Fale com a gente

Paraná 50 mil empregados

Grande empregador, vestuário abrange pequenas empresas a gigantes do mercado no Paraná

Publicado

em

(Foto: Ari Dias/ANPr)

O setor de confecções e vestuário é o segundo maior empregador na indústria de transformação paranaense. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de março de 2021, emprega mais de 50 mil pessoas, ficando atrás apenas do alimentício, que ocupa 198 mil pessoas. Responde, ainda, por 7,7% da força de trabalho, conforme dados da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). São 3.748 estabelecimentos do gênero no Estado, 98% deles de pequeno porte.

Este ramo tão importante da economia paranaense marca a retomada da série de reportagens do Feito no Paraná. O programa, lançado em 2020 e relançado em abril deste ano, tem como objetivo apresentar aos paranaenses o que é produzido no Estado, com o intuito de incentivar o consumo local, gerando emprego e renda. Todas as quartas-feiras a Agência de Notícias apresentará um segmento da economia e empresas que exemplificam o desempenho.

Uma das empresas de confecção que vem ganhando projeção nacional e internacional é a Artha. Com 13 anos de história, comandada pelo casal Christopher Nascimento e Mariana Bassetti, é especializada, atualmente, em vestidos de noiva.

O empreendimento surgiu como marca casual, mas adaptou seu portfólio. Hoje, oferece às noivas tudo que elas precisam, desde do vestido a acessórios, lingeries, trajes para o casamento civil ou para o chá de panela.

“Nosso planejamento estratégico sempre foi de não ser uma marca só de vestidos. É para a noiva, para que, quando ela nos procure, resolva completamente sua vida. Aproveitamos o começo da pandemia e desenvolvemos a linha de acessórios. E, com os adiamentos das cerimônias, também tiramos do papel o projeto da linha de lingeries”, conta Mariana.

A produção de cerca de 200 vestidos por ano, todos confeccionados de forma artesanal no próprio ateliê, atende mulheres de todo o País. Recentemente, para atender outros estados, a Artha abriu um showroom no Rio de Janeiro. São, ao todo, nove funcionários e dois contratados de forma indireta.

Nascimento explica que desenvolve uma coleção por ano, com cerca de dez vestidos. Tudo é vendido online e as noivas podem encomendar um igual ao lançado na coleção, com a possibilidade de customizá-lo ou, ainda, desenvolver um modelo exclusivo, partindo do zero.

A inovação e a exclusividade vêm rendendo fama. Em 2018, uma das peças da coleção foi o vestido de noiva mais “pinado” na rede social Pinterest. “O vestido viralizou e há sites chineses usando as nossas fotos para vender réplicas”, conta Mariana.

Mesmo com a pandemia e os adiamentos das festas, o movimento no ateliê se manteve estável. Como as peças são feitas de forma artesanal, é preciso encomendar os vestidos com, pelo menos, oito meses de antecedência.

Além de atender o mercado interno, a empresa envia vestidos para o Exterior. “Já cansamos de receber aqui clientes que conheceram nossa marca pela internet ou por amigas de outros estados. E elas ficam surpresas de saberem que os nossos vestidos são feitos em Curitiba”, afirma Mariana. Os outros produtos da marca são feitos em escala mais industrial.

 

GIGANTE

Outra marca de destaque internacional também tem origem paranaense. O Grupo Morena Rosa é de Cianorte, no Noroeste do Estado, conhecida como capital do vestuário. Hoje, a empresa tem cerca de 6 mil pontos de venda espalhados por 1,7 mil cidades brasileiras, e exporta suas confecções para 12 países.

O grupo tem cinco marcas. O carro-chefe é a Morena Rosa, que almeja se tornar a referência da moda brasileira para o mundo. Somam-se a ela Maria Valentina, Lebôh e Zinco, criadas internamente, e a Iódice, adquirida em 2019. A composição busca contemplar diferentes públicos, compondo um portfólio que também inclui lingeries, moda praia, moda fitness e acessórios.

Sua história de sucesso, no entanto, começou por necessidade. Em 1993, Marcos Franzato vendeu seu Monza para começar a empreender. Junto de sua esposa e dois cunhados, montou a empresa, produzindo e vendendo poucas peças por ano.

Em 1997, a empreitada teve sua primeira virada, partindo para um modelo de negócio seguido até hoje: a representação comercial.

