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Paraná Tecnologia e produtividade

“Vamos fomentar a indústria no interior”, afirma novo presidente da Fiep

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Carlos Valter Martins, empossado ontem (28) presidente da Fiep: “Queremos agregar cada vez mais valor à formação, preparando os profissionais que a indústria vai demandar quando houver uma retomada efetiva dos investimentos e da produção” (Foto: Divulgação/Fiep)

Empossado ontem (28) como presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o empresário Carlos Valter Martins defendeu o fomento das indústrias no interior do Paraná. “Precisamos fomentar que, cada vez mais, as diferentes regiões tenham apoio tecnológico e de formação profissional para que suas indústrias consigam evoluir, agregar mais tecnologia e produtividade”, declarou Martins em entrevista exclusiva à Associação dos Jornais Diários do Interior do Paraná (ADI-PR).

“Aprimorar a nossa infraestrutura é um dos caminhos para reduzir custos e aumentar a competitividade da indústria paranaense. Existem melhorias que precisam ser feitas em todos os modais de transporte”, defende o novo presidente da Fiep, referindo-se aos investimentos necessários em infraestrutura no Estado.

 

ADI-PR: A eleição foi acirrada e a decisão apertada e até contestada. Agora, empossado presidente, como o senhor pretende unir os industriais em torno de projetos comuns em interesses ao Paraná?

Carlos Valter Martins (CVM): Tivemos nessa eleição a presença de 100% dos sindicatos da indústria habilitados a votar. Essa participação expressiva mostra a importância que a Fiep, Sesi, Senai e IEL têm para a indústria do Paraná. A partir de agora, é preciso ficar claro que o Sistema Fiep existe em função da indústria de todo o Paraná. E toda a indústria do Paraná tem que ser beneficiada pelos serviços prestados pela casa. Agregando valor a esses serviços, para o bem da indústria, vamos conseguir a união de todos.

 

ADI-PR: Quais são os planos da Fiep para o interior?

CVM: Pretendemos valorizar a indústria do Paraná como um todo. A região metropolitana de Curitiba ainda prepondera porque concentra a maioria das indústrias, mas existem importantes polos industriais em todas as regiões do Estado. Precisamos fomentar que, cada vez mais, as diferentes regiões tenham apoio tecnológico e de formação profissional para que suas indústrias consigam evoluir, agregar mais tecnologia e produtividade. Assim, teremos cada vez mais produtos importantes e a evolução da indústria regional. O Sistema Fiep tem condições de prestar esse apoio, e é o que vamos fazer.

 

ADI-PR: As reformas da Previdência, tributária, política e o Pacto Federativo são considerados importantes para a retomada do crescimento e dos investimentos no país. Este é mesmo o roteiro para o país sair da crise, ampliar o consumo e impactar na abertura de novos postos de trabalho?

CVM: Precisamos recuperar nossa condição competitiva. Com essas reformas, como a da Previdência, e esperamos também a tributária e até a política, podemos dar um passo à frente no Brasil. Temos uma situação de déficit fiscal que não pode persistir, e a Previdência é um dos principais componentes. Precisamos combater isso para que consigamos ter uma retomada do crescimento econômico. Somos a quinta população do mundo, temos um grande mercado, e precisamos fazer com que esse mercado seja potencializador para a evolução da indústria, gerando empregos, renda e riquezas para toda a sociedade.

 

ADI-PR: No caso do Paraná, as obras de infraestrutura, ferrovia Dourados (MS)/Paranaguá, novo porto, duplicação de rodovias, concessões de quatro mil quilômetros de estradas, faixa de infraestrutura do litoral. São esses os nossos gargalos? Como a Fiep avalia essas propostas do Governo do Estado?

CVM: Sem dúvida alguma, aprimorar a nossa infraestrutura é um dos caminhos para reduzir custos e aumentar a competitividade da indústria paranaense. Existem melhorias que precisam ser feitas em todos os modais de transporte. As soluções para esses gargalos passam por uma união de esforços entre Poder Público e iniciativa privada, dependendo de planejamento e investimentos. Vamos atuar em parceria com as demais entidades representativas do setor produtivo do Paraná, articulando junto às diferentes esferas governamentais para buscar a viabilização dessas obras necessárias.

 

ADI-PR: Há sensível queda na produção industrial no país e alta competição de produtos importados. A indústria brasileira, em especial a do Paraná, está preparada para essa disputa agressiva?

