Fale com a gente

Paraná Situação alarmante

Paraná vive nova epidemia de dengue; já são mais de oito mil casos confirmados

Publicado

em

Foto: Joni Lang/OP

 

Mesmo com a queda na temperatura nos últimos dias, a dengue avança no Paraná e a situação, no mínimo, pode-se dizer que é muito preocupante. Dados da Secretaria de Estado da Saúde apontam que de agosto de 2018 até agora foram 53 mil casos notificados e oito mil casos confirmados. Além disso, já são 36 cidades com epidemia e 79 apresentam índices de infestação muito elevados.

A epidemia é confirmada depois que a cidade aponta mais de 300 casos por 100 mil habitantes. Em alerta estão outras 41 cidades – estas registram mais de 100 casos por 100 mil habitantes.

Na semana passada, a Secretaria de Saúde informou que o número de mortes por dengue subiu. Hoje, são 13 óbitos: seis em Londrina, três em Cascavel, dois em Maringá e mais dois em Loanda. E para piorar a situação falta o malation, o inseticida usado no fumacê para matar o Aedes aegypti – o mosquito transmissor da dengue.

“Secretários municipais de saúde relatam que não tem mais fumacê. A Secretaria de Estado de Saúde informa que o inseticida – fornecido pelo governo federal através do Ministério da Saúde – acabou”, alertou o deputado estadual Michele Caputo Neto (PSDB), ex-secretário de Saúde do Paraná. “É um problema nacional e o desabastecimento afeta outros Estados. É um absurdo. O governo federal não fez a compra do inseticida no segundo semestre do ano passado e o fornecedor disse que só vai poder entregar um novo lote em junho. O inseticida que virá é insuficiente para abastecer a demanda do país”, completa o parlamentar.

 

Problemas

Com aumento no número de casos, as prefeituras enfrentam uma série de problemas na área de vigilância em saúde. O número de agentes de endemias é insuficiente e os prontos socorros e postos de saúde estão lotados. “Nesse momento se faz necessário um reforço no recursos humanos, mesmo que através de contratações temporárias, materiais e até medicamento. Todos sabemos da dificuldade financeira dos municípios com a queda de arrecadação e por isso eles precisam mais do que nunca do apoio do Governo do Estado”, argumenta Caputo Neto.

 

Cidades

Os prefeitos fazem o que podem e tentam mobilizar a população no combate ao mosquito. O prefeito Amin Hannouche (PSDB) liderou um mutirão em vários bairros de Cornélio Procópio – cidade da região Norte – identificados com alto índice de infestação de animais peçonhentos. “Queremos agradecer a todas as famílias que entenderam nosso apelo e contribuíram para a limpeza dos bairros da cidade. A participação de todos foi fundamental para o sucesso desta operação”, destacou o gestor.

Foz do Iguaçu, no Oeste, ainda não atingiu a situação de epidemia, mas está chegando perto. O número de casos confirmados subiu para 691 (eram 515 na semana passada), abaixo apenas de Londrina, com 891. Dividindo-se a população da cidade (262 mil habitantes) pelo número de casos, chega-se a 379. Não é epidemia, mas pode chegar a essa situação se o combate ao mosquito não for ainda mais incisivo.

Em Jacarezinho, no Norte Pioneiro, já são mais de 416 casos confirmados e outros 300 com suspeita. O secretário municipal de Saúde, Marcelo Silva, projeta que o número ainda deverá crescer consideravelmente. “Acredito que estamos próximos de 700 casos da doença, considerando os resultados dos exames que devem ser divulgados em breve. O município tem se empenhado desde os primeiros casos identificados, mas é uma situação muito difícil de lidar, ainda mais sem o inseticida”, lamenta.

 

Epidemia

“O inseticida ajuda, mas não resolve o problema da proliferação, pois apenas elimina o mosquito que está na fase adulta; as larvas que se transformarão no mosquito só acabam mesmo com a remoção do criadouro, do lixo e do acúmulo de água parada”, explica o médico José Carlos Leite, do Setor de Doenças Transmitidas por Vetores da Secretaria Estadual de Saúde.

