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Política Entrevista ao O Presente

MDB muda de comando com a missão de reorganizar o partido para 2022: “Queremos voltar a ser protagonista”, diz Sérgio Souza

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Novo presidente do MDB do Paraná, deputado federal Sérgio Souza: “São bons senadores, mas senadores de um discurso para o Brasil, e não de um cuidado específico para as causas do Paraná” (Foto: Divulgação/FPA)

O deputado federal Sérgio Souza assumiu no último dia 1º, provisoriamente, a presidência do MDB do Paraná. Nos próximos meses deve ser realizada convenção para escolha do novo diretório.

Em entrevista ao Jornal O Presente, o parlamentar nega que houve intervenção do MDB nacional para dissolver a agremiação paranaense. Disse que o principal objetivo atualmente é reorganizar o partido no Estado visando torná-lo novamente forte. “O MDB do Paraná tem adotado uma administração de forma pejorativa, porque vem diminuindo de tamanho dia a dia. O MDB, que é o maior partido do Brasil, no Paraná não chega nem na 10ª posição”, lamenta.

Questionado se pode ser o nome do partido para a disputa de uma vaga ao Senado ano que vem, tendo em vista que já ocupou uma cadeira na Casa, Sérgio Souza é enfático: “O Senado nos apetece muito. (…) Porém, acho difícil isso acontecer no ano que vem”. Confira.

 

O Presente (OP): Havia uma convenção do MDB marcada para o último sábado (27), mas antes o diretório nacional do partido fez uma intervenção e dissolveu o partido estadual. Quais os rumos da sigla de agora em diante?

Sérgio Souza (SS): Vamos primeiro esclarecer que não houve intervenção do MDB nacional no MDB do Paraná. Na verdade venceu o prazo do diretório ano passado e foi prorrogado até dia 28 de fevereiro. A então composição do diretório marcou convenção para o dia 27. O edital desta convenção foi publicado no dia 19 para ser realizado no próximo sábado, sendo que o prazo para protocolar chapas seria no próprio dia 19. Ninguém ficou sabendo da publicação da convenção no diário oficial. Só ficamos sabendo na segunda-feira (dia 22), na parte da manhã, quando houve a publicação no site do MDB, mas já não tinha mais prazo para montar chapa. Então o MDB nacional decidiu desautorizar a realização da convenção e nomeou uma comissão provisória a partir de 1º de março. Não houve intervenção. O que não houve foi autorização para fazer a convenção.

 

 OP: Essa comissão tem prazo específico de duração para marcar nova convenção?

SS: Tem. Ela tem duração de 90 dias, podendo ser prorrogada por mais duas vezes de 90 dias.

 

OP: O senhor pretende se colocar como candidato a presidente?

SS: Isso é algo para vermos lá na frente, mas tudo é possível. O que temos hoje é a missão de organizar o partido. O MDB, nos últimos dez anos, vem só diminuindo. Em 2010, salvo engano, tínhamos 16 deputados estaduais e seis deputados federais; em 2014, veio para nove deputados estaduais e quatro federais; e, em 2018, dois e dois. Tínhamos em torno de 120 prefeitos, caímos para 66 em 2016 e para 28 em 2020. É uma demonstração que o MDB do Paraná tem adotado uma administração de forma pejorativa, porque vem diminuindo de tamanho dia a dia. O MDB, que é o maior partido do Brasil, no Paraná não chega nem na 10ª posição.

 

 

OP: E como reverter este cenário do partido?

SS: Primeiro passo é organizar o partido. Organiza o partido conversando com a base, com os municípios, formando diretórios, incentivando candidaturas na proporcional na próxima eleição, podendo também haver candidatura na majoritária, mas podendo coligar para a majoritária na próxima eleição. Mas, o mais importante neste momento é trabalharmos para conseguir montar uma boa chapa de candidatos a deputados estaduais e federais para concorrer em 2022. Para isso, precisamos sair e trabalhar. O resultado de 2022 vai ter reflexo diretamente em 2026. E queremos, no mínimo, dobrar o número de prefeitos em 2026.

 

OP: Há muita especulação de que o ex-senador Roberto Requião (MDB) pode retornar à política como candidato a governador ano que vem. Já há alguma conversa neste sentido?

SS: Comigo nenhuma conversa.

 

OP: O senhor defende o nome dele?

SS: Não defendo e também não sou contra. O partido é democrático. Acho que essa é uma situação a ser tratada no futuro, depois da reorganização do partido. Como eu disse antes: o MDB pode, sim, buscar um caminho de candidatura própria, mas também pode buscar o caminho de coligações. A decisão será do diretório ou dos seus membros que votarão nas convenções em 2022.

