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Paraná Setor fabril e de varejo

Indústria do Paraná vive apagão de matéria-prima durante a pandemia e preços sobem

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(Foto: Rodrigo Félix Leal/ANPr)

O isolamento social, a alta do dólar e o consumo das famílias que passaram a ficar mais tempo em casa ‘pegaram’ o empresário do setor fabril e do varejo de surpresa. E hoje faltam insumos para os segmentos têxtil, moveleiro, de embalagens e até da construção civil. E quando há no mercado, o preço está até 75% (caso de tubos de PVC) mais caro quando comparado aos patamares anterior ao início da pandemia.

A boa notícia é de que o mercado deve retomar a normalidade entre os meses de novembro e fevereiro, dependendo do segmento. Ao menos esse é o entendimento de João Arthur Mohr, gerente de Assuntos Estratégicos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). Já o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon), Rodrigo Assis, afirma que por conta destes aumentos, há obras que estão sendo conduzidas em ritmo mais lento a espera de uma acomodação dos preços.

Mohr explica que essa falta de insumos, tanto na indústria têxtil, quando da construção civil e moveleira, assim como nas demais, é resultado do desequilíbrio causado pelo fechamento do comércio, principalmente em abril e maio, que acabou cancelando os pedidos. “O comércio cancelou os pedidos junto a indústria, porque tiveram que fechar, e por sua vez a indústria cancelou o pedido de insumos”, explicou.

Com a retomada da atividade econômica, as encomendas canceladas se acumularam às novas encomendas e, por conta dessa demanda, associada ao desequilíbrio provocado pela ruptura da cadeia com o fechamento, o empresário está tendo dificuldades. No Paraná, segundo Mohr, os pedidos estão sendo honrados, mas em vários casos, os prazos estão maiores.

O setor da Construção Civil, segundo Rodrigo Assis, foi um dos que não parou, mantendo uma demanda constante impulsionada ainda pelo consumo doméstico, incrementado pelas pequenas reformas. “Os preços do aço, cimento, tijolo e cobre subiram bastante”, diz. De acordo com Assis, empresas de cimento e de aço, diante das incertezas desligaram os fornos e para religarem estes equipamentos não é assim tão rápido. “Religado esses fornos, os produtos poderão chegar ao mercado a partir de novembro”, afirma. Assis cita que o segmento apresentou altas entre 70% a 80% nos tubos de PVC, 40% nos tijolos, 30% no preço do cimento e entre 40% a 50% no preço do aço.

O setor têxtil não está muito diferente. Elizabete Ardigo, presidente do Sindicato da Indústria de Confecção de Apucarana e do Vale do Ivaí (Silvale), explica que o preço do algodão, a queda de 10% na produção nacional, a cotação do dólar e a pandemia mexeram com o mercado. Esse cenário provocou o aumento no preço do algodão, nos últimos dois meses em torno de 25%, e o do fio do algodão, no mesmo período, foi de algo em torno de 50%, segundo o presidente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit), Fernando Valente Pimentel.

Elizabete revela que por conta deste cenário, em que as empresas estão com dificuldade para a compra da matéria-prima muitas malharias não estão mais aceitando encomendas para este ano. Algumas sequer dão um prazo para a retomada diante deste cenário de incertezas.

O economista Lucas Dezordi, doutor em Desenvolvimento Econômico, e professor do curso de Economia da Universidade Positivo, explica que ‘essa paralisação’ em parte se deve a incertezas e a alta do dólar. “Quem trabalha com importação de insumos, está comprando menos a espera de um câmbio mais favorável”, conta.

 

CRISE DE ABASTECIMENTO ATINGE SETORES

Dados do Sindicato Interestadual das Indústrias Misturadoras, Envasilhadoras de Produtos Derivados de Petróleo (Simepetro), que representam o segmento de embalagens, revela que em agosto o preço do PVC (matéria-prima para o segmento) sofreu um aumento de 27,2% e redução de fornecimento na ordem de 20%. E, em setembro, houve nova alta de 25% nos preços e redução de fornecimento de 40%, “sem identificação de disponibilidade de fornecimento por outros potenciais fornecedores”.

Já os produtos de Pead (polietileno de alta densidade) e PP (polipropileno) registraram um aumento de 21,6%. “O cenário retratado deverá acarretar o aumento do preço das embalagens”, diz o Simepetro em nota dirigida aos seus associados. No documento, o Sindicato diz que uma nova crise de abastecimento tende a afetar o segmento de óleos lubrificantes acabados gerando uma crise de abastecimento de PVC e Pead-PP.

 

Com Bem Paraná

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