A curitibana Juliana Carina Mielke, de 23 anos, acabou desistindo da profissão porque não conseguiu um emprego na área. Ela contou que se formou no final de 2017 pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e que passou 2018 praticamente inteiro na tentativa de encontrar um emprego na área, mas não conseguiu.
Juliana disse que a frustração ocorreu porque, além de não encontrar oportunidades, ela também encontrou barreiras por não ter experiência profissional.
“Quando eu comecei a faculdade, em 2014, eu já imaginava que seria difícil conseguir emprego sem experiência, mas nem tanto”, conta.
Ela lembrou que mandava e entregava currículos praticamente todos os dias, pela internet e pessoalmente, mas que raramente recebia algum retorno. “Eu lembro de um dia que mandei 30 emails, mas apenas duas escolas chegaram a me responder, mas nada deu certo”, lembra.
Esse dia foi a gota d’água, segundo Juliana. “Aí eu vi que sem experiência, eu não ia conseguir nada mesmo, que não ia dar certo. Foi então que eu resolvi mudar de curso e decidi fazer letras”, conta.
“Foi muito decepcionante. Eu acho que é uma área que tem muito a contribuir com várias coisas no geral. E eu vi que é uma coisa que ninguém procura. E os que procuram, sempre dão um jeito de indicar alguém próximo ou alguém que realmente já esteja inserido na área, que tenha mestrado, por exemplo. Para quem está começando, é muito difícil. Não existe nem uma oportunidade para que a gente possa ter experiência”, desabafa a jovem.
Outra questão apontada pela jovem para a dificuldade do primeiro emprego para recém-formados é a desvalorização do profissional. “Quando as áreas não são muito técnicas, as pessoas acreditam que qualquer um pode fazer”, argumenta.
O curso de letras, segundo a curitibana, não é muito diferente do de ciências sociais. “As duas profissões acabam sendo parecidas porque as duas giram em torno da licenciatura e da pesquisa. Mas o curso de letras acaba tendo um espaço maior no mercado de trabalho”, disse.
A estratégia da Juliana em mudar de curso, em vez de insistir mais tempo na formação anterior, deu certo.
Alguns meses depois de começar o novo curso, ela conseguiu um estágio na área em uma casa de leituras no bairro Uberaba, em Curitiba. “Estou lá há seis meses e tenho muita esperança de ser contratada”, comemora a jovem.
Empresas querem flexibilidade
As empresas e o mercado de trabalho, em geral, exigem cada vez mais flexibilidade e mente aberta por parte dos funcionários, segundo o pesquisador em educação inclusiva, cognição e aprendizagem e desenvolvimento humano da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Paulo Ricardo Ross.
“As pessoas devem estar abertas a novas experiências, sem nenhuma frustração. O curso superior não pode ser um quesito que as exclua do mundo do trabalho. Ao contrário, elas precisam usar das suas experiências para ampliar a sua visão de mundo. Nós não nascemos prontos para nada, não estamos pré formatados para o mundo, não. E a tendência atual diz que todos teremos ao longo da vida de três a quatro profissões. Então, nós temos que estar preparados para aprender”, destaca.
Ross também ressalta também que “o aprendizado não está apenas em instituições formais, mas, sim, nas relações humanas. Todas as relações são educativas. No meu entendimento, isso reflete muito sobre o panorama de contratações atuais”.
Vagas abertas na Agência do Trabalhador
Nos últimos três meses, 183 vagas foram abertas em Curitiba e Região Metropolitana para candidatos com formação completa. Atualmente, 10 vagas estão disponíveis. As oportunidades são para:
- Analista de contabilidade (2)
- Auxiliar contábil (1)
- Comprador (1)
- Engenheiro Civil (1)
- Farmacêutico (2)
- Professor de História (1)
- Projetista de construção civil (1)
- Propagandista (1)
Com G1
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