“Até então, pouquíssimas empresas tinham um representante batendo mala e atendendo clientes do Brasil inteiro. Daí veio nossa essência. Até hoje, 70% dos nossos clientes estão em cidades com menos de 100 mil habitantes”, afirma Lucas Franzato, filho dos fundadores e presidente desde 2018. “Esse modelo foi um divisor de águas que nos trouxe amplitude, volume, capilaridade e penetração nas cidades menores”.

Com o tempo, o grupo se consolidou e se tornou conhecido nacionalmente com grandes campanhas publicitárias. Estrelando celebridades internacionais como Sarah Jessica Parker e Naomi Campbell, cresceu em visibilidade. “Com muita dedicação, criamos algo que é muito difícil no nosso ramo: ser ao mesmo tempo uma indústria de produção e uma grande marca”, acrescenta Franzato.

Hoje são cerca de 1,5 mil funcionários, com sede principal em Cianorte. Em 2016, a empresa expandiu seu negócio para o mercado digital e para o varejo. Isso é feito através de franquias focadas em grandes cidades e de um novo projeto de lojas multimarca premium para municípios com até 15 mil habitantes, que revendem apenas as marcas do grupo. A expectativa é chegar a 100 franquias até 2022 e 300 multimarcas premium até 2023.

“São dois movimentos transformadores que a gente quer fazer na empresa, se conectando ao digital. Hoje, temos 65 franquias, 20 delas abertas no ano passado, no meio da pandemia. Começamos a virar a chave para cidades médias e grandes, nas quais a gente não tinha penetração. Para a maioria das empresas, as grandes representam mais da metade das vendas. Para nós, 15%. Por isso, temos um grande caminho para trilhar nas capitais”, explica o presidente.

Até 2016, 95% do faturamento do grupo vinha do modelo de revendas. Em quatro anos, essa frente diminuiu para 65%, abrindo espaço para as franquias e e-commerce. Juntos, os dois passaram a representar 35% do faturamento, sendo 20% apenas no digital, impulsionado pela pandemia.

“Nossa expectativa é que em 2021 nosso faturamento seja maior ou linear ao de 2019, pré-pandemia. Retivemos empregos e não fechamos fábricas”, diz Lucas. “Nossa essência é fazer moda com o coração. São milhares de famílias que, através da Morena Rosa, conquistam suas vidas, e isso para nós é motivo de muito orgulho”.

 

TRADIÇÃO

Outro exemplo de produto local é a marca de roupas premium Lafort, de Curitiba. Empresa familiar, foi fundada em 1963 pelo pai de Irit Czerny, atual diretora criativa da marca. Com 250 empregados, a Lafort ganhou projeção nacional pelos tricôs diferenciados, mas hoje aposta em alfaiataria.

“Fazíamos a linha de tricô das maiores marcas premium do País. Mas há cerca de 12 anos resolvi investir apenas na nossa marca e não dividir essa expertise. Então fomentamos mais a alfaiataria, sem deixar os tricôs de lado”, conta.

Hoje, com uma produção de mais de 100 mil peças por ano, a Lafort está presente no Sul e Sudeste com lojas físicas, 140 parceiros multimarcas, além do e-commerce, que ganhou mais impulso com a pandemia. “Atualmente, somos uma das principais marcas no atacado neste nicho de mercado premium no Brasil”, afirma Irit.

Ela conta que há dez anos começou a levantar a bandeira de se ressaltar o produto feito localmente. Tanto é que todos os feitos pela empresa trazem na etiqueta a menção “Feito em Curitiba”. “Fomos pioneiros em ressaltar o produto local. Foi muito importante para mostrar a qualidade do que é feito localmente”, explica.

Assim como quase todas as empresas brasileiras, a Lafort foi pega de surpresa pela pandemia. No entanto, usou a adversidade para desenvolver um projeto com o intuito de ajudar a comunidade local e acabou sendo autora de um case de sucesso. “Logo no início da pandemia, estávamos com a nossa estrutura ociosa. A partir de uma reunião de diretoria, resolvemos usar os retalhos dos nossos tecidos para produzir máscaras e doar”, conta Irit.

O sucesso foi imediato e a procura pelas máscaras foi enorme. Assim, a Lafort passou a vender kits. “Começamos a comercializar tanto no Brasil que tivemos que montar uma unidade que só fabrica máscaras. Foi um case que salvou a empresa. Ajudamos muitas instituições e colocamos no mercado um produto de alta qualidade fazendo algo de bom neste período tão difícil”, arremata.

 

Com Agência de notícias do Paraná

Clique aqui e participe do nosso grupo no WhatsApp

Copyright © 2017 O Presente