Fale com a gente

Paraná

Na hora certa

Publicado

em

 

Mirely Weirich/OP

De acordo com o Deral, 10% da área de milho encontra-se em fase de germinação e 90% em desenvolvimento vegetativo, enquanto que na soja 30% está em germinação e 70% em desenvolvimento vegetativo

 

Na última quinta-feira (13), os produtores do extremo Oeste paranaense receberam a primeira chuva significativa para as lavouras após o fim da semeadura da safra de verão. Apesar de não ter faltado a ajuda dos céus desde o fim de setembro, Edio Luiz Chapla, agricultor de Margarida, interior de Marechal Cândido Rondon, garante que os 52 milímetros registrados no distrito rondonense vieram a calhar. Essa foi a chuva mais significativa desde que terminamos o plantio, não estava faltando, mas estávamos esperando uma chuva boa como essa, afirma.

Considerada na medida, a chuvarada não chegou a causar, nas terras do produtor, problemas de alagamento dentro das bases largas que prejudicassem a emergência ou morte de plantas. Até agora o clima está colaborando bastante com o desenvolvimento da safra de verão. O milho foi plantado e poucos dias depois choveu, deixando a emergência mais uniforme, assim como a soja, destaca.

Embora a região tivesse registrado chuvas entre 30 e 40 milímetros há cerca de dez dias, o engenheiro agrônomo Edimar Oswald, expõe que a chuva da última semana era esperada há algum tempo, tendo em vista que marcou, pelo menos, entre 70 e 80 milímetros em boa parte da região. Em Marechal Cândido Rondon, foram registrados 75 milímetros. Ela foi excelente e muito importante para dar mais água ao subsolo, já que as últimas chuvas não foram em quantidade suficiente para isso. Com esses registros, nos próximos 14 dias teremos uma tranquilidade de água para a planta iniciar o seu desenvolvimento, explica o profissional.

Ele afirma que em áreas específicas é possível que tenha ocorrido o encharcamento de bacias, mas nada que possa ser registrado como problema no desenvolvimento das lavouras. Não foi uma chuva de grande intensidade porque ao longo dos dias foi bem distribuída, então não houve enxurradas que pudessem causar problemas de erosão, por exemplo, complementa Oswald.

Preocupação

De acordo com o Instituto Meteorológico do Paraná (Simepar), pancadas de chuvas no início desta semana para o extremo Oeste do Estado não estão descartadas, entretanto, conforme o meteorologista Lizandro Jacóbsen, a maior possibilidade é de que as precipitações mais intensas na região ocorram a partir de amanhã (19). Até lá, seriam chuvas muito isoladas em algumas cidades da região e, levando-se em consideração as altas temperaturas registradas, é possível que elas venham, sim, como temporal, podendo ser de intensidade, porém em locais isolados e não na região como um todo, afirma.

Jacóbsen explica que, passado o período de ação dos fenômenos El Niño, registrado no ano passado, e La Niña, que atuou neste inverno, a região encontra-se em um período de neutralidade. Apesar disso, no Paraná a primavera é quando voltamos a ter chuva no Estado, então daqui para frente, com a chegada do verão principalmente, voltaremos a ter aquelas pancadas mais frequentes no período da tarde, diz.

Apesar de registros em Palotina e Cascavel, lavouras mais próximas a Marechal Cândido Rondon não receberam chuvas acompanhadas de granizo. Contudo, tanto o meteorologista quanto Oswald ressaltam que esta é uma possibilidade e também uma preocupação. Quanto mais quente maior a chance de ocorrer chuva de granizo. Alta temperatura com a entrada de umidade é uma condição favorável a esse fenômeno, que é típico da primavera, destaca o profissional do Simepar.

Ele ressalta, contudo, que o fenômeno é ainda mais isolado que as chuvas intensas, mas que podem, sim, atingir algumas lavouras, o que representa preocupação aos agricultores. O granizo neste momento seria muito danoso porque esta é uma fase extremamente sensível para a planta. Nesta fase de emergência qualquer granizo que ocorrer deixa a lavoura sujeita à perda total e a um replante, destaca o engenheiro agrônomo.

