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Política Entrevista ao O Presente

Aos 21 anos, candidato mais jovem desta eleição em Marechal Rondon quer fazer história

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Candidato a vereador do MDB, João Eduardo dos Santos (Juca) tem apenas 21 anos: “Sonho em ser prefeito de Marechal Rondon” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

Líder estudantil em Marechal Cândido Rondon na década de 70, Elio Lino Rusch (DEM) começou a sua trajetória política aos 24 anos, quando foi eleito em 1976 para seu primeiro mandato como vereador. Os anos passaram e ele alçou voos maiores, sendo por sete mandatos consecutivos deputado estadual.

Na história política do município, nenhum outro candidato conseguiu ultrapassar Rusch e lhe “roubar” o título de vereador mais jovem.

Mas na eleição de 15 de novembro isso pode mudar. Na lista de candidatos, o MDB lançou o nome de João Eduardo dos Santos, conhecido como Juca, que tem apenas 21 anos.

Em comum com Rusch, a liderança estudantil. Há cerca de cinco anos, Juca ganhou projeção no município quando participou dos movimentos para refundar o Grêmio Estudantil do Colégio Rui Barbosa e depois para reativar a Associação Rondonense dos Estudantes Secundaristas (Ares), a mesma que ajudou a projetar o ex-deputado no meio político.

Juca foi o presidente refundador do Grêmio Estudantil e presidente reativador da Ares. Além disso, foi o primeiro presidente do Conselho Municipal da Juventude (Comjuve) e vice-presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social (Codemar).

Em entrevista ao Jornal O Presente, o jovem candidato falou da sua paixão pela política. Confira.

 

O Presente (OP): Afinal de contas, quem é o Juca?

João Eduardo dos Santos (JES): Eu tenho um trabalho no município desde os meus 15 anos de idade. Fui presidente refundador do Grêmio Estudantil do Colégio Rui Barbosa e por meio de um grupo de jovens reativamos a Ares. Isso em 2014, 2015 e até meados de 2016. Na mesma época tive oportunidade de participar do Parlamento Jovem Brasileiro (PJB), fui deputado federal jovem e o 1º secretário da mesa diretora de toda a legislatura. Sou filho do Juarez e da Geovana, minha mãe é professora e meu pai funcionário público aposentado da Unioeste. Tenho Ensino Superior. Me formei aos 20 anos em Gestão Pública e passei em 1º lugar no vestibular de Direito da Unioeste de Marechal Rondon, aos 16 anos, e neste ano me formo. Fui estagiário na Procuradoria da prefeitura, de 2017 a 2018. Em 2018 fui para o escritório do doutor Ricardo Seyboth. Atualmente, continuo fazendo o jurídico do Hospital Rondon e Sempre Vida.

 

OP: Como você tem conciliado a campanha em meio ao lado profissional e estudantil?

JES: Acredito que o preparo e o planejamento são necessários. Nunca escondi minha vontade política. Como eu sabia que esse ano estaria me candidatando e tinha essa vontade, fiz um acordo com o meu trabalho que teria condições de continuar em razão da advocacia não depender de tempo, e sim de prazo. Estou com os horários voláteis. O que importa neste momento é a campanha, mas continuo atuando no trabalho.

 

OP: Há alguns anos você já demonstrava o desejo em ser candidato. Como surgiu essa vontade?

JES: Sempre gostei muito de liderança. Era líder de turma, líder do Branco (Jogos Bordô e Branco do Colégio Rui Barbosa), depois no Grêmio Estudantil e assim por diante. Entendo que a liderança precisa ser uma vocação. A política não é uma profissão e, sim, uma vocação. Não estou entrando porque quero status ou porque preciso daquele salário. Acredito que um representante, um líder, é uma pessoa que se prepara, estuda e se dispõe a exercer aquelas funções específicas as quais está capacitado. Como eu sempre quis ser político e gosto da área, acompanhava as eleições e fui tentando me preparar e mostrando esse viés, conciliando o lado profissional, o porquê de fazer as duas faculdades, justamente para mesmo novo de idade mostrar competência, preparo e trabalho. Tanto que me filiei aos 16 anos, logo após tirar o título de eleitor.

 

OP: Aos 16 anos você se filiou ao MDB. Por que escolheu esse partido?

JES: Naquela época desenvolvemos um trabalho muito legal em parceria com a prefeitura. Apesar de a Ares ser desvinculada do Poder Público, estávamos começando o Comjuve e promovendo a Feira de Profissões, e a prefeitura nos deu muito acesso. O mandatário da época, que era o Moacir (Frohelich), tinha a Maria Cleonice (Froehlich) como secretária de Assistência Social. Tive uma proximidade grande por conta destes projetos e recebi o convite. Sempre auxiliamos pelo bem do resultado e quando me convidaram acreditei que era um grupo em que poderia estar inserido e comecei a participar. Até porque o MDB Jovem era um dos únicos grupos partidários, especificamente, que tinha uma juventude atuante no município. Era importante estar inserido politicamente e, como havia a estrutura jovem, foi um ambiente em que me senti confortável.

