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Política Eleição 2022

“Chance mínima”, diz Sperafico sobre candidatura a deputado federal

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Ex-deputado federal Dilceu Sperafico (PP): “Diariamente há pessoas me procurando. O que posso dizer é que nós teremos um candidato a deputado federal, com o meu apoio e da sociedade de Toledo. Quem é ainda não está definido” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

O recente falecimento do deputado federal José Carlos Schiavinato (Progressistas), de Toledo, fez automaticamente surgir no meio político da região o seguinte questionamento: quem pode ser o candidato à Câmara Federal em 2022 para preencher a lacuna deixada pelo progressista?

Lideranças ouvidas pelo Jornal O Presente têm na ponta da língua o nome mais viável e lembrado: o ex-deputado federal Dilceu Sperafico (Progressistas), que justamente deixou a vida pública em 2018 para dar espaço a Schiavinato.

Nesta semana, Sperafico recebeu a reportagem para conceder sua primeira entrevista a um jornal impresso após a morte do companheiro político e de partido. Na oportunidade, ele respondeu à pergunta que todos querem saber. Confira.

 

O Presente (OP): O senhor ficou no mês de fevereiro internado, sendo que foram 20 dias de UTI, e houve aproximadamente 70% do comprometimento pulmonar, após ter contraído Covid-19. Como está o seu estado de saúde hoje?
Dilceu Sperafico (DS): Hoje meu estado de saúde está muito bom. A minha recuperação está um pouco lenta, mas bem tranquila. Hoje o único sintoma que ainda sinto é o cansaço, que, segundo os médicos, pode demorar até seis meses para passar. Faço fisioterapia três vezes por semana e caminhadas, conforme orientação médica. Estou me sentindo muito bem e não fiquei com nenhuma sequela da Covid.

 

OP: Há poucos dias a região perdeu o deputado federal José Carlos Schiavinato para o coronavírus. Qual legado o senhor avalia que ele deixa para o Oeste do Paraná?
DS: Em primeiro lugar, foi algo muito lamentável para o Oeste, para o Paraná e até para o Brasil. O Schiavinato foi um prefeito (de Toledo) espetacular, como todo mundo sabe, e um deputado estadual atuante e agora como deputado federal, apesar do problema da Covid que não permite que o trabalho seja realizado de forma presencial. Ele teve a infelicidade de ser contaminado e não conseguiu superar. Para nós, de Toledo, e para o Oeste do Paraná isso representa uma perda incalculável. Não podemos avaliar o quanto isso vai fazer a diferença. A prova é que têm pessoas, do secretariado dele, planejando fazer uma homenagem em reconhecimento ao trabalho do Schiavinato, quando faria aniversário, em setembro. Acho uma homenagem muito justa. Nós perdemos um líder. É lamentável.

 

OP: Estamos a aproximadamente um ano e meio da eleição de 2022. Muitas lideranças entendem que não há tempo hábil em preparar um nome para lançar no Progressistas visando ocupar o espaço do Schiavinato. Com isso, muitos falam do senhor. Há disposição em ser candidato a deputado federal?
DS: Ninguém estava esperando essa ausência do Schiavinato. Logo ao falecimento não quisemos pensar nisso. Agora as questões estão surgindo e diariamente há pessoas me procurando. O que posso dizer é que nós teremos um candidato a deputado federal, com o meu apoio e da sociedade de Toledo, com certeza. Quem é ainda não está definido. Minha pretensão não é concorrer para deputado federal e, sim, me colocar à disposição para estar na chapa majoritária do Governo do Estado. Por quê? Porque o Oeste do Paraná é o maior produtor agropecuário, tem uma grande população, um PIB (produto interno bruto) muito forte e está mal representado. Vou me colocar à disposição. Se der certo, disputo a colocação para ser candidato a vice-governador.

 

OP: Esse candidato a deputado federal deve ser do PP?
DS: Obrigatoriamente não. Tem que haver alianças, comprometimento, tem que ser uma pessoa alinhada. Não vamos querer apoiar uma pessoa de esquerda. Queremos apoiar uma pessoa de centro-direita, no caso até mais alinhada ao presidente Jair Bolsonaro. Temos ainda dúvida em qual partido o Bolsonaro vai se filiar, talvez até disputando no mesmo partido do presidente, isso é possível, ou no PP.

