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Política De volta à Câmara

“Farei uma oposição propositiva, mas não vou deixar de fiscalizar os atos do Executivo”, afirma Moacir Froehlich

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Moacir Froehlich: “Eu sabia que seria difícil evitar dos meus concorrentes a pecha de que o Moacir estava eleito, ‘vai ser o mais votado e por isso não precisa do seu voto’. Isso me prejudicou, mas sou grato pelos 1.007 votos que conquistei. Uma votação maior ou menor não vai prejudicar meu trabalho na Câmara” (Foto: Ana Paula Wilmsen/OP)

Após oito anos no comando da Prefeitura de Marechal Cândido Rondon (2009 a 2016), o ex-prefeito Moacir Luiz Froehlich (MDB) assume um novo papel na política local: ser vereador a partir de 1º de janeiro, representando os rondonenses junto ao Poder Legislativo até 2024. Depois de 24 anos ele retorna à Casa de Leis, onde já ocupou uma cadeira entre 1997 e 2000.

Froehlich foi eleito no último domingo (15) com 1.007 votos, sendo o segundo mais votado do grupo de oposição e o mais votado do MDB, que elegeu ainda outros dois vereadores – João Eduardo dos Santos (Juca) e Iloir de Lima (Padeiro).

Em vista ao O Presente, nesta semana, o ex-prefeito falou dos desafios da campanha e da expectativa para o seu mandato. Também fez uma análise do resultado das urnas, tanto em relação ao seu partido quanto à votação histórica alcançada por Marcio Rauber e Ilario Hosftaetter (Ila) (79%).

 

O Presente (OP): Depois de 24 anos, o senhor volta para a Câmara. Que sentimento isso lhe traz?

Moacir Froehlich (MF): Foi uma Casa onde tive um mandato e uma experiência muito válida, porque até então eu tinha sido profissional, técnico, diretor e secretário municipal de Agricultura. Em 1996 o então prefeito (Ademir Bier) me convidou para ser candidato a vereador e fui eleito para o mandato de 1997 a 2000. A partir daí alcei sempre projetos de candidaturas majoritárias. Agora voltarei ao Legislativo e pretendo aplicar toda a experiência adquirida até aqui em prol do município.

 

OP: Qual é a sua expectativa para o mandato que começa daqui a 42 dias?

MF: Pretendo usar a minha experiência em prol dos rondonenses. Quero fazer um bom trabalho para o povo de Marechal Rondon.

 

OP: Com a maioria dos vereadores eleitos sendo do grupo de situação, o que esperar da legislatura 2021/2024? Será mais tranquila do que a atual, que foi bastante conturbada?

MF: Há temas no município que precisam ser resolvidos, mas o apontamento deve ser de alguém que tem conhecimento. Eu já estive dos dois lados, no Legislativo e no Executivo, e com a minha experiência a expectativa é de fazer um bom trabalho. Se o prefeito tiver iniciativas neste sentido, apoiarei, mas, se necessário, vou indicar o que não foi feito. Nesta legislatura houve muito tempo perdido com discussão de cassação e oitivas e não se cassou ninguém. Algumas questões precisam ser retomadas em todas as áreas para que a gente possa dizer que aqui é o melhor lugar do mundo para se viver.

 

OP: O senhor figurou nesta eleição como o sexto mais votado à Câmara, com 1.007 votos, sendo o segundo da oposição e o mais votado do MDB. Esperava fazer mais votos? Muitos apostavam que o senhor seria de longe o mais votado…

