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Paraná Ex-deputado federal

Dois anos após “mala”, Rocha Loures fica perto de sentença

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Foto: Luiz Xavier/Agência Câmara

Dois anos e quatro meses após ser flagrado e filmado pela Polícia Federal recebendo uma mala com R$ 500 mil em propina de um executivo do grupo JBS, o ex-deputado federal paranaense Rodrigo Rocha Loures ainda não foi julgado em primeira instância pela Justiça. Denunciado em junho de 2017 por corrupção passiva pelo Ministério Público Federal, o ex-parlamentar virou réu no processo que também envolve o ex-presidente Michel Temer (MDB). Desde o último dia 1º de agosto, o caso está pronto para receber a sentença da 15a Vara Criminal da Justiça Federal do DF, mas não há prazo para a decisão.

Em 28 de abril de 2017, Rocha Loures foi filmado pela PF recebendo a mala de dinheiro de Ricardo Saud em uma pizzaria de São Paulo. No vídeo, ele aparece carregando a mala até um táxi. Ele foi preso no dia 3 de junho, na operação Patmos, fase da Lava Jato deflagrada a partir de gravações de áudio feitas pelo empresário e sócio da JBS, Joesley Batista, em conversa com o então presidente da República, Michel Temer, de quem o ex-deputado tinha atuado como assessor.

Nas conversas, Temer indicou Rocha Loures como homem de confiança para receber propina, que segundo a denúncia da Procuradoria, seria paga pelo empresário em troca do favorecimento da JBS em negócios com o governo e empresas públicas. Além dos valores, o esquema envolveria outros pagamentos de valor semelhante ou superior. A propina, diz o procurador federal Carlos Henrique Martins Lima na denúncia, “constituiu o pagamento pelas intervenções do réu junto a organizações ligadas ao Estado e representou parte de um montante que poderia atingir o patamar de R$ 38 milhões”. O repasse teria como finalidade garantir ao conglomerado benefícios em uma questão com a Petrobras envolvendo preços de gás.

Segundo o MPF, a relação de Temer com Joesley Batista vinha de “de longa data”. Os dois interagiam diretamente, mas após a chegada de Temer à Presidência, Rocha Loures teria assumido a condição de intermediário. No dia 30 de junho de 2017, o ex-deputado foi solto por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, sob medidas restritivas, como recolhimento domiciliar e uso de tornozeleira eletrônica.

 

CONHECIMENTO 

Em novembro de 2018, o ex-parlamentar alegou em depoimento à Justiça Federal que recebeu a mala “sem saber qual era seu conteúdo”. Rocha Loures afirmou ainda que nunca abriu a mala, mas admitiu saber que havia conteúdo ilícito e disse que não queria recebê-la.

Em janeiro deste ano, o MPF pediu a condenação do paranaense, apontando que seu comportamento no episódio do repasse da mala indicou prévio conhecimento. Segundo a procuradoria, Loures “em nenhum momento esboça estranhamento ou questiona aquilo que poderia ser um mal entendido”.

 

MANOBRAS

A defesa do ex-deputado tentou ainda uma série de recursos protelatórios para adiar o julgamento. Em fevereiro deste ano, o juiz Rodrigo Parente Paiva, responsável pelo caso, registrou que apesar de intimado, Rocha Loures não apresentou as alegações finais de sua defesa. Em março, o ex-deputado trocou os advogados, levando a nova abertura de prazo. Em 28 de maio, o juiz novamente determinou a intimação do ex-deputado e deu prazo de mais 22 dias para a apresentação das alegações finais da defesa. A última movimentação do processo foi em 1º de agosto, quando o juiz registrou que após finalmente os advogados de Rocha Loures apresentarem suas alegações finais, o processo está “concluso para sentença”.

 

Com Bem Paraná 

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