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Marechal

Suspeita de carrapatos em capivaras do Lago traz preocupação a rondonenses

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Adoradas por seu estilo único, as capivaras que moram no Parque Ecológico Rodolfo Rieger, o Lago Municipal de Marechal Cândido Rondon, têm causado preocupação a alguns rondonenses por conta de visitantes que são velhos conhecidos dos roedores, mas que não deixam de ser indesejados até mesmo por elas.

O sinal de alerta se dá pela possibilidade de as mascotes rondonenses estarem servindo de hospedeiras a carrapatos, que poderiam trazer riscos a quem frequenta um dos espaços de lazer favoritos da cidade.

De acordo com o doutor Dauton Luiz Zulpo, professor de Doenças parasitárias do curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) de Toledo, os carrapatos que podem estar presentes nas capivaras são os mesmos encontrados em cavalos: Amblyomma cajennense, conhecido também como carrapato estrela. “Este é um carrapato comum tanto nas capivaras quanto nos equinos e, para esses hospedeiros principais, eles não causam muito problema”, diz.

Mesmo se alimentando do sangue das capivaras e dos cavalos e podendo transmitir algumas doenças, os roedores são resistentes às patologias causadas pelo carrapato, se adaptando e fortalecendo sua imunidade para combater os problemas. “A capivara é um animal bastante rústico então suporta muito bem a infecção pela bactéria”, complementa o professor.

Por outro lado, o carrapato estrela pode, sim, apresentar risco aos seres humanos. Encantados pelo charme dos roedores, muitos rondonenses costumam ir ao Lago Municipal para, entre os momentos de lazer, acompanhar as atividades das capivaras, interagindo com os animais, tirando selfies e alimentando-as.

A proximidade com as hospedeiras dos carrapatos, porém, pode ser perigosa caso não haja certos cuidados. “As pessoas podem ir ao parque e brincar com as capivaras, apenas devem tomar o cuidado de evitar que o carrapato entre em contato com a pele e faça uma picada”, alerta o médico veterinário.

 

Complicações

Quando um carrapato estrela contaminado entra em contato com um ser humano, o inseto pode transmitir diversas doenças, sendo a principal delas a febre maculosa, também chamada de febre do carrapato. “O grande problema é a manifestação dos sintomas, que geralmente começa após 14 dias da picada. Sendo assim, as pessoas às vezes até já se esqueceram do contato com o carrapato”, pontua Zulpo.

Geralmente, a febre maculosa é mais comum durante os meses de junho a outubro, pois é quando os carrapatos estão mais ativos. Entretanto, é necessário estar em contato com o carrapato entre seis a dez horas para contrair a doença.

Além da febre acima dos 39°C, os principais sintomas da doença são o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés. Além disso, é comum de a pessoa acometida apresentar dor de cabeça intensa, conjuntivite, náuseas e vômitos e dor muscular constante. “A doença é transmitida quando o carrapato, que está no animal ou no meio ambiente, pica o ser humano e transmite a bactéria Rickettsia rickettsii, presente na saliva. No momento que o carrapato suga o sangue, ele transmite a bactéria”, explica. “Porém, é importante considerar que a minoria dos carrapatos são infectados com essa bactéria na saliva e como não há relatos da doença na região e nem estudos com os carrapatos pode ser que estes carrapatos nem tenham a bactéria na saliva”, enfatiza o especialista.

 

Tratamento e prevenção

A febre maculosa tem cura, mas o tratamento deve ser iniciado com antibióticos específicos após o surgimento dos primeiros sintomas para evitar complicações graves. 

Zulpo menciona que em Marechal Rondon não há registros sobre casos de febre maculosa, no entanto, foi noticiado que, em 2015, uma estudante veio a óbito em Curitiba por conta da doença que foi diagnosticada apenas na autópsia, sendo o tratamento desenvolvido para dengue. “Na nossa região não temos relatos da doença, mas como temos o carrapato e os hospedeiros (equinos e capivaras) temos que tomar cuidado, fazendo a prevenção”, pontua.

Isso não significa, no entanto, que os rondonense devam deixar de frequentar o Lago Municipal nem de apreciar as mascotes, mas que façam a prevenção a fim de que o carrapato não afete nenhum ser humano. “Os carrapatos gostam de ambientes com bastante mato. A grama quando não está bem cortada é o ambiente ideal. No entanto, mesmo quando o gramado está bem cortado, é importante ter cuidado”, orienta o médico veterinário.

Confira a matéria completa na edição impressa desta terça-feira (05).

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