na época da demissão, tive que sair da cidade com a minha família. Foi uma grande injustiça contra nós”, apontou.

 

Ameaça

Ela soube o motivo da demissão em 2012, quando a Lei da Anistia tornou públicos documentos da época até então mantidos em sigilo.

Um comunicado de 20 de maio de 1977 endereçado ao general João Figueiredo, ministro-chefe do Serviço Nacional de Informação (SNI), informa que “face às conclusões dos dados biográficos [de Dario e Sônia], procedidos pela Assessoria de Segurança desta Entidade, com relação aos antecedentes dos nominados, foram os mesmos demitidos de seus cargos em 17 de novembro de 1976 e 15 de fevereiro de 1977”.

Em um dos relatórios da agência central do SNI, Sônia é considerada um risco à segurança nacional e um elemento de “infiltração comunista”, já que ela havia sido detida em São Paulo em 1966 por participar de uma passeata estudantil e era esposa de Dario.

“Estava em uma festa quando recebi as 400 páginas de citações com o meu nome. Passei muito mal quando li toda aquela mentira. Não podia deixar que aquelas acusações ficassem como estavam. Eu amava o meu trabalho. Amava a vida que levava. E tudo acabou depois que fui demitida”, conta.

Um comunicado de 20 de maio de 1977 endereçado ao general João Figueiredo, ministro-chefe do Serviço Nacional de Informação (SNI), informa a demissão de Sônia e do marido, investigados internamente (Foto: Reprodução)

 

Reparação histórica

Para o advogado Daniel Godoy Júnior, que defende Sônia, além da dignidade, a decisão repara um erro histórico de um período de perseguição e morte a supostos contrários ao regime ditatorial.

“Esta é uma decisão histórica e que resgata a dignidade da senhora Castanheira, do ponto de vista pessoal, da sua história de vida e da sua família. Também é uma justiça que se faz em relação a ilegalidades cometidas em um período recente da história brasileira. Ações do estado e de empresas públicas ou privadas como esta não podem ser toleradas”, apontou.

A assessoria de imprensa da Hidrelétrica de Itaipu foi procurada, mas até a publicação desta reportagem ainda não haiva retornado para comentar a decisão.

 

Com informações G1/Paraná

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