 

OP: Mas há algum nome? Estamos há um ano e meio da eleição.
DS: Estamos vislumbrando nomes. Tem muita cogitação em cima do Natan (Sperafico, filho de Dilceu). Ele não foi eleito deputado estadual (em 2018) porque havia dez candidatos aqui em Toledo e o momento foi diferente. A prova é que Marechal Cândido Rondon tinha dois deputados atuantes e nenhum foi reeleito na oportunidade. O Natan foi o candidato a deputado estadual mais votado de Toledo, porque recebeu votos regionais. Então é um nome que se cogita, mas outros também são levantados. Eu não posso ficar citando nomes, porque talvez a pessoa não queira. No entanto, logo isso vai surgir. O que temos certeza é que teremos candidato a deputado federal e a estadual.

 

OP: Quem seria o candidato a deputado estadual?
DS: São vários nomes possíveis. O (advogado) Ruy Fonsatti Junior é um nome que já está falando em ser candidato, o (empresário) Luciano Schneider também é um bom nome, o próprio Lucio de Marchi, que foi prefeito de Toledo, e mais alguns.

 

OP: E qual a chance de o Dilceu Sperafico ser candidato a deputado federal?
DS: Creio que é mínima.

 

OP: O senhor tem conversado com as lideranças visando uma costura de alianças para eventualmente ser candidato a vice-governador?
DS: Não, pois não sou eu quem vai fazer isso. Quem tem que fazer isso são os interessados do Oeste do Paraná, são as cooperativas, os prefeitos etc. E apenas se tiver liga. Se não tiver, eu já contribuí com a minha parte nos 24 anos como deputado federal.

 

OP: Significa que não necessariamente o senhor volta à vida política ano que vem?
DS: Não. Se não for uma oportunidade adequada e a vontade realmente do grande grupo político, eu continuo apoiando, isso sim, mas não como candidato.

 

OP: A sua intenção em ser candidato a vice-governador seria para a chapa do governador Ratinho Junior (PSD)?
DS: A princípio na chapa do Ratinho.

 

OP: Se não for para ser candidato a vice-governador do Ratinho Junior, o senhor pode ser candidato em outra chapa majoritária?
DS: Creio que não.

 

OP: Por quê?
DS: Porque eu vejo que, neste momento, eu me alinho e sou amigo do governador. Seria muito difícil ser candidato contra ele.

 

OP: O senhor foi deputado federal por seis mandatos. Por que agora o desejo em ser candidato a vice-governador?
DS: Sempre estive no Legislativo, mas minha vocação maior foi no Executivo. Porém, o momento e a oportunidade eram para isso (ser deputado). Tive a chance de ir para o Executivo algumas vezes, pois em algumas eleições fui convidado para participar de chapa majoritária. Na época me senti muito responsabilizado de o Oeste ficar sem representação federal. Se eu não tivesse concorrido naquelas eleições teríamos ficado sem deputado federal.

 

OP: O senhor vê algum nome que desponta com possibilidade de polarizar a eleição ao Governo do Estado com o Ratinho?
DS: Até o presente momento, não. Mas todo mundo sabe que sempre pode surgir. Ninguém imaginava que o Bolsonaro surgiria daquela forma e fosse eleito presidente do Brasil. Assim pode ocorrer no Paraná, no futuro.

 

OP: Existe a possibilidade do deputado estadual Marcel Micheletto (PL) ser candidato a deputado federal. Isso pode atrapalhar os planos do grupo político do PP de Toledo?
DS: Não. O espaço é grande e tem espaço para muita gente. Inclusive o espaço que o Micheletto vai tomar é grande parte do candidato que ele apoiou, que é do deputado federal Sérgio Souza (MDB).

 

OP: Marechal Rondon perdeu dois deputados estaduais na eleição passada. Toledo perdeu sua representatividade na Assembleia Legislativa e agora na Câmara dos Deputados. O senhor acha que estes municípios conseguem novamente eleger representantes?
DS: Eu acho bastante difícil, mas vejo como uma necessidade nos unirmos em cima de alguns nomes que têm potencial, pois não adianta se unir sobre quem não tem chance, e voltar a recuperar parte desta representatividade. Nós temos uma divisão muito clara: é de Toledo a Guaíra, de Toledo a Foz do Iguaçu, de Toledo a Cianorte. Esta é a nossa região. Cascavel para lá não é mais a nossa região, porque há outros líderes que se preocupam com a parte deles. Nós temos que nos preocupar com o extremo Oeste. Acredito que em um trabalho organizado podemos eleger uns três deputados estaduais e pelo menos um ou dois federais.

Ex-deputado federal Dilceu Sperafico: “Vejo chance de eleger um (deputado estadual) em Marechal Rondon, mas dois já é difícil” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

OP: Marechal Rondon consegue eleger?
DS: Marechal tem chance, mas depende. Creio que o município precisa fazer o que nós pretendemos fazer aqui, que é lançar um candidato de consenso.

