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Paraná Foco na regionalização

“O Paraná continua em alerta”, afirma secretário estadual de Saúde

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Secretário estadual de Saúde, Beto Preto: “Quando lançamos o projeto de leitos específicos para o enfrentamento da Covid-19, desenhamos de imediato 317 leitos. Hoje já temos mais de 560 leitos instalados, prontos, em todas as regiões do Paraná, e podemos chegar a 1,2 mil” (Foto: Divulgação)

O combate e o enfrentamento ao novo coronavírus no Paraná estão focados na ampliação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e na regionalização do atendimento. A afirmação é do secretário estadual de Saúde, Beto Preto. “É uma estratégia que sempre esteve no planejamento do Estado no setor. Nossa linha de ação é a regionalização. Por um lado, a vinda do coronavírus também antecipou esta lógica, que já vínhamos colocando em prática. Com isso, optamos por ampliar o número de leitos nas estruturas existentes, colocando para rodar hospitais que estavam parados, que nunca atenderam um paciente”, declarou Preto em entrevista exclusiva à Associação dos Jornais Diários do Interior do Paraná (ADI/PR).
Segundo ele, enquanto não houver a redução da curva de casos confirmados, não será possível flexibilizar o retorno das atividades. “Diariamente monitoramos este cenário e, sem sombra de dúvida, quando a curva sinalizar para uma queda, o governo vai viabilizar o retorno gradativo das atividades”, ressalta. Confira a entrevista.

 

ADI/PR: Qual a avaliação que o senhor faz dos 60 dias desde o início da pandemia no Paraná?

Beto Preto (BP): O Paraná, antes mesmo de termos o primeiro caso confirmado, já havia instituído o Centro de Operações Especiais (COE) para traçar estratégias no enfrentamento da Covid-19. Somos um dos primeiros Estados a lançar mão deste instrumento. A partir daí, também preparamos um cronograma de ações que nos colocam hoje numa situação um pouco mais equilibrada do que outras localidades.

ADI/PR: E quais seriam estas ações?

BP: A estrutura hospitalar do Paraná é robusta. Nossa estratégia, sob orientação do governador Ratinho Junior, era colocar as unidades para funcionar. Nossa linha de ação no governo é justamente a regionalização. Por um lado, a vinda do coronavírus antecipou esta lógica, que já vínhamos colocando em prática. Com isso, optamos por ampliar o número de leitos nas estruturas existentes, colocando para rodar hospitais que estavam parados, que nunca atenderam um paciente, como é o caso do Regional de Telêmaco Borba, e antecipamos as obras como os de Ivaiporã e Guarapuava, previstas para finalizar o ano que vem. Todo este incremento também acontece nos quatro hospitais universitários (Londrina, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa), ofertando mais leitos de UTI. Esta estratégia deixa um legado para a rede de saúde do Paraná.


ADI/PR: Hospitais de campanha não estão na pauta do governo?

BP: Não. Pelo menos neste momento não estamos trabalhando com esse planejamento. Como disse, nossa lógica é outra: aprimorar aquilo que temos, ampliando leitos na rede, com um custo muito menor e uma efetividade muito maior. Todas as decisões são feitas na estrita legalidade. E isso passa pela ação coordenada, já com o mapeamento das necessidades e da própria oportunidade de reforçarmos as estruturas. Quando lançamos o projeto de leitos específicos para o enfrentamento da Covid-19, desenhamos de imediato 317 leitos. Hoje já temos mais de 560 leitos instalados, prontos, em todas as regiões do Paraná, e podemos chegar a 1,2 mil.


ADI/PR: Em relação ao número de casos? Como o senhor avalia a realidade do Estado?
BP:
Temos no Paraná hoje uma situação equilibrada e continuamos em alerta. Não temos como dizer que estamos confortáveis, porque já tivemos mortes, e cada uma delas é um ente querido que se foi, uma família que chora a sua ausência, uma comunidade enlutada. Mas conseguimos, ao mesmo tempo, com planejamento e estratégia clara, segurar o avanço da doença. Veja, o Paraná tem uma ampla divisa com São Paulo, que é o epicentro da pandemia. Temos também divisa com Santa Catarina, onde há um grande número de casos. Fizemos bloqueios epidemiológicos nas estradas, verificando e monitorando o trânsito das pessoas. Isso tudo nos ajudou a chegar aqui com um cenário menos dramático que outras localidades.

ADI/PR: A população entendeu a mensagem?

BP: Sim, os paranaenses estão sendo muito colaborativos neste sentido. O isolamento domiciliar e o distanciamento social ainda são os nossos únicos aliados, porque não temos vacina, não temos medicamento para o combate ao coronavírus. Claro que o governador Ratinho está sensível ao que estamos vivendo. Sabemos que a atividade econômica está sofrendo, que a educação também foi paralisada, enfim, muitos setores estão dando sua contribuição e fazendo sacrifícios. Mas neste momento, enquanto não tivermos a redução da curva, ainda não podemos flexibilizar o retorno. Diariamente monitoramos este cenário e, sem sombra de dúvida, quando a curva sinalizar para uma queda, o governo vai viabilizar o retorno gradativo das atividades.

ADI/PR: Como bloquear a evolução do vírus, além destas medidas que o senhor mencionou?

BP: Fazendo testes na população para traçarmos o perfil epidemiológico. Testar em quantidade. Nisso temos que citar o excelente trabalho feito pelo nosso Laboratório Central do Estado (Lacen). Passamos de 200 testes processados ao dia para mais de 600, do padrão RT-PCR, que é considerado o padrão ouro. Além disso, em parceria com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), juntamente com o Tecpar, estamos ampliando para mais de cinco mil testes ao dia. Ou seja, tudo isso nos coloca numa posição de enfrentamento da epidemia com muita assertividade.

ADI/PR: Outra situação que o Estado vem enfrentando é a dengue. Qual é o panorama?

BP: Estamos vivendo talvez a maior epidemia de dengue que o Paraná já teve. Mas temos que dizer que estamos diante de um novo sorotipo do vírus, que é o sorotipo 2. E os paranaenses não têm imunidade ainda. E isso fez com que o número de casos se elevasse. Essa falta de imunidade adquirida também nos coloca neste cenário mais crítico. Apenas a remoção do criadouro do mosquito é a forma de evitar a sua proliferação. Quero relatar experiências exitosas nesse enfrentamento. Nos municípios de Quinta do Sol, Nova Cantu e Florestópolis fizemos um grande trabalho, que baixou drasticamente os índices, numa ação integrada da Sesa com as equipes locais de saúde, num grande trabalho de remoção mecânica dos focos e dos criadouros. Neste período da pandemia, também fica a nossa orientação para que não descuidem da dengue e que verifiquem se há acúmulo de água em casa.

 

Por ADI-PR


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