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Paraná Cenário Hídrico

Paraná registra chuvas abaixo da média desde 2018, diz Inpe

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(Foto: Geraldo Bubniak/AEN)

O Paraná registra chuvas abaixo da média desde 2018, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Para a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), a situação da estiagem se agravou somente em 2020.

“Há um ano, em julho, agosto, as nossas reservas estavam acima de 80, 90%. Até dezembro, estava em um ano mediano de estiagem. O que aconteceu, o que foi além do previsto, foi a partir de fevereiro, março e abril”, disse Julio Gonchorosky, diretor-presidente da Sanepar.

Para Marcelo Seluchi, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a pior estiagem registrada no estado é reflexo de ações do passado.

“O grande destaque dessa seca não é tanto a sua intensidade, ou seja, quanto choveu abaixo da média em um determinado período, e sim a sua duração. Ela é intensa e prolongada”, explicou.
A série de reportagens “A Gota d’Água” – uma parceria do G1 com o Boa Noite Paraná – aborda a maior seca registrada na história do estado e as consequências para a população e o meio ambiente.

 

DESAFIO DO DESABASTECIMENTO

Em agosto deste ano, choveu quase o dobro do esperado para o mês inteiro. Em nove dias, foram 131 milímetros, mas esse número só representou um aumento de 5% no nível da água dos reservatórios da região que mais sofre com a estiagem.

O rodízio da distribuição de água em Curitiba e Região Metropolitana, que começou em março e, depois, ficou mais rígido – com um dia e meio de corte e um dia e meio com água na torneira – afeta a vida de 1,2 milhão de pessoas por dia.

 

A ESTIAGEM DENTRO DE CASA

Roseli Aparecida Magalhães, que mora em Campo Magro, afirma que aguenta com dificuldades essa falta d’água.

“A gente compra água mineral para tomar, para cozinhar, e esperar a água voltar. A gente apela para os lenços umedecidos, ‘banhinho’ de caneca e assim vai. Muito revoltante. Como que a gente vai viver sem água?”, relatou a moradora.

Ela e a família tiveram que apertar o orçamento para conseguir comprar um caixa d’água de 500 litros. “A gente ficou por anos e anos sofrendo. Só tinha água quando vinha da rua e quando a gente guardava nos baldes”, disse.

 

CAMINHO DA ÁGUA

Em Curitiba e região, o abastecimento de água é feito por quatro grandes reservatórios: Passaúna, Iraí, Piraquara I e Piraquara II – que juntos estão com menos de 35% da capacidade.

Os quatro são interligados. A água sai dos rios que nascem na Serra do Mar, que dependem de preservação ambiental e de chuva em abundância.

Em algumas regiões, ao lado de um dos rios mais importantes do estado, o Rio Iguaçu – que nasce na Região Metropolitana de Curitiba – há casas e muito lixo.

Atalíbio Cross, uma vez por semana, passa recolhendo recicláveis para vender. Ele tira o sustento da ignorância daqueles que desprezam a natureza.

“Dói porque hoje eu abri a minha torneira e não tinha água. Minha esposa não consegue fazer o serviço porque não tem água, nem um banho direito a gente pode tomar. Passar na frente do rio quando a gente está reciclando, catando, e ver a situação que está, é triste”, comentou ele.

 

SECA DOS RIOS

O Rio Iguaçu é monitorado há quase 90 anos e, neste ano, em União da Vitória, na região sul do Paraná, ficou com o menor nível da história – 1,29 metro.

Em maio, a vazão era de 46 m³/s, enquanto o normal é de dez vezes mais: 480 m³/s.

O mesmo aconteceu em outras bacias do Paraná, como a do Rio Tibagi. Conforme especialistas, além de torcer pela chuva, também é necessária a conservação dos rios.

“Se não continuar tendo chuvas dentro da média esperada e concomitante com a redução do consumo, esse problema pode persistir durante muito tempo. Quanto mais próxima a bacia estiver da conservação, do estado natural dela, melhor ela vai garantir a produção de água para populações que se encontram dependendo dessa geração”, comenta Arlan Scortegagna Almeida, engenheiro sanitarista e ambiental do Simepar.

 

Com G1

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