 

OP: Hoje existem dois nomes em Marechal Rondon que são cotados como pré-candidatos a deputado estadual, que é o prefeito Marcio Rauber (DEM) e o vereador Arion Nasihgil (Progressistas). Algum destes nomes possui viabilidade?
DS: Tem. Marechal Rondon tem um povo muito politizado e vai saber da importância que é ter um representante na Assembleia Legislativa. Essa importância o município conhece porque a vida inteira teve deputado. Hoje, por sinal, os dois suplentes (Ademir Bier, do PSD, e Elio Rusch, do DEM) assumiram o mandato, mesmo que temporário. Vejo chance de eleger um em Marechal Rondon, mas dois já é difícil.

 

OP: O governador Ratinho Junior tem enfrentado alguns obstáculos em sua gestão, como as críticas em relação ao lockdown e as discussões envolvendo as concessões de rodovias. No contexto, como o senhor tem avaliado a condução dos trabalhos por parte dele?
DS: Nenhum governo tem facilidade para governar um Estado, e um Estado como o Paraná. Essa questão da pandemia é muito difícil. O Bolsonaro é contra o fechamento horizontal e a favor do vertical. Para ele, quem deveria ficar em casa são os que estão nos grupos de risco, como idosos, quem possui comorbidades e assim por diante, e não fechar o comércio e indústria. Vou citar um exemplo: são fechadas as pequenas feiras, mas ficam abertos os supermercados. Acho isso um absurdo, ainda mais reduzindo o horário de atendimento, que aglomerava mais pessoas. Houve falhas realmente e poderia ter sido um pouco diferente. Mas ninguém imaginava que esse problema da pandemia se estenderia por tanto tempo. O governador tem sofrido alguns reveses, mas sempre procurou fazer o melhor. Na parte das concessões, tenho certeza que ele vai entender, no final, e ajudar a ajustar o que é melhor para o Paraná.

 

OP: O senhor é um apoiador do presidente Bolsonaro. Há sinalização de que o vice-presidente Hamilton Mourão não deve disputar a reeleição. Tem espaço para o PP na chapa majoritária?
DS: Não vejo espaço para partido algum, mas para o tipo de pessoa. Por exemplo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, é um nome fantástico para ser candidato a vice-presidente, independente de qual partido estiver. O Bolsonaro não vai olhar partido. Ele vai olhar pessoas.

 

OP: Qual partido o senhor considera como interessante para o presidente se filiar?
DS: Em primeiro lugar, eu acho mais interessante o nosso Progressistas. Ouvi muita conversa de que ele está propenso em ir para o Patriota.

 

OP: A CPI da Covid pode prejudicar o governo federal?
DS: Eu creio que não. O governo não tem nada de errado. O governo está fazendo um esforço muito grande. Aquilo que o Bolsonaro às vezes expressa e não é do agrado de todo mundo, não é o que vai interferir nas decisões. O governo federal se preocupou em arrumar dinheiro para todos os Estados, para todos os municípios, em abundância para atender a Covid. O governo está comprando as vacinas, está aplicando as vacinas, e matou a fome de 56 milhões de brasileiros com o programa do auxílio emergencial. Isso foi fundamental para que a população não passasse fome. Então o governo fez a parte dele. É lógico que o Brasil não tem dinheiro sobrando e, inclusive, vai fazer falta esse recurso, mas o governo trabalhou certo. Portanto, não creio que a CPI vai atrapalhar. Vai incomodar porque a oposição é muito ferrenha, não quer o bem do Brasil, quer transformar o nosso país em uma Venezuela. E a grande imprensa nacional vai focar sempre as partes negativas, nunca a parte positiva, o que influencia um pouco a população. Penso que o apoio ao Bolsonaro vai continuar e ele deve ser reeleito presidente do Brasil.

 

OP: O senhor acha que a eleição do ano que vem será polarizada entre o presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula (PT)?
DS: Creio que será polarizada entre Bolsonaro e esquerda. Não sei quem será o candidato de esquerda.

 

OP: O senhor acredita que falta articulação política do governo para conseguir maior apoio do Congresso?
DS: Isso é um pouco complexo. A articulação política no Brasil é diferente, porque vai muito de concessões. O Bolsonaro não está a fim de fazer muita concessão. Com isso, a articulação política se torna um tanto quanto diferente e difícil. Acredito que independente desta articulação política a força do nome Bolsonaro, e o que ele está fazendo pelo Brasil, o povo vai entender que ele deve continuar.

 

Por Maria Cristina Kunzler/O Presente

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