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Paraná Operação Mustela

Gabinete, escritório e casa de Ademir Bier são alvo de operação; Gaeco explica investigação sobre fraude à fila do SUS

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Escritório do deputado Ademir Bier em Marechal Rondon foi alvo de busca e apreensão na manhã de hoje (10) (Divulgação)

 

O gabinete do deputado estadual Ademir Bier (PSD) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e endereços ligados a ele foram alvo de busca na manhã desta segunda-feira (10) em uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A ação mira um suposto esquema de propina entre médicos e empresários para furar a fila do Sistema Único de Saúde (SUS).

O Gaeco chegou à Alep por volta das 07 horas. Ao todo, são 44 mandados de busca e apreensão e 12 de prisão temporária em todo o Estado.

Quatro médicos e dois funcionários do Hospital São Lucas, em Campo Largo, na Região Metropolitana da Capital paranaense, foram presos, de acordo com o promotor do Gaeco, Hugo Corrêa Urbano.

Até a última atualização desta reportagem, não havia informações sobre o cumprimento dos demais mandados judiciais.

Lourival Aparecido Pavão que, conforme o Gaeco, era ex-assessor de Ratinho Junior (PSD), é um dos alvos de prisão.

Pavão ocupava o cargo de assessor de Ratinho Junior quando ele era deputado estadual, segundo o Gaeco. Pavão, ainda conforme o Gaeco, “parece ser um dos agentes mais envolvidos na intermediação e nos agendamentos preferenciais de consultas e cirurgias pelo SUS, mediante pagamento de quantias”.

No site da Transparência da Assembleia Legislativa consta que até agosto deste ano Pavão era funcionário comissionado da 1ª vice-presidência da Casa, ocupada pelo deputado Guto Silva (PSD). Guto Silva foi indicado por Ratinho Junior para assumir a chefia da Casa Civil em 2019. Antes, Pavão era comissionado da liderança do PSC.

Procuradas pela imprensa, a direção do hospital não comentou o caso e a defesa de Pavão não foi localizada.

Em um diálogo captado em outubro deste ano, de acordo com o Gaeco, Bier afirmava que iria fazer apenas “mais um pessoal doente” e que, depois pararia porque não havia surtido o efeito desejado.

Conforme os diálogos captados, Pavão passava o dia todo encaminhando pacientes, principalmente para o Hospital São Lucas. Ali, mediante pagamento de vantagem indevida, os pacientes eram atendidos com prioridade.

Segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), as prisões temporárias foram expedidas contra dois médicos, assessores, secretárias e intermediadores. Um desses intermediadores, de acordo o MP-PR, é um vereador de Bandeirantes, município do Norte pioneiro.

 

“Despachante”
Conforme o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, pessoas que precisavam de cirurgia ligavam para o assessor de Ademir Bier. Esse assessor atuava como “despachante”. Ele entrava em contato com médicos que cobravam propina para fazer o procedimento, afirma Batisti.

O deputado, ainda segundo o coordenador do Gaeco, se beneficiava politicamente, com votos, ao dar “carteiradas” com a influência que tinha. Ademir Bier não foi reeleito nas últimas eleições, portanto, o mandato do deputado acaba no fim deste ano.

O Gaeco chegou por volta das 06 horas ao escritório do deputado no centro de Marechal Cândido Rondon. A equipe do Gaeco permaneceu cerca de duas horas e meia no local e recolheu diversos documentos.

Depois, o Gaeco foi até o prédio onde mora o deputado em Rondon para cumprir outro mandado de busca e apreensão. Porém, Ademir Bier não se encontrava. Segundo funcionários, ele viajou na noite de domingo (09) para Curitiba.

Procurada pela reportagem de O Presente, a assessoria do deputado Ademir Bier disse que iria se inteirar dos acontecimentos e que mais tarde emitiria nota à imprensa.

 

“Mustela”
A ação foi batizada de “Mustela” em alusão ao gênero de mamíferos que inclui animais conhecidos como furões.

De acordo com o MP-PR, as investigações começaram há aproximadamente um ano e meio na Promotoria de Justiça de Campo Largo.

Pacientes conseguiram cirurgias ortopédicas por meio de vereadores que os encaminharam para o Hospital São Lucas e os orientaram ou exigiram certa quantia em dinheiro para o pagamento dos médicos ortopedistas que realizariam a cirurgia, conforme o MP-PR. Assim, o paciente era atendido prioritariamente, ou seja, sem aguardar na fila de espera do SUS.

A empresa Solumedi, em Curitiba, também foi alvo do Gaeco nesta manhã.

Inicialmente, havia sido dito que o Hospital Regional de Campo Largo era um dos alvos da operação mas, na verdade, é o Hospital São Lucas.

 

“Modus Operandi”
Confira o modo de operação dos agentes envolvidos no esquema, segundo o Gaeco:

O paciente, que não conseguia os procedimentos médicos por meio do SUS, procurava o agente público.

Então, o agente público entrava em contato com funcionários do hospital para agendamento de consultas e de procedimentos e encaminhava os pacientes.

Os funcionários dos hospitais agendavam consultas e procedimentos médicos dos pacientes indicados pelos agentes públicos, recebiam dinheiro e repassavam para os médicos.

Os médicos, mediante pagamento, colocavam os pacientes na lista de prioridades do SUS e realizavam consultas e procedimentos, recebendo dinheiro dos pacientes e do SUS.

De acordo com o MP-PR, foram colhidos indícios de que os suspeitos estavam profissionalizando as práticas investigadas por meio da Solumedi, que buscava facilitar o agendamento de consultas e procedimentos médicos no setor privado, que, depois, ao que tudo indica, eram realizados e custeados pelo SUS.

 

Cidades
Os mandados são cumpridos nas seguintes cidades:

Curitiba
Campo Largo (Região Metropolitana de Curitiba)
Marechal Cândido Rondon (oeste)
Almirante Tamandaré (Região Metropolitana de Curitiba)
Campina Grande do Sul (Região Metropolitana de Curitiba)
Telêmaco Borba (Campos Gerais)
Bandeirantes (norte pioneiro)
Campo Magro (Região Metropolitana de Curitiba)
Colombo (Região Metropolitana de Curitiba)
Siqueira Campos (norte pioneiro)

 

 

Com G1 e agências

 

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