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Paraná Agricultura

Trigo contaminado com agrotóxico é alvo de fiscalização da Adapar

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(Foto: Arquivo/OP)

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) está realizando diversas ações na área vegetal, como prevenção, monitoramento, controle e erradicação de pragas que afetam a estabilidade fitossanitária das culturas de interesse econômico, o adequado uso do solo agrícola, fiscalização do comércio para verificar se as sementes, fertilizantes e agrotóxicos estão em conformidade com as especificações técnicas e de registro, bem como a utilização desses insumos nas propriedades rurais, além de verificar se os alimentos produzidos estão dentro do que a legislação determina e encontram-se seguros para consumo pela população.

Segundo o fiscal agropecuário Anderson Lemiska, o agrotóxico é o método de controle mais utilizado para conter danos causados pelas pragas, doenças e ervas daninhas nas lavouras, no entanto, são produtos que oferecem periculosidade e riscos. “Por esse motivo, a lei federal nº 7802/89 determina que os agrotóxicos somente poderão ser comercializados e utilizados após registrados pelo Ministério da Agricultura e cadastrados na Adapar, bem como mediante receituário agronômico prescrito por profissionais da Agronomia legalmente habilitados”, ressalta.

Ele explica que após criterioso diagnóstico da planta, patógeno e ambiente, o profissional avalia a necessidade de utilização de um agrotóxico, prescreve o receituário contendo orientações da correta utilização do produto pelo agricultor para controlar algum problema fitossanitário, evitar intoxicações, contaminações de alimentos e do meio ambiente. “No Paraná são prescritos aproximadamente quatro milhões de receituários agronômicos que resultam numa comercialização de 92 mil toneladas de agrotóxicos, colocando o Estado como um dos maiores consumidores do Brasil. Na região Oeste encontram-se os municípios que mais utilizam agrotóxico, sendo Cascavel, Toledo, Assis Chateaubriand, Palotina, Marechal Cândido Rondon, Guaíra e Terra Roxa, fato que demanda intensa atividade da Defesa Agropecuária”, enaltece.

 

FISCALIZAÇÃO DA CULTURA DO TRIGO

O fiscal diz que o trigo é um produto consumido praticamente in natura. “A fase de pré-colheita é a que mais preocupa a Defesa Agropecuária, pois os agricultores frequentemente utilizam agrotóxicos para acelerar a maturação da planta e antecipar a operação de colheita dos grãos”, comenta Lemiska. Para essa finalidade, informa, existem agrotóxicos registrados e que apresentam baixo período de carência (média de sete dias) entre a aplicação e a realização da colheita.

“Quando utilizados conforme recomendações do fabricante, do profissional da Agronomia e respeitando o período de carência, os grãos colhidos são seguros ao consumo humano. No entanto, alguns agricultores arriscam utilizar agrotóxicos não registrados e que possuem grande período de carência”, informa.

Lemiska menciona que o glifosato, por exemplo, possui carência de 56 dias na cultura da soja e quando é utilizado indevidamente na cultura do trigo pode facilmente ocasionar resíduo de agrotóxico acima do permitido nos grãos, tornando-os impróprios para a alimentação humana e animal. “Buscando coibir esse tipo de conduta, anualmente os fiscais agropecuários da Gerência de Sanidade Vegetal da Adapar Regional de Toledo intensificam ações fiscalizatórias nas propriedades rurais para verificar a regularidade na aplicação de agrotóxicos na cultura do trigo”, expõe.

De acordo com o profissional da Adapar, na região de Toledo já ocorreram diversas ações fiscalizatórias na cultura do trigo e em algumas delas, devido à aplicação irregular de agrotóxicos, aconteceu a destruição de lavoura ou de grãos contaminados com agrotóxicos. “Os fiscais da Agência utilizam várias estratégias para verificar indícios de irregularidades a campo, entre elas rastreamento de aquisição de agrotóxico pelo agricultor, aplicações de agrotóxicos na lavoura, características morfológicas da planta de trigo, amostragem de plantas ou grãos para análise de resíduo de agrotóxicos, entre outras”, pontua.

No entanto, explica, amostragens para verificação de resíduo de agrotóxicos não são realizadas em todas as propriedades agrícolas que são fiscalizadas. “Por meio de smartphone é possível acessar o Sistema de Monitoramento de Comércio e Uso de Agrotóxico no Paraná (Siagro) e consultar, no momento da colheita, se o agricultor adquiriu agrotóxicos registrados para a cultura, fato que nos auxilia diagnosticar indícios de uso irregular de agrotóxicos. Já testamos esta hipótese a campo.

Após consulta ao Siagro, verificamos que os agricultores tinham adquirido agrotóxico registrado para a cultura, efetivamente aplicaram o produto e respeitaram o período de carência. Mesmo assim, coletamos amostras de grãos de trigo para análise e o resultado laboratorial não acusou resíduos de agrotóxicos. Neste tipo de propriedade verificamos claramente o quão importante é a presença de uma boa assistência técnica, pois um agricultor bem orientado reduz a probabilidade de uso indevido de agrotóxicos”, afirma.

 

GLIFOSATO

Lemiska lembra que em 2019 foram realizadas fiscalizações de rotina nas propriedades rurais, inclusive com coleta de trigo no momento da colheita para verificar a presença de resíduos de agrotóxico. “Em uma dessas coletas, a amostra foi encaminhada para análise laboratorial e o resultado acusou resíduo do agrotóxico glifosato 65 vezes superior ao limite máximo permitido pela legislação, fato que torna o produto impróprio para alimentação animal ou humana. Em desdobramento desta ação, os agentes fiscalizaram os receituários agronômicos e constataram diversas irregularidades, como recomendação de agrotóxico para cultura inexistente e a prescrição total de glifosato suficiente para tratar uma área seis vezes superior quando comparado ao tamanho real do local de aplicação”, comenta.

O fiscal conta que o agricultor e os engenheiros agrônomos foram autuados e responderão processo pela Adapar. “A fim de assegurar o êxito e a eficácia das ações fiscalizatórias da Adapar, conforme estabelecido no Termo de Cooperação Técnica, a Agência encaminhará cópia dos processos ao Ministério Público do Estado do Paraná para responsabilizações civil e criminal cabíveis”, conclui.

 

Com Adapar

 

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