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Política Entrevista ao O Presente

“Meu partido está na oposição, mas não sou um oposicionista”, frisa Juca, vereador mais jovem da próxima legislatura

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Vereador eleito Juca (MDB): “Quero trabalhar muito. O que me propus a fazer vai ser cumprido. Falei que sonho ser prefeito, mas não é momento de falar se daqui para frente, no futuro, eu vou conseguir ter um crescimento. Agora, quero mostrar o trabalho que é possível desenvolver” (Foto: Ana Paula Wilmsen/OP)

Os eleitores de Marechal Cândido Rondon conduziram, no último domingo (15), o jovem João Eduardo dos Santos (Juca) (MDB), de 21 anos, para ocupar uma das cadeiras na Câmara Municipal na legislatura 2021/2024.

Ao obter 811 votos, Juca passa a ser o segundo vereador mais jovem da história do município. O Jornal O Presente buscou informações junto à Casa de Leis e confirmou que Nilton Hamm foi eleito, em 1976, com apenas 20 anos e dez meses, também pelo MDB, tendo conquistado 998 votos.

Em visita ao Jornal O Presente, Juca falou sobre o resultado de domingo, suas expectativas para o mandato de vereador e voltou a frisar que foi eleito pelo grupo de oposição, mas não se considera um político oposicionista. Confira.

 

O Presente (OP): Aos 21 anos, você será o vereador mais jovem da próxima legislatura. Qual a expectativa enquanto futuro legislador rondonense?

João Eduardo dos Santos (JES): Tive a oportunidade de ser eleito com 811 votos, uma votação expressiva. Eu fui o 9º mais votado, mostrando que as pessoas estão acreditando na renovação, na voz da juventude e em toda a nossa força. Mas uma coisa que sempre quis destacar na nossa campanha é que apesar de ser uma pessoa jovem de idade, eu me preparei e busquei mostrar o conhecimento que é necessário para atuar como um vereador do nosso município. Nós precisamos ter um foco, um conhecimento e um estudo para estar à frente da população e colocar as boas ideias que o nosso município merece. Eu fico feliz, muito agradecido por todas essas pessoas que confiaram no nosso trabalho, no Juca, e que estavam levando isso adiante.

 

OP: Muitas pessoas veem hoje você entrando na política, mas tem uma história por trás de tudo isso desde os tempos do colégio. Conta para os leitores um pouco da sua trajetória.

JES: Exatamente. No ano de 2014, no Colégio Luterano Rui Barbosa, refundamos o Grêmio Estudantil. Fui presidente e fundador. Na época, em um grupo de jovens também refundamos a Associação Rondonense dos Estudantes Secundaristas, a Ares, em que fui presidente novamente. Fui o primeiro presidente do Conjuve, o Conselho Municipal de Juventude, em parceria com a prefeitura. Em 2015 participei de um projeto em Brasília, na Câmara dos Deputados, que se chama Parlamento Jovem Brasileiro, onde já mostrava um pouco mais essa vontade, esse engajamento político e, na época, me filiei. Fui vice-presidente e presidente do MDB Jovem. Hoje sou formado em Gestão Pública e estou no último ano de Direito.

 

OP: Foi surpresa essa votação expressiva?

JES: Até o momento que as urnas fecham ninguém está eleito ou não. A gente consegue fazer projeções e existiam em Marechal algumas pesquisas eleitorais que não foram oficializadas, mas buscamos entender qual é a projeção de cada candidato. Eu, particularmente, marinheiro de primeira viagem, não sabia quantos votos teria a possibilidade de fazer, mas é pelas pessoas que acreditaram, que levaram adiante o nosso projeto que chegamos nessa votação. Uma coisa que destaquei até o momento foi que fiquei em 9º lugar, acima de mim só o Sargento Dionir (DEM), que é um candidato em sua primeira vez na política, fez 946 votos. Os outros sete já são políticos, pessoas que em algum momento já participaram ou que estão sendo reeleitos. Isso mostra que foi uma votação muito importante e que a gente atingiu um bom resultado, porque logo na primeira, sem uma base formada, não sou filho de político, nunca tive um cargo comissionado, tivemos que construir quem era o Juca e quem eram as pessoas que me apoiariam. Tudo isso foi muito importante para atingir esses 811 votos.