 

OP: O seu nome foi projetado no município especialmente quando esteve à frente da Ares e do Comjuve. Houve receio de que este período em que não esteve nos “holofotes” poderia inviabilizar uma campanha?

JES: Na política a gente fala muito no “time”, no tempo de estar se dispondo a alguma pretensa candidatura. Quatro anos atrás eu não podia ser candidato. Mas eu não vejo como prejuízo, porque apesar de não ter aparecido na mídia o trabalho nunca parou. Eu continuei no Comjuve, fui vice-presidente do Codemar, agora afastado em razão do período eleitoral, e continuei trabalhando na sociedade. Acredito que isso fez com que o apoio das pessoas, eventualmente, continuassem e eu pudesse manter a estrutura, apesar de não estar publicamente aparecendo tanto em cargos de uma maneira específica.

 

OP: Você é o mais jovem dos candidatos a vereador. O que sente dos eleitores quando vai pedir o voto: respeito, admiração por essa vontade, ou alguns olham com desconfiança?

JES: Já escutei as duas coisas. Há pessoas que dizem que sou muito novo e perguntam por que tão cedo. E aí volta a questão que falei do preparo. Eu posso ser novo, mas tenho certeza que conheço a legislação, conheço a maneira como o Poder Público funciona, o que posso ou não posso fazer, se for eleito. Algo que muitos candidatos com mais idade, que muitas vezes podem ter mais experiência que eu, naturalmente, mas não têm o conhecimento técnico. Essa é uma grande diferença. Ao mesmo ponto em que passamos por uma fase da política, nacional e não só no município, em que as pessoas querem algo novo, mas novo de verdade. Estou tentando construir o meu nome, o Juca, a minha pessoa. Não sou filho, neto, sobrinho, genro de político algum, nunca tive um cargo comissionado, nunca fui vinculado a ninguém. Como me mostro como uma renovação jovem e de verdade, o que sinto são pessoas muito receptivas. Não tenho um currículo anterior que pudesse me prejudicar, pelo contrário, estamos começando a construí-lo e isso faz com que as pessoas realmente possam apostar, possam ver o nosso projeto como algo diferente e algo que pode trazer um grande projeto de futuro para o município.

 

OP: Se eleito, você será o vereador mais jovem da história do município, título conquistado pelo ex-deputado estadual Elio Rusch (DEM) aos 24 anos. Isso lhe dá sensação de mais responsabilidade?

JES: Certamente. Ao mesmo tempo em que posso ser uma renovação, vou ter um marco histórico de ser o vereador mais jovem da história de Marechal Rondon, se eleito, e isso traz uma grande responsabilidade. As pessoas vão observar o nosso trabalho e vão cobrar um resultado. Aquelas que acreditam muito vão querer que eu concretize tudo o que estamos falando na campanha, ao mesmo tempo em que aquelas que têm um pouco de receio estarão de olho para ver qual o trabalho que vamos desenvolver e se eventualmente estariam certas na campanha ao mencionar aquilo ou não.

 

OP: O que você tem pregado aos eleitores nesta campanha?

JES: Tenho três nortes. Primeiro, a juventude pode ter voz, sim, mas não adianta ter vontade se não tiver qualificação. Precisa de conhecimento ao que se propõe a fazer. Segundo, existe uma trava no nosso município que precisa ser urgentemente modificada: o vereador de situação não precisa ser sempre a favor do prefeito, e o vereador de oposição não precisa ser contra o prefeito. Passa-se da hora do vereador ser a favor de Marechal e a favor do que seja bom para o município. As nossas discussões precisam começar a ser sobre o nós, cidade, e não sobre o eu político, o eu partido, o eu grupo. E, terceiro, política não é profissão. Não estou entrando na política para ganhar dinheiro. Eleito ou não, o meu trabalho é no escritório de advocacia.

 

OP: Você sonha em voos mais altos na política?

JES: Com certeza. Acredito que precisamos buscar crescimento. Eu, particularmente, não sou uma pessoa favorável a reeleições consecutivas. É eleito vereador por dois mandatos e não consegue se candidatar a prefeito? Sou da opinião que dê lugar para outra pessoa. A renovação é necessária. Sonho em ser prefeito de Marechal Rondon e é algo que sempre falei, inclusive, mas acredito que precisamos ser realistas. Hoje estou me propondo a ser vereador e preciso concretizar isso para que outros projetos de futuro na política possam acontecer.

 

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