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Política Entrevista ao O Presente

“Fui ficha suja oito anos por perseguição política, bobagem e traições”, diz Fumagali

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Candidato a vereador do PRTB, médico Italo Fumagali: “O nosso apoio é público, explícito, não tem nenhum impedimento de apoiarmos o Pedralli (MDB)” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

Aos 78 anos, o candidato a vereador pelo PRTB de Marechal Cândido Rondon, Italo Fumagali, é o mais idoso na disputa neste ano por uma cadeira na Câmara Municipal. Ele retornou ao cenário político após oito anos de inelegibilidade.

Em entrevista ao Jornal O Presente, Fumagali falou sobre ter declinado da candidatura a prefeito para ser candidato a vereador e a opção em apoiar o candidato a prefeito do MDB, Josoé Pedralli. Ele também comentou a respeito do indeferimento de sua candidatura, conforme decisão publicada ontem (19) pela Justiça Eleitoral, e adiantou que vai recorrer da decisão de primeira instância. Confira.

 

O Presente (OP): Inicialmente, o PRTB havia lhe escolhido como candidato a prefeito, mas depois houve a alteração pela candidatura a vereador com apoio ao candidato a prefeito do MDB, Josoé Pedralli. Por que desta mudança?

Italo Fumagali (IF): O objetivo era colocar minha experiência como cidadão e como político em nível municipal para a população como candidato a prefeito. Uma campanha para prefeito, se for feita com energia e vigor, tem uma exigência muito grande do candidato e do partido. O candidato e o partido não se sentiram capacitados para suprir essa demanda de energia que existia. Com muito contragosto eu declinei da minha candidatura (a prefeito) porque tenho conhecimento que considero muito grande da comunidade, do município, e tenho conhecimento das necessidades. Esse é o foco da política: atender as necessidades presentes e futuras da comunidade. Me considero conhecedor devido a minha vivência, porque estou aqui há mais de 50 anos. A mudança foi porque não iria poder fazer uma campanha como eu queria, apesar de que acho que tenho um capital político bom.

 

OP: A Justiça Eleitoral excluiu o PRTB da coligação MDB/Cidadania porque a decisão do partido em integrar o grupo ocorreu fora do prazo. Isso prejudica a campanha?

IF: Prejudica nada, vitimiza. Não ia mudar nada estar coligado ou não. O nosso apoio é público, explícito, não tem nenhum impedimento de apoiarmos o Pedralli. A Justiça Eleitoral foi formalista, mas não mudou nada, apenas nos vitimizou mais uma vez.

 

OP: O senhor está 100% fechado com o Pedralli?

IF: Sim, sem a menor dúvida. Não que dentro do grupo dele não tenha pessoas que não são dignas de confiança. Mas todos os grupos, partidos, são um corte da sociedade: tem a parte sadia e a parte que não é sadia.

 

OP: Com o fim da coligação na proporcional o PRTB lançou apenas o seu nome e da candidata Leila Dahmer. O senhor acredita que é possível uma eleição nesta condição?

IF: Vai ser um teste não só para nós. O nosso capital político é suficiente ou não? Vai ser um teste para a comunidade reconhecer que tem um candidato que tem uma larga experiência e não tem rabo preso. Se coloca 13 vereadores com o rabo preso na Câmara, fica uma Câmara murcha, subalterna, sem potencial para trabalhar pelo povo. É importante ter quem fale a verdade.

 

OP: Por que o senhor não optou em se filiar a algum partido que pudesse lhe dar maior chance de eleição?

IF: Foi oferecido, mas quando refluí a ideia de ser candidato a prefeito já era tarde. Assumo que de fato foi oferecido um partido bom, mas passou da hora. Fiquei com o PRTB que, na verdade, é um partido promissor. Pequeno agora, mas é promissor no Brasil.

 

OP: O senhor é um político com larga experiência no município. Aos 78 anos, faz parte do grupo de risco em meio à pandemia de Covid-19. Tem feito campanha nesta condição?

