Paraná Patamar alarmante
No Paraná, seis de cada dez carteiras de cigarro são ilegais
Os cigarros ilegais atingiram um patamar alarmante em 2018. De acordo com levantamento feito pelo Ibope, cerca de 59% de todos cigarros que circulam no Paraná são contrabandeados, oriundos do Paraguai. Esse volume equivale a cerca de R$ 292 milhões que os cofres públicos do Estado deixaram de arrecadar em ICMS.
A pesquisa indica também que, pela primeira vez desde 2011, a evasão de impostos no País que deixam de ser recolhidos em função do mercado ilegal de cigarros (R$ 11,5 bilhões) será maior do que a arrecadação (R$ 11,4 bilhões). O valor que deixa de ser arrecadado é 1,6 vez superior ao orçamento da Polícia Federal para o ano e poderia ser revertido para a construção de 121 mil casas populares ou 6 mil creches.
De 2015 a 2018, o mercado ilegal desse produto no Estado cresceu 10% em volume – atingindo 4 bilhões de unidades de cigarros – e 8 pontos percentuais em participação de mercado.
De acordo com estimativas da indústria, 70% do aumento do mercado ilegal de cigarros, entre 2014 e 2017, concentraram-se em dez municípios: Curitiba, Paranaguá, Londrina, São José dos Pinhais, Maringá, Pinhais, Colombo, Araucária, Guarapuava e Cascavel.
Crime organizado
Dominado por quadrilhas de criminosos, o contrabando de cigarros é fonte de financiamento para outros crimes, como tráfico de drogas, armas e munições. Em 2018, as duas marcas mais vendidas no Brasil foram contrabandeadas do Paraguai: Eight (15% de participação de mercado) e Gift (12%).
A marca contrabandeada mais popular no Paraná é a Classic, com 34% de market share.
A pesquisa ainda aponta que, considerando todo o País, o mercado ilegal de cigarros atingiu um patamar inédito. Em 2018, de acordo com levantamento do instituto, 54% de todos os cigarros vendidos no País são ilegais, um crescimento de seis pontos percentuais em relação ao ano anterior. Desse total, 50% foram contrabandeados do Paraguai e 5% foram produzidos por empresas que operam irregularmente no País.
Incentivo
O principal estímulo a esse crescimento é a enorme diferença tributária sobre o cigarro praticada nos dois países. O Brasil cobra em média 71% de impostos sobre o cigarro produzido legalmente no País, chegando a 90% em alguns estados, enquanto no Paraguai as taxas são de apenas 18%, a mais baixa da América Latina.
“Essa é uma luta muito dura e que deve envolver a coordenação de esforços de autoridades governamentais, forças policiais e de repressão, consumidores, indústria e, claro, das entidades que lutam para a redução do tabagismo no País. Somente dessa forma vamos conseguir combater a concorrência desleal e promover uma melhoria do ambiente de negócios no País com melhoria de renda, emprego, saúde pública e segurança para todos os brasileiros” acredita Edson Vismona, presidente do Etco (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial).
O levantamento foi realizado em 208 municípios de todo o País, por meio de entrevistas presenciais e com recolhimento dos maços de forma a garantir a precisão da informação. Foram ouvidos 8.266 consumidores entre 18 e 64 anos.
Com O Paraná