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Paraná Nova modelagem

“Temos absoluta convicção: o preço vai cair muito”, frisa Sandro Alex sobre tarifa dos pedágios

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Secretário de Estado da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, em entrevista exclusiva durante visita ao Jornal O Presente: “Não vamos repetir os erros do passado. Estamos trabalhando com muita seriedade e transparência e, a partir do segundo semestre, vamos rodar o Paraná com audiências públicas para mostrar qual é a modelagem (do pedágio)” (Foto: O Presente)

Deputado federal em seu terceiro mandato e com domicílio eleitoral em Ponta Grossa, Sandro Alex (PSD) ganhou notoriedade devido a sua atuação no Conselho de Ética da Câmara.

Ano passado, se licenciou do cargo eletivo ao ser convidado pelo governador Ratinho Junior (PSD) para assumir a Secretaria de Estado da Infraestrutura e Logística (Seil). A pasta é considerada um dos pilares do governo para projetar o Paraná para os próximos anos.

Em visita ao Jornal O Presente durante sua passagem por Marechal Cândido Rondon, no último dia 06, acompanhado do líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado estadual Hussein Bakri (PSD), Sandro Alex falou sobre as obras estruturantes, pedágio, aviação regional e o Contorno Oeste do município. Confira.

 

O Presente (OP): A sua presença em Marechal Cândido Rondon tem um objetivo específico: definir uma série de obras estruturantes que a região reivindica, algumas há muito tempo e outras recentemente. Quais as mais importantes que o senhor poderia adiantar?

Sandro Alex (SA): Antes de fazer qualquer obra era preciso reconstruir a credibilidade, porque herdei uma Secretaria que faz parte de uma das etapas da Operação Lava Jato. Temos um histórico e ainda estamos em investigação, e vai um bom tempo. Isso dificulta o trabalho. Quando assumi estava com contratos suspensos, convênios judicializados, obras paralisadas. Quando se falava em DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e Secretaria de Infraestrutura, para que tem problema. Isso prejudicou, porque passamos os primeiros meses mais tempo dentro do Ministério Público do que em obras. Fomos resgatando essa credibilidade e introduzimos o compliance. Ali começamos a redesenhar o Estado, retirar as judicializações, retomar obras e defender projetos. Não tínhamos nem projetos para serem discutidos ou construídos. O governador lançou um banco de projetos, que prevê obras estruturantes em todo Estado. Através da Assembleia Legislativa aprovamos inúmeros projetos importantes para o Paraná em diferentes regiões. O bom relacionamento do Governo do Estado com o governo federal favoreceu muito, pois começamos a defender obras importantes junto à União. Tanto que a primeira obra que o governo federal trabalhou conosco foi a segunda ponte em Foz do Iguaçu, que liga o Brasil com o Paraguai. Essa ponte está sendo construída pelo Governo do Estado com recursos da Itaipu e projeto federal. Isso mostra o bom relacionamento. Temos inúmeros projetos com o governo federal em todos os modais, como potuário, aéreo e ferroviário, além da negociação dos novos pedágios.

 

OP: O pedágio é um assunto polêmico devido aos atuais contratos. O paranaense quer saber: vai haver a garantia de que a tarifa será menor e as obras vão sair do papel?

SA: Sim. Não vamos repetir os erros do passado. Estamos trabalhando com muita seriedade e transparência e, a partir do segundo semestre, vamos rodar o Paraná com audiências públicas para mostrar qual é a modelagem, como será feito, quais as obras. Os primeiros levantamentos mostram que vamos derrubar os preços. A nossa modelagem será um pouco diferente de alguns Estados. Recentemente, Santa Catarina fez um modelo de licitação, que é boa e com uma tarifa extremamente atrativa, mas não há previsão de obra.

 

OP: Qual será o modelo implantado no Estado?

SA: Temos que ter as obras. Não podemos abrir mão da duplicação de ponta a ponta da BR-277, diferente da BR-101 em Santa Catarina que não tem obras. Para isso tem que ter uma modelagem que garanta essas obras. Não batemos o martelo, pois há uma discussão sobre o menor preço. Por que o menor preço pode ser prejudicial? Porque se uma empresa jogar o preço muito para baixo e ao longo dos anos ter um clima de instabilidade, como estamos vivendo agora nas bolsas de valores, e o Brasil passar por uma crise, elas não vão entregar as obras, como aconteceu com outros contratos no Brasil. Abaixaram tanto o preço que não conseguiram depois efetuar o contrato e devolveram a concessão. Esse é o único receio do governo federal. Mas também a modelagem de fazer por outorga tem uma crítica, pois paga-se por uma outorga que vai para o governo federal e pode deixar uma tarifa não tão atrativa. Estamos discutindo os dois modelos, porque se houver uma outorga estamos pedindo que seja transformada em obras. Paga-se, mas esse recurso seria transformado em obras no Paraná. Estamos fazendo os estudos, mas já prevê muitas coisas e será diferente, como o usuário frequente em que quem usa mais paga menos, como quem vai para universidade todo dia e quem trabalha em outra cidade. Estamos prevendo ainda o ‘free flow’, sem cancela, em que o automóvel passa e já computa a tarifa.