MF: Hoje estou em quinto lugar e se confirmar a eleição do (Vanderlei) Sauer vou para sexto lugar na votação. Havia uma fala de que o Moacir seria o mais votado e isso me preocupou de alguma maneira, conhecendo como é uma campanha política, e essa em especial muito diferente de outras, onde não podia reunir pessoas em comícios e reuniões grandes. Foi na sola do sapato, e eu sabia que seria difícil evitar dos meus concorrentes a pecha de que o Moacir estava eleito, ‘vai ser o mais votado e de que o Moacir não precisa do seu voto’. Expliquei para os apoiadores, quase todos voluntários, de que eu não estaria onipresente para fazer um segundo ou terceiro momento para ver se o eleitor se sensibilizou e acreditou na história do meu concorrente de que o Moacir vai estourar de voto, então vota para mim. Hoje é quarta (dia 18) e pela andança nos dois dias para agradecer soube de pessoas que dividiram os votos nas suas casas porque outros diziam que eu não precisava (já seria o mais votado). Esta é uma frase que nunca saiu da minha boca. Tentei mostrar com meu desprendimento e presença que estava pedindo o voto e precisando dele, o que em parte deu certo porque 1.007 votos é voto. Quando saiu o resultado vi umas carinhas pelos cantos e as pessoas falavam: Moacir, eu esperava dois mil votos. Mas eu estava tranquilo e estou muito grato pela votação. Sei que minha figura surgiu forte e que haveria busca pelos meus votos. Com exceção do Arion (Nasihgil) e de mim, que fizemos mais de mil votos, no caso dos vereadores ligados à prefeitura e que tiveram mais de mil votos, percebe-se que a máquina pública foi usada fortemente, mas não cabe a mim julgar. Quando precisarem de alguma coisa as pessoas vão pedir ao vereador ligado ao prefeito que ganha a eleição. A reta final de uma campanha é assim. Mas não vou me deixar abalar e isso em absoluto vai prejudicar meu trabalho na Câmara.

 

Ex-prefeito e vereador eleito Moacir Froehlich (MDB): “Não dá para fazer projeção nesse momento. Vou assumir meu mandato e fazer um bom trabalho. No futuro, se acharem que sou importante, estou à disposição, eu ou alguém. Mas o MDB vai projetar alguém em 2024 com certeza absoluta” (Foto: Ana Paula Wilmsen/OP)

 

OP: O senhor vai ser um vereador da bancada de oposição, junto de outros quatro. Como será a sua postura enquanto oposição?

MF: Meu pensamento é fazer oposição propositiva, porém, não vou deixar de fiscalizar os atos do Executivo. Tenho ideias boas pela minha experiência. Quando fizer um projeto vou chamar todos os vereadores para assinar comigo, incluindo aliados do prefeito. Não vou querer ser padrinho sozinho das obras porque normalmente elas não acontecem. Quando o nível de discussão em torno de um projeto é muito áspero como foi nesta legislatura, com agressões pessoais, normalmente vai para a gaveta ao chegar na mesa do prefeito. Contudo, quando discutido harmonicamente e com apadrinhamento de todos ou de grande parte o prefeito se sente à vontade em aplicá-lo porque representará toda a comunidade, independente do reduto eleitoral.

 

OP: O MDB conseguiu eleger três vereadores. Qual avaliação o senhor faz do seu partido nas urnas?

MF: O MDB passou por um processo de esvaziamento com a saída do ex-deputado Ademir (Bier), sua esposa Roseli, (Luiz Carlos) Cardozo e outros. Aceitei a condição de candidato a vereador para motivar a militância. Somos o maior partido do município em número de filiados, eu sou o decano e muitos disseram: ‘Moacir, vai ser seu papel liderar a recuperação do partido em vereadores eleitos. Você puxa a frente’. O presidente do MDB, Josoé Pedralli, pediu apoio porque para a próxima vereança havia uma incógnita. Este é o único partido que fui filiado e não tem porque eu sair. Por conta disso vários candidatos e eleitos inclusive se filiaram no MDB na perspectiva do Moacir ser o mais votado e de fato fui o mais votado do partido com 1.007 votos, mas se fizesse 1,5 mil não vejo que faria mais um vereador. Nós estamos na fase de recuperação do partido, a Maria Cleonice (Froehlich, minha esposa) havia saído, mas retornou e está militando. Não temos motivos para nos envergonhar.

 

OP: A coligação “Meu voto de fé” não conseguiu eleger Josoé Pedralli, do MDB, prefeito, nem fazer uma votação expressiva. Qual avaliação o senhor faz desse cenário?