 

OP: Como presidente atual do MDB, o senhor acha que na eleição de 2022 é importante apresentar um nome novo e ter essa renovação na disputa ao Governo do Estado, caso o partido decida ter candidatura própria?

SS: Acho que tem muita coisa para acontecer até lá. Temos que buscar construir um partido que consiga montar chapa. Estamos em um sistema novo de disputa eleitoral, em que a chapa é pura e não há coligação na proporcional. E sabemos das dificuldades dos partidos concluírem chapas para colocar nomes à disputa estadual e federal, como foi agora para vereador em 2020. Então este é o nosso principal foco neste momento: é reorganizarmos o partido para que o MDB tenha garantia de uma chapa de candidatos a deputados federais e estaduais. A eleição majoritária tem tempo para se discutir.

 

 OP: Com o fim da coligação na proporcional, existe tendência do MDB receber mais lideranças ano que vem? Já há negociações neste sentido?

SS: Em Brasília há várias propostas tramitando para mudar o sistema, podendo voltar o anterior, que permite coligação; podendo ir para um sistema de distritão; pode ir para um sistema de distritão com obrigação de quociente eleitoral; e pode ficar do jeito que está. As propostas vão tramitar durante este ano e há prazo até setembro para promover alterações neste sentido.

 

OP: O senhor acha que ainda há possibilidade de haver alteração para a eleição de 2022?

SS: Tentativa haverá, mas não sei se muda. O meu partido, por enquanto, está defendendo manter o sistema como está.

  

OP: O senhor pode ser um nome do MDB para a disputa ao Senado em 2022?

SS: O Senado nos apetece muito. Já passamos por lá. Porém, acho difícil isso acontecer no ano que vem. Não descartamos uma possibilidade como essa, mas mais para frente. Já passamos pelo Senado e sabemos que a função de um senador é cuidar das causas do seu Estado. Desde que estive no Senado e agora nestes dois mandatos de deputado federal, continuamos cuidando das causas do Estado como macro. Na questão do nosso setor agropecuário, hoje sou líder da bancada ruralista no Congresso Nacional. Em relação aos pedágios do Paraná, se não fossemos nós, lá atrás, em ter proibido a prorrogação dos atuais contratos, não estaríamos nesta discussão hoje. Sempre cuidamos das causas macro do Estado e o que percebemos é que o Paraná está carente de lideranças no Senado Federal que defendam interesses do Estado. Se comparar com outras unidades federativas, verá senadores muito mais atuantes em defesa das causas dos seus Estados do que temos aqui no Paraná.

 

OP: Isso é de certa forma uma crítica à bancada de senadores, não?

SS: Quando estive lá (Senado), fui buscar as informações de que a função de um senador é fazer a representação da sua unidade federativa na casa maior. É defender os interesses da sua unidade federativa e estar em sintonia com as questões que acontecem no seu Estado, para defender no âmbito do Congresso Nacional. Eu percebo que o Paraná está muito carente disso. Lógico que são bons senadores, mas senadores de um discurso para o Brasil, e não de um cuidado específico para as causas do Paraná.

 

OP: Tramita na Câmara dos Deputados a PEC da Imunidade, ou PEC da Impunidade. Qual a sua opinião a respeito desta Proposta de Emenda Constitucional?

SS: É muito triste ver no momento seguinte à votação da manutenção de um deputado na prisão a tentativa em mudar a Constituição para um lado que vem a proteger um pouco melhor o parlamentar. É triste isso. No entanto, acho que precisa esclarecer alguns pontos sobre o momento que se dá imunidade parlamentar e como deveria funcionar. A palavra imunidade parlamentar, seja de um vereador, deputado estadual, deputado federal ou senador, não é em qualquer circunstância. Ela é em momentos muito específicos e que dizem respeito ao mandato. Lógico que a livre palavra e a crítica são importantes no exercício do mandato e a Constituição trouxe isso, em 1988, em um sentido de não ter a palavra do parlamentar cassada ou calada, pois a ditadura fazia isso. Destituía o Parlamento e o Judiciário com um ato institucional qualquer e calava todo mundo. Havia uma perseguição neste sentido. A imunidade parlamentar veio justamente para garantir as prerrogativas do parlamentar. Agora se o parlamentar extrapola nas suas posições e suas colocações não condizem com o mandato, temos que deixar isso bem definido na legislação. A sociedade brasileira não pode entender que o Congresso quer aprovar algo na calada da noite. Não pode. O Parlamento brasileiro, a casa do povo, tem que ser transparente. Manda (a PEC) para uma comissão especial e vamos debater isso com profundidade para saber o que precisa avançar e o que precisa retroagir.

 

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