 

OP: Já há estudos de quanto deve ser a redução da tarifa?

SA: Ainda não foi fechado, porque depende de cada lote. Introduzimos mais de 1,5 mil quilômetros de rodovias. O Anel de Integração atual tem 2,5 mil e vai para 4,1 mil quilômetros. O Anel antigo não fazia corredor de exportação e não tinha ligação com os outros Estados. Colocamos outras rodovias importantes e depende da discussão de quantos lotes serão e o que cada lote terá de obras. Há regiões que terão mais obras e outras menos, mas já temos absoluta convicção: o preço vai cair muito.

 

OP: A BR-163 está contemplada no projeto de concessão?

SA: A BR-163 é uma rodovia federal e a própria bancada trabalhou para garantir recursos. A obra está garantida e vai para o Anel de Integração também, assim como as rodovias 280, 323, 092 e 476.

 

OP: Em relação às outras rodovias, a exemplo da PR-495, que passa pelos municípios lindeiros, permanecerão estadualizadas?  

SA: É uma rodovia que está no programa estadual de recuperação de estradas, tanto a 495 como a 497. Eram rodovias que, como eu disse, estavam judicializadas e com contratos completamente equivocados. Tivemos que fazer uma série de alterações para colocar o contrato em ordem. Essas rodovias não vão para o Anel de Integração. No entanto, o que o Paraná está economizando com as demais investe nestas rodovias.

 

Secretário estadual Sandro Alex: “As cidades que tiveram um exponencial crescimento foram Guaíra e União da Vitória. São as cidades que mais se destacam e até teremos que ampliar os voos” (Foto: O Presente)

 

OP: Uma das novidades que surgiram foi o programa de aviação regional. Existe a expectativa de que essa iniciativa seja permanente? O senhor acha que as companhias terão sustentação para manter os voos regionais?

SA: É o nosso maior desejo e queremos que isso realmente amplie. Estamos trabalhando diariamente neste modal e estou muito contente com os resultados nestes primeiros meses do governo. O governador lançou o programa Voe Paraná que significa menos impostos e mais voos. Negociamos com as companhias mais voos para o Estado do Paraná. Isso atingiu grandes, médias e pequenas cidades. Tivemos ampliações de voos em Curitiba, inclusive internacionais; em Foz do Iguaçu a ampliação foi de oito vezes; ampliamos em Maringá, Ponta Grossa e Cascavel. Abrimos voos em Guarapuava, Toledo e Pato Branco, mas também chegamos em Guaíra e levamos a aviação para mais dez cidades que até pouco tempo não pensavam que poderiam ter isso. O resultado foi muito satisfatório. Inclusive as cidades que tiveram um exponencial crescimento foram Guaíra e União da Vitória. São as cidades que mais se destacam e até teremos que ampliar os voos. Continuamos a negociação para mais voos e não queremos que isso pare, mas quem regula é o mercado e não o Estado. O coronavírus, por exemplo, está derrubando os voos internacionais.

 

OP: A construção do Contorno Oeste de Marechal Rondon iniciou no final da gestão do ex-governador Beto Richa e hoje encontra-se parada. Existe alguma perspectiva da obra ser retomada?

SA: Herdamos muitas obras que, mesmo com a boa-fé dos políticos em querer dar celeridade a estes projetos, acabaram não se confirmando depois na prática, porque necessitavam de desapropriações e, muitas vezes, de um estudo mais profundo, ou envolviam o Ministério Público. O governo Ratinho Junior não cancelou e nem paralisou as obras, mas nos deparamos com a não possibilidade de continuidade naqueles moldes. O Contorno Oeste envolveu um estudo muito superficial e depois se deparou com problema na obra. Temos que refazer tudo para continuar com segurança. Vamos retomar. O governador tem cobrado, mas precisamos refazer o projeto. Não era possível continuar com os problemas que encontraram com uma rocha.

 

OP: Mas recursos existem?

SA: Não há problemas financeiros. Vamos fazer a obra, mas precisamos fazer alterações no projeto. Aconteceu em Palotina também, cujo contorno vamos retomar esse mês. Muitas ordens de serviço foram dadas, mas o próprio governo anterior sabia que na sequência teria que paralisar porque há a desapropriação, e aí entra na judicialização. Porém, nenhuma obra ficará sem ser concluída. O governador não quer isso, inclusive o contrário, estamos retomando obras que estavam paralisadas.

 

O Presente

 

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