IF: Hoje a campanha é diferente. Até tempo atrás a mídia tradicional era fundamental. Hoje não há necessidade do corpo a corpo com a comunidade. Eu, como médico, acho que sou bem informado sobre a pandemia e sobre o vírus. Não tenho a menor dúvida que é um vírus perigoso, mas tudo é perigoso para um idoso ou para um jovem. Viver é perigoso. Não vamos nos enclausurar por causa do perigo do vírus ou pelo perigo da idade.

 

OP: O que lhe motiva a voltar à política nesta idade?

IF: Na realidade saí da política por perseguição política. Fui ficha suja oito anos por perseguição política, bobagem e traições. O meu carro, que tenho até hoje, está no nome de uma das minhas empresas. Tinha que ter declarado que eu, como dono da empresa e candidato, pagava aluguel. Não declarei. Fui inocente e meu contador não se alertou para isso. Os inimigos se alertaram e usaram esse pequeno problema para me declarar ficha suja. Foi ingenuidade nossa. Nestes oito anos fiquei refletindo e observando, então fui tirado da política. Agora estou à disposição da comunidade.

 

OP: O senhor ainda tem disposição política para continuar?

IF: Tenho, muita. Assim como eu não desisti de ser médico, mesmo que por perseguição política fecharam meu hospital e me impediram de ter um local onde eu pudesse operar. O hospital está interditado, não fechado, mas o objetivo deles (concorrentes) era fechar.

 

OP: O hospital não foi vendido em leilão?

IF: Isso é outra história. O leilão está sub judice e a posse está comigo. Estamos em recurso.

 

OP: O senhor ainda tem esperança de reabrir o hospital?

IF: Tenho. Sei que não é fácil, porque além da perseguição política, empresarial e profissional existe uma perseguição judicial.

 

OP: Por que o senhor acha que é tão perseguido?

IF: Eu não sou bom, super correto, mas se pegaram o cara lá que era bom, filho de Deus, e botaram na cruz, existem essas coisas dentro da comunidade. A humanidade é assim, em que uns pregam os outros.

 

OP: O senhor acha que o mundo está contra o Fumagali então?

IF: Não o mundo. Os justos estão comigo. A parte sadia da comunidade está comigo. O abaixo-assinado pela reabertura do hospital reuniu perto de dez mil assinaturas. Tem muita gente do meu lado.

 

OP: O senhor pretende recorrer do indeferimento da sua candidatura?

IF: Sim, vamos recorrer. É claro que o objetivo principal (candidatura a prefeito) eu renunciei, mas há os objetivos secundários. Temos que atingi-los.

 

OP: O senhor teme perder votos ao fazer uma campanha com o indeferimento da candidatura?

IF: Vamos fazer o recurso. É claro que sempre é obstáculo, mas se os obstáculos forem intransponíveis vamos ver como será minha atuação política depois. Enquanto eu estiver fisicamente me sentindo bem, intelectualmente bem, vou continuar na política com ou sem cargo.

 

OP: O apoio ao Pedralli foi condicionado a alguma troca?

IF: Sempre é. Ele tem compromisso comigo e eu tenho compromisso com ele. A associação política tem que ser boa para os dois.

 

OP: É possível revelar o acordo feito?

IF: Dá para imaginar. A minha experiência na saúde pública vai ficar à disposição dele.

 

OP: O senhor foi crítico do governo do ex-prefeito Moacir Froehlich (MDB) e agora apoia um candidato do MDB. Sente que o seu apoio foi bem recebido no partido?

IF: É claro que o Moacir é meu desafeto político. O meu apoio é para o candidato do MDB. Tem gente de lá que não gosta de mim, mas eu também não gosto deles. Política é assim, não se faz com santos e anjos. Se faz com homens e mulheres que são bons e úteis para a comunidade, e alguns que não são úteis. Isso é grupo político.

 

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