MF: Um ditado antigo diz que quando se ganha, todos ganharam e quando se perde, você é órfão, e aí se buscam os culpados, mas quando se está sozinho você foi o perdedor. Na verdade um avião não cai por um motivo só, há uma sucessão de erros para que um avião caia. Talvez o que aconteceu nessa eleição é fruto de uma sucessão de erros praticados. Se for olhar, quantos dos que estão atualmente ligados à administração passaram pelo MDB e pelo PP? São erros de cá que fazem alguns migrarem para lá na perspectiva de continuar tendo mandato e fazer algo por Marechal Rondon. Não posso ficar chateado com essas pessoas porque quando fui candidato todos estiveram comigo em 2008 e 2012 e se mudaram foi a partir de 2016, mas eu não era o candidato, não era meu papel tentá-los convencer a permanecer. Quem sabe alguns não se colocaram para concorrer com a perspectiva de segurar com algum compromisso fechado, de forma que (o eleitor) se sentisse inseguro com o candidato em disputa.

 

OP: O seu nome era cogitado para ser o candidato a prefeito do grupo de oposição, contudo, o senhor declinou e apoiou o Pedralli. Por fim, o Marcio Rauber acabou reeleito com o maior percentual de votos da história de Marechal Rondon. Qual sua análise sobre isso?

MF: Quando declinei da pré-candidatura em março porque não tive apoio de todos os partidos que estavam comigo na administração passada eu achei que estava contribuindo. Uma vez que não reuni a todos, dei um passo atrás por entender que outros iriam reunir. Pelo contrário, quando retirei minha pré-candidatura dividiu ainda mais a ponto de ter no grupo os mesmos votos para dois candidatos, que foram Pedralli e Lair Bersch (PDT), nem falo do (Luciano) Palagano porque os votos do PSOL não seriam em tese desse grupo. Essa divisão possibilitou que aquele eleitor que não é partidário e que olha a proposta e a viabilidade de eleição futura migrasse quase que integralmente para o Marcio Rauber. Se for olhar, com 79% dos votos há emedebistas que votaram no Marcio pela falta de perspectiva aqui. Isso é algo que não sabíamos, porém havia indicativos porque na caminhada sentíamos um pouco de resistência do eleitorado votar na oposição. Posso até votar em você, mas não no seu candidato. Foi feito um bom governo? Na minha opinião, regular, pois com o dinheiro que Rondon arrecada é possível fazer mais. Dá para sentir crescimento de obras e serviços no terceiro e quarto ano, já no primeiro e segundo pouca coisa. Dinheiro público no banco para mim e para muitos não é o melhor lugar para estar; eu não tinha dinheiro em banco, mas também não devia. O meu jeito de administrar é diferente do atual prefeito. Eu tenho mais arrojo. Assumi riscos por isso, sim. Estou respondendo alguns processos por causa disso, sim. Vamos ver neste segundo mandato, se agora muda o comportamento, se vai ser mais arrojado ou vai continuar nessa prudência.

 

OP: Passada a eleição, o MDB vai reestruturar o partido, mudar a presidência?

MF: Nós estamos na fase de recuperação do partido.

 

OP: Muitos especulam que o Moacir eleito vereador significa uma caminhada para outros cargos mais adiante. É verdade?

MF: Não dá para fazer projeção nesse momento. Vamos aguardar, assumir o mandato e fazer um bom trabalho. Cheguei a prefeito e outros cargos que ocupei até hoje trabalhando, não fazendo projeção tão distante e sem pisar em ninguém porque aí eu perco espaço. Serei qualquer coisa se fizer um bom trabalho e se me quiserem. Mesmo sendo uma eleição difícil, coloquei meu nome e se o grupo me abraçasse eu teria sido candidato a prefeito, vencendo ou perdendo. Se acharem que sou importante no contexto da continuidade, estou à disposição, eu ou alguém. Mas o MDB vai projetar alguém em 2024 com certeza absoluta.

 

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