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Paraná Pecuária leiteira

Preço do leite reage, mas produtores paranaenses continuam em alerta

Quedas repetidas ao longo do último ano desanimaram produtores de leite: “Estamos hoje em uma incerteza”

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(Foto: Divulgação)

Depois de um ano marcado por quedas seguidas, o preço do leite pago ao produtor teve uma pequena reação no início de 2024. Ainda assim, não chegou ao mesmo valor praticado há quase um ano.

“Em 2023, começamos com números razoavelmente bons, apesar [de] que estávamos com a soja com valor alto, milho com o valor alto. Mas o preço do leite estava a um preço que compensava. No decorrer de 2023 que começou a ter uma queda que foi aumentando e aumentando,” diz o produtor de leite Cornélio Los. Para ele, a queda de preços ao longo do ano correspondeu a 24%.

Das 300 vacas da fazenda de Los em Castro, nos Campos Gerais do Paraná, 160 estão em lactação.

A produção gira em torno de 35 litros de leite de cada vaca por dia. Contudo, quando o preço da venda do litro de leite cai para o produtor, surge a insegurança.

O excesso de oferta, aumento da produção doméstica e aumento das importações foram alguns dos motivos para a desvalorização do leite cru em 2023.

Em janeiro de 2024, o preço fechou em uma média de R$ 2,23 por litro pago ao produtor no Paraná. Mas os produtores ainda estão preocupados em relação aos próximos meses.

“Nós estamos hoje em uma incerteza. Dá um sinalzinho de melhora, outra quinzena dá uma estabilizada com tendência de baixa, outra quinzena mantém. Então está um mercado bem duvidoso hoje na produção de leite”, diz o produtor Armando Habbers.

Habbers usa um sistema de ordenha automatizada na lactação das 190 vacas da propriedade. Com o investimento, a produtividade aumentou – de cada animal, saem 42 litros de leite por dia.

“Muitos produtores fizeram vários investimentos para melhorar a qualidade de leite. E isso teve custos de financiamento em bancos, se não tiver uma condição melhor no preço do leite, muitos produtores entrarão em crise”, diz Habbers.

De acordo com o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), não é possível prever se os preços vão aumentar ainda mais nos próximos meses.

“Tudo depende de como vai ficar a questão da importação. O que temos visto até agora, em janeiro, pelos dados do Agrostat, [é que] a importação está em parte como vinha acontecendo no ano passado. Então, não teve uma queda significativa. Esse vai ser o principal fator que vai continuar limitando os preços”, diz Tiago de Marchi, médico veterinário do Deral.
Os produtores preferem acreditar que o cenário pode melhorar. “Estamos em uma perspectiva [de] que se o custo da alimentação ficar nisso e o preço melhorar, tem uma luz no final do túnel”, Habbers diz.

Cornélio Los, que planejava investir em tecnologia na propriedade, terá que esperar o mercado estabilizar, para ter certeza de que não terá prejuízo.

“Estamos em uma era digital e a pecuária permite isso hoje em dia, só que você vai ter que pagar um pouco a mais. Temos que continuar com o pé no chão e sempre pensar que [podemos ter] um mês melhor que o outro e que o final do ano será um pouco melhor”, disse.

Com G1

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