Fale com a gente

Marechal Carreira na Aviação Civil

O piloto rondonense que cruza o céu do Oriente ao Ocidente

Publicado

em

Foto: Joni Lang/OP

O Presente

Com 20 anos de carreira bem distribuída em três companhias aéreas, respectivamente Varig, Ryanair e nos últimos anos uma empresa sediada nos Emirados Árabes Unidos, Christian Netzel não é apenas o primeiro, como permanece sendo o único rondonense a pilotar aviões de grande porte.

Durante recente visita a familiares em Marechal Cândido Rondon para um breve período de descanso, Netzel, que reside em Dubai atualmente, concedeu entrevista ao O Presente. À reportagem, ele falou da sua trajetória profissional, fatos inusitados e momentos marcantes.

O começo

Toda história de um profissional tem um começo, e no caso de Netzel, a paixão por aviões foi determinante para o início de sua carreira. “Ao concluir o Ensino Médio não sabia ao certo que rumo seguir, mas, considerando que sempre fui apaixonado por aviões, enxerguei no segmento da aviação civil uma oportunidade de trajetória profissional. Convenci meu pai (Edgar) a pagar o curso, pois descobri que sendo piloto não seria necessário servir às Forças Armadas, então utilizei a carteira de aviação para entrar como reservista”, conta.

Fases

O rondonense fez seus primeiros voos no aeroclube do Paraná, em Curitiba, onde se tornou piloto privado. “Gostei e achei que podia virar profissão, então fui para Belém Novo, no Rio Grande do Sul, onde o aeroclube era um dos melhores do Brasil. Foi lá que fiz piloto comercial, multimotor e voo por instrumento, somando 250 horas de voo, incluindo piloto privado, o que é praticamente nada. A partir daí as opções eram conhecer alguém que tivesse avião e que deixasse logar essas horas ou partir para uma das empresas grandes, pois naquela época existia um programa de cadete”, menciona.

Segundo ele, a primeira opção era na Viação Aérea Rio-Grandense (Varig), mas quando foi prestar prova surgiu a história de uma faculdade, o curso de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). “Esperei mais um ano, fiz a prova como um vestibular normal, cursei a faculdade e daí a Varig iria ou não me contratar. Eu acabei dando sorte de ser contratado, pilotei quatro anos o Boeing 727, devo ter feito umas duas mil horas com voos cargueiros, depois fui para o Boeing 737, que fazia mais linhas comerciais, e voei na ponte aérea, quando devo ter feito mais duas mil horas. Mais tarde fui para a escala internacional como copiloto de Boeing 777, no ano de 2004, tudo isso ainda no Brasil”, expõe, acrescentando que os Boeing 727 e 737 têm capacidade para até 180 pessoas, enquanto o Boeing 777 transporta em torno de 340 passageiros dependendo da dimensão da primeira classe e da classe executiva.

O piloto lembra que em meados de 2005 a Varig começou a ter prejuízos enormes e problemas com o governo, até fechar as portas. “Daí em diante fui para a Inglaterra como copiloto de Boeing 737 na Ryanair, empresa Irlandesa com sede na Inglaterra. Permaneci um ano até ir para os Emirados Árabes, ingressando como copiloto do Boeing 777, onde estou há pouco mais de dez anos, sendo que no quarto ano fui promovido a comandante (piloto) do Boeing 777”, detalha o rondonense, que mora em Dubai, cidade com aproximadamente 2,9 milhões de habitantes.

Dia a dia

Netzel diz que a maioria das empresas cria uma escala mensal para os pilotos, que é preparada de acordo com regras trabalhistas e levando em consideração o código do aeronauta, ou seja, o piloto voa um máximo de horas por mês e ao dia a depender do horário que iniciar a jornada. “Existem voos que começam às 02, às 09 horas e assim por diante. Dependendo do horário e da tripulação, você pode voar tantas horas, sendo que os voos muito longos têm dois pares de tripulantes, ou seja, dois comandantes e dois copilotos, sendo que nesses dias se consegue voar até 20 horas, com a possibilidade de descansar em uma parte reservada do avião”, explica.

O comandante menciona que tudo está relacionado com a distribuição dos voos por parte da companhia aérea, o que torna uma semana e um mês diferentes, além de haver possibilidade de decolar e retornar no mesmo dia em caso de destinos relativamente próximos. “Os voos dos Emirados Árabes à Costa Oeste dos Estados Unidos demoram 15 horas, então antes é preciso ter dois dias de folga, mais 48 horas de permanência no local e outros dois dias ao regressar. Na média tem uns dez dias de folga em casa que seriam para os fins de semana, enquanto nos outros dias você está à disposição da empresa”, relata.

Leia a entrevista completa na edição impressa do Jornal O Presente veiculada na sexta-feira (19).

Copyright © 2017 O Presente