De acordo com Oswald, quando a soja atinge certo estágio ela passa a ser mais tolerante e conquista uma capacidade maior de recuperação. A partir do terceiro trifólio, ou seja, do terceiro par de folhas da soja, por si só ela se recupera mais facilmente, mas nesta fase de emergência, está extremamente sensível ao granizo, pontua.

Apesar de ainda estarmos em tempo de plantio, um replante neste momento não representa apenas prejuízo de perda das sementes, mas também da melhor época de plantio. Para nós, um plantio agora seria tardio ao que estamos acostumados, prejudicando uma segunda safra, diz.

Para o especialista, daqui para frente as lavouras demandam de chuvas na casa dos 20 a 30 milímetros em intervalos de uma semana a 15 dias. Já na medida em que chega-se mais próximo a fase reprodutiva, em meados de novembro, a quantidade precisa ser maior, pois o consumo de água e o calor aumentam, completa.

 

Plantio antecipado

Ocupando o lugar mais alto do pódio em nível nacional entre as primeiras regiões a finalizar o plantio da safra de verão, o Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab), já considera que 100% das lavouras do Oeste do Estado estão semeadas.

Segundo Oswald, historicamente o plantio antecipado na região beneficia a semeadura da segunda safra dentro de um período mais adequado: entre o fim de janeiro e 20 de fevereiro, desde que o produtor obedeça ao zoneamento agrícola, que estabelece o plantio a partir do dia 21 de setembro. Alguns até optam iniciar ao fim do vazio sanitário, no dia 16 de setembro, mas aqueles que financiam precisam obedecer a data do dia 21 de setembro, afirma. Podemos considerar esse o período mais seguro para se plantar a segunda safra na questão de evitar especialmente a geada, já que no fim de junho é comum que o fenômeno ocorra e quem planta mais cedo tem uma grande chance de não perder a lavoura, complementa.

O agricultor de Margarida, que garante ter as melhores expectativas possíveis para esta safra, foi um dos produtores que optou pela semeadura antecipada. Nos 34 alqueires de milho e 36 de soja que planta em condomínio junto a outros três irmãos, o plantio foi finalizado no dia 27 de setembro. Foi até um pouco antes do planejado. Nossa intenção era terminar no dia 03 ou 04 de outubro, que era mais adequado para uma das variedades que escolhemos, porém outra variedade permitiu o plantio antecipado e finalizamos antes, menciona Chapla.

Para ele, com o bom plantio e a boa emergência tanto da soja quanto do milho, além da colaboração do clima, a tendência é que a safra de verão também finalize boa. Agora é só esperar para que o clima continue positivo e seguir à risca os tratos culturais de acordo com as indicações da assistência técnica, conclui.

Desenvolvimento da safra

De acordo com informações do Deral, já está finalizada a semeadura da soja em 470 hectares da região e em 12,7 mil hectares de área com milho. A expectativa de produção da oleaginosa para esta safra é de 1.692.100 milhão de tonelada, enquanto que o milho deve chegar a 121.920 mil toneladas. Atualmente, 10% da área de milho encontra-se em fase de germinação e 90% em desenvolvimento vegetativo, enquanto que na soja 30% estão em germinação e 70% em desenvolvimento vegetativo. O desenvolvimento das lavouras é considerado normal, contudo, registramos o estande das plantas de maneira pouco desuniforme em função do clima, já que tivemos registros de temperaturas baixas há poucos dias. Porém, com as temperaturas mais elevadas daqui para frente o estande deve dar uma uniformizada, afirma o técnico do Deral, Paulo Oliva.

Ele informa que, assim como o El Niño trouxe prejuízos às lavouras, o fenômeno La Niña também pode atuar na safra de verão e trazer malefícios aos agricultores devido aos períodos de estiagem prolongados e as chuvas desuniformes. Esperamos que este fenômeno atue com baixa intensidade, entretanto, a projeção é que o clima tende a não ser tão favorável as culturas de verão, afirma Oliva.

Copyright © 2017 O Presente