Em todo Estado, as 36 cidades com epidemia confirmada são: Japurá, Francisco Alves, Porto Rico, Leópolis, Uraí, Lupionópolis, Itambé, Arapuã, Loanda, Santa Mariana, Nova Londrina, Abatiá, Terra Roxa, Alvorada do Sul, Flórida, Missal, Moreira Sales, Lindoeste, Rancho Alegre, Andirá, Santo Antônio do Paraíso, Anahy, Jacarezinho, Cafeara, São Pedro do Ivaí, Cianorte, Bandeirantes, Paranacity, Santa Isabel do Ivaí, Peabiru, Medianeira, Santa Terezinha de Itaipu, Quinta do Sol, Paranapoema, Nova Olímpia, Cruzeiro do Sul.

“O Paraná tem o VigiaSus para dar suporte aos municípios na área de vigilância e combate as doenças e neste ano está previsto mais de R$ 100 milhões no orçamento. Parte desses recursos pode e deve ser utilizado nos apoios aos municípios. O repasse é fundo a fundo e prevê a modalidade custeio. É algo que já foi feito, está no orçamento, há recursos disponíveis e é fundamental para que os municípios possam fazer esse enfrentamento. Peço a sensibilidade do Estado para que esses recursos previstos em orçamento da Secretaria da Saúde possam ser liberados”, defende o deputado Michele Caputo Neto.

 

Por ADI/Curitiba

 

Regional de Toledo soma 788 casos confirmados; em Rondon são 33

Os casos de dengue confirmados também avançam na 20ª Regional de Saúde, com sede em Toledo, sendo que nos 18 municípios da área de atuação o boletim da última quarta-feira (22) apontava para 788 casos positivos, dos quais 414 no município de Terra Roxa. Em 2º lugar vem Mercedes, com 92, e em 3º Guaíra, com 70. Ouro Verde do Oeste e São José das Palmeiras ainda não possuem caso registrado.

Em Marechal Cândido Rondon são 33 casos confirmados. Destes, conforme o responsável pelo Setor de Endemias da Secretaria Municipal da Saúde, Sérgio Radke, 29 são autóctones (residentes) e quatro importados.

Ele ressalta que o índice de infestação do Aedes aegypti hoje está em 7% no município. “É um número preocupante”, enaltece, acrescentando que a Secretaria Municipal da Saúde tem desenvolvido inúmeros arrastões de combate à dengue em bairros da sede municipal, bem como nas sedes distritais. “Mesmo com todas essas campanhas educativas sobre a importância dos cuidados e da prevenção, a gente percebe que uma parcela da população não faz o dever de casa. Tanto que esses arrastões acontecem nas regiões que apresentam os maiores índices de focos de mosquito e a quantidade de materiais velhos como máquinas de lavar, eletrodomésticos, eletrônicos, pneus e potenciais acumuladores de água é algo quase inacreditável. Isso significa que a população não está cuidado”, lamenta.

“Nós entramos nos pátios das casas, com a permissão dos proprietários, e retiramos esses materiais. Esse não é um serviço do setor público, fazemos porque, embora o arrastão tenha esse objetivo da recolha, pensamos que a partir da nossa presença as pessoas comecem a adquirir conscientização, o que ainda falta”, amplia.

Radke afirma que a partir dos arrastões foram observadas melhoras, mas aquém da expectativa e do que a realidade exige. “O nível de conscientização não é o mesmo que deveria ser”, destaca.

Para evitar o registro de uma epidemia de dengue como ocorreu há quatro anos em Marechal Rondon, quando foram registrados em torno de mil casos de dengue e mortes, ele frisa que a equipe de endemias formada por 40 pessoas fiscaliza os 25 mil imóveis da sede e do interior a cada dois meses. “Além da fiscalização, desenvolvemos o trabalho de prevenção, orientação, mas o ‘grosso’ cada cidadão deve fazer. O problema não é resolvido porque uma parcela da população não faz o dever de casa”, conclui.

 

O Presente

 

MAPA DA DENGUE NO OESTE

Municípios      Casos confirmados

 

Terra Roxa      414

Mercedes        92

Guaíra     70

Palotina   52

Toledo     36

Marechal Cândido Rondon    33

Santa Helena  23

Tupãssi   16

Quatro Pontes 13

Entre Rios do Oeste       10

Assis Chateaubriand      9

Diamante do Oeste 3

Maripá     3

Nova Santa Rosa   2

Pato Bragado  1

São Pedro do Iguaçu      1

São José das Palmeiras nenhum caso

Ouro Verde do Oeste     nenhum caso

 

O Presente

Copyright © 2017 O Presente