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Paraná vai alcançar novo patamar na cadeia de carnes com reconhecimento sanitário

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Secretário estadual de Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara: “Quando suspendemos uma técnica de manejo como a vacina temos que ampliar o esforço de vigilância sanitária. E fazemos isso em nome dos negócios. Serve para quem produz 50 litros de leite, quem produz um lote de frango, quem produz suíno, peixe” (Foto: Jonathan Campos/AEN)

O Paraná recebeu nesta semana o parecer favorável do comitê técnico da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e deu mais um passo para o reconhecimento internacional como área livre de febre aftosa sem vacinação, que acontecerá em maio. Essa foi a penúltima etapa de um processo de controle sanitário iniciado há 50 anos e que permitirá um salto na produção e comercialização da cadeia de carnes.

O último foco de aftosa no Paraná foi em 2006 e, desde então, o Governo do Estado trabalha para aumentar o controle sanitário. A vacinação nos rebanhos de bovinos e bubalinos contra a febre aftosa foi interrompida em 31 de outubro de 2019 e deu lugar a um amplo trabalho de cadastramento. O reconhecimento nacional como Área Livre pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento aconteceu em agosto de 2020.

Nos últimos anos também foi realizado um extenso inquérito epidemiológico com coletas de amostras do sangue de quase dez mil animais em 330 propriedades rurais, provando que o vírus já não circula no Paraná. Também há um esforço redobrado de vigilância nos 33 postos da Adapar, nas barreiras comuns com Santa Catarina e nas zonas de fronteira com Paraguai e Argentina.

Esse trabalho se confunde com a própria trajetória de vida profissional do secretário estadual de Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Nessa entrevista, ele fala sobre a nova conquista, o patamar que o Paraná pode alcançar e a necessidade de cuidados diários por parte dos produtores. Ele também cita a chancela da OIE para que o Paraná seja uma zona livre de peste suína clássica independente. Confira.

 

 Há quanto tempo o Paraná se organiza para esse momento?

Norberto Ortigara (NO): Que eu me lembre, brincando, começamos a vacinar depois que paramos de passar querosene no chifre dos bois, no final dos anos 1960. São mais de 50 anos articulando campanhas para eliminar a circulação viral no Estado. E aprendemos muito ao longo desse tempo. No mundo animal se trabalha muito em cima das enfermidades. E conseguimos mostrar cabalmente ao mundo e à comissão técnica e científica da OIE que não há evidências de circulação dos três tipos de vírus nesse pedaço de mundo chamado Paraná. Portanto, o recado aos outros países é que o Estado tem volume, escala e qualidade, dá para comprar e comer sem risco. Esse é o tom dessa aprovação. A última etapa acontecerá no dia 27 de maio com o reconhecimento desse pleito já aprovado tecnicamente. No dia 27 receberemos o selo de Área Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação, até que enfim, e o selo de unidade independente livre de peste suína clássica. Vacinávamos bovinos e bubalinos contra uma doença que não existia. Provamos para o mundo que não temos aftosa. Agora podemos exercitar nossa competência comercial porque temos volume, escala, preço competitivo, e podemos enfim conquistar fatias crescentes do mercado internacional.

 

Com o selo, que recado o Paraná passa aos pequenos, médios e grandes agricultores, a quem trabalha nesse mercado de carnes?

NO: Primeiro é um reconhecimento do esforço. Valeu a pena a luta, o sacrifício, o empenho. Tivemos incompreensões no caminho. Agora é redobrar o esforço. Não dá para deitar-se numa rede. Quando suspendemos uma técnica de manejo como a vacina temos que ampliar o esforço de vigilância sanitária. E fazemos isso em nome dos negócios. Serve para quem produz 50 litros de leite, quem produz um lote de frango, quem produz suíno, peixe. O mundo olha torto quando há algum problema sanitário. Provamos que temos qualidade, atenção nos processos, uma agroindústria atenta. Provamos que temos método, profissionais públicos e privados qualificados. E é uma conquista em nome daquilo que sabemos fazer de mais pujante, que é ser bom na produção de comida, entre elas liderar a produção de proteínas animais. Fechamos 2020 com quase seis milhões de toneladas na soma de peixe, boi, frango e suíno. Manter essa pegada fará bem para o negócio de todos os paranaenses. A chance de entrar em outros mercados que nem conversaram contigo a partir do dia 27 de maio será imensa.

 

Que patamar o Paraná pode alcançar daqui a dez anos?

NO: Imagino que o Brasil possa saltar de 29 milhões de toneladas de proteínas animais por ano, fora o leite, que tem um papel importante por conta dos derivados a partir dele, para 35 milhões de toneladas. O Paraná sai de seis milhões para sete ou 7,5 milhões de toneladas ou quem sabe até mais porque estamos crescendo bem em frango, no qual somos campeões, e em suínos, vislumbrando a liderança. E crescendo a taxas chinesas em peixes. Temos um crescimento importante até 2030, entre um e dois milhões de toneladas porque temos megaprojetos em instalação no Paraná para suínos, aves, peixe crescendo espantosamente e leite se qualificando cada vez mais. É uma nova cadeia de sucesso no mercado internacional se a gente continuar caprichando.

 

 Qual é o peso da conquista de zona livre de peste suína clássica independente nesse processo?

NO: Nosso pleito foi de isolar o Paraná, que antes integrava um bloco de 14 Estados, e passará a ser um bloco independente. Isso isola o Paraná de problemas que possam acontecer nas divisas com outros Estados integrantes, no Norte e parte do Nordeste, que não são livres da doença. É uma garantia de que só terei problemas sanitários se tiver aqui dentro. Em resumo, seremos um “país independente” a partir da aprovação do relatório técnico pelos peritos da OIE. Essa medida abre as perspectivas de ser mais agressivo no comércio mundial, já que estamos abatendo mais de dez milhões de cabeças de suínos por ano, com perspectiva de chegar a 15 milhões só com projetos em construção ou em instalação. É uma grande notícia porque estávamos alijados da disputa de dois terços do mercado global de carne suína.

 

Com AENotícias

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