CVM: De fato, tenho 38 anos como industrial e nunca vi uma crise tão perniciosa e tão duradoura como esta. E ela provocou feridas profundas no meio produtivo do país. Esses anos de crise tiraram muito da capacidade do investimento na tecnologia e na evolução da qualificação, em função de custos de um mercado recessivo. Agora é hora de retomar isso e a nossa casa existe para prestar esse apoio. A indústria do Paraná e do Brasil como um todo precisa de evolução tecnológica, aumentar a produtividade para buscar competitividade. Com a representação da Fiep e, principalmente, com os serviços que temos dentro do Sistema Fiep, tanto o Senai na questão da qualificação profissional e no apoio tecnológico, quando no Sesi em relação à saúde e segurança do trabalhador, e o IEL, estamos prontos para auxiliar nessa retomada.

 

ADI-PR: O Mapa do Trabalho Industrial feito pelo Senai prevê dificuldades aos trabalhadores para manter seus empregos por causa das transformações tecnológicas. Ao todo, o país terá de qualificar cerca de 10,5 milhões de trabalhadores para o setor industrial, entre 2019 e 2023. O Paraná está preparado? Como esta qualificação pode ser agilizada pela Fiep?

CVM: Realmente, o Paraná e o Brasil têm um grande desafio pela frente no que se refere à qualificação técnica para que especialmente a indústria aumente sua competitividade e produtividade por meio da tecnologia. Porém, é importante olhar essa questão não pelo viés da ameaça, mas das oportunidades trazidas por essa nova realidade. A indústria como um todo é um excelente lugar para o desenvolvimento de carreiras. Hoje, os avanços tecnológicos e a normatização que existe sobre a indústria a tornaram muito atrativa para quem quer ingressar em uma carreira mais técnica. Nesse processo, o Sistema Fiep, por meio do Senai, possui uma ampla estrutura e conhecimento para capacitar trabalhadores dos mais diversos setores, já levando em conta as últimas tendências que têm sido aplicadas na indústria. Queremos agregar cada vez mais valor a essa formação, preparando os profissionais que a indústria vai demandar quando houver uma retomada efetiva dos investimentos e da produção.

 

ADI-PR: A Fiep integra o G7 que articula no Estado alcançar os objetivos do milênio, que alia a erradicação da pobreza ao desenvolvimento sustentável. Como alcançar essas metas se temos um governo central com uma agenda contrária, principalmente na questão ambiental?

CVM: O Sistema Fiep, por meio do Sesi, tem sido, desde 2004, um dos principais articuladores para a mobilização da sociedade paranaense em torno dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Entendemos que o desenvolvimento de uma indústria forte e responsável, capaz de gerar empregos de qualidade, renda e riquezas, pode contribuir para o alcance de diversas das metas estabelecidas pela ONU, mas esse é um esforço que deve envolver todos os setores da sociedade. Em relação à questão ambiental, especificamente, não vejo que exista uma agenda contrária. O meio ambiente deve ser preservado e a indústria cada vez mais desenvolve soluções e tecnologias para aplicar práticas sustentáveis a seus processos produtivos. O que ocorre é que no Brasil criou-se uma burocracia excessiva especialmente para licenciamentos ambientais, que acaba retardando e elevando custos para investimentos produtivos, muitas vezes até inviabilizando alguns deles. Entendo que o que o atual governo busca é uma simplificação e maior eficiência nos processos de licenciamento, e isso não significa deixar de lado a necessária preocupação com o desenvolvimento sustentável.

 

ADI-PR: Como a Fiep avalia os acordos de leniência, a redução das tarifas de pedágio. Há críticas que acordos atendem mais concessionárias que estarão aptas a participar das próximas licitações das concessões de pedágio. Como deve ser o próximo modelo, além da redução considerável das tarifas?

CVM: O modelo de pedágio adotado no Anel de Integração sofreu inúmeras distorções e ingerências ao longo dos anos e, como mostram os acordos de leniência, oneraram os usuários da rodovia além do que seria justo. Por isso, tornou-se mais um entre tantos fatores que aumentam os custos para o setor produtivo paranaense. As recentes reduções nas tarifas provam que é possível encontrar um modelo mais coerente, que leve em conta as necessidades dos usuários, com valores mais baixos de pedágio e a realização das obras necessárias. A Fiep sempre esteve atenta a essa questão e, em conjunto com as demais entidades do setor produtivo, busca contribuir no que está ao seu alcance para a construção desse novo modelo.

 

Por ADI-PR

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