 

OP: Você entra na política pela oposição. De que forma você pensa em traçar uma estratégia junto ao grupo?

JES: Eu fui eleito pelo grupo de oposição, meu partido está na oposição, mas não sou um oposicionista e gosto de deixar isso muito claro. As boas ideias vou ser sempre a favor e as ideias que puderem ser criticadas vou sempre buscar as soluções, colocando para os demais vereadores o que a gente poderia melhorar. O nosso grupo visivelmente passou por uma debandada e muitas pessoas tentaram rumar seus próprios caminhos. Hoje não temos um líder realmente da oposição, uma pessoa que estivesse falando por todo esse grupo. Os nossos partidos precisam dentro de um grupo ter uma conversa, estruturar a postura de trabalho e sei que os cinco vereadores que foram eleitos são pessoas competentíssimas, muito bem preparadas para fazer esse trabalho e mostrar uma atuação crítica nos momentos necessários, mas também que não seja sistemática. Ninguém mais aguenta ver políticos sistemáticos, que atacam as outras pessoas. Isso não está certo. Acredito que na política não temos que trabalhar assim, precisamos discutir as ideias e os projetos que são bons para Marechal Rondon. Sempre tentei dar um enfoque nisso e, é claro, respeito o nosso grupo e todas as pessoas que estão inseridas nele, mas tendo um bom diálogo com todos os vereadores.

 

Aos 21 anos, João Eduardo dos Santos (Juca) será o vereador mais jovem da próxima legislatura: “O slogan da minha campanha foi ‘O futuro que queremos’, o que estamos construindo para o futuro que nós queremos para Marechal Rondon. Este é o grande norte do meu trabalho” (Foto: Ana Paula Wilmsen/OP)

 

OP: Alguns vereadores entram com causas e bandeiras. Você entra com qual bandeira? Qual é sua estratégia de trabalho para a Câmara de Vereadores?

JES: Acredito que nós, representantes, precisamos olhar para a cidade como um todo. Nós temos áreas de muita importância, como saúde, educação, segurança e agricultura, que devem ser focadas e que fazem uma grande diferença no nosso município. Como sou um representante jovem e busquei a juventude para levar isso adiante, quero estar disposto a colocar as ideias e um modo de pensar diferente com base no que a nossa juventude tem me pedido e tem esperado. Coloquei na campanha que eu quero que daqui a dez ou 20 anos todos nós estejamos em uma cidade de ponta, uma cidade com qualidade de vida e que os nossos filhos, tanto quanto a gente que escolheu ficar em Marechal Rondon, permaneçam aqui. Então, o slogan da minha campanha foi “O futuro que queremos”, o que nós estamos construindo para o futuro que nós queremos para Marechal Rondon e o que estamos deixando à disposição. Este é o grande norte do meu trabalho.

 

OP: A coligação “Meu Voto de Fé” não conseguiu eleger o candidato a prefeito Josoé Pedralli (MDB). Sendo do MDB, qual sua avaliação? O que faltou?

JES: Sempre respeitei o nosso candidato a prefeito, que foi a pessoa escolhida. Não era uma pessoa bandeira branca, mas pautei e falei que sou independente ao partido. Tive minha campanha, com a minha estratégia e estava atuando em cima disso. Acredito que a vontade da população deve sempre ser respeitada. Se nossos munícipes em quase 80% disseram que o atual mandatário, Marcio Rauber, era a pessoa correta para continuar, isso precisa ser respeitado. Acho que não cabe a mim julgar a estratégia correta ou não da majoritária, justamente por eu ter focado na minha pessoa, na minha candidatura como vereador e não no partido. Algo que prezo muito é a gente votar nas pessoas e não necessariamente no partido político em que estão inseridas.

 

OP: Você acredita que a sua entrada na política, sendo eleito o vereador mais jovem da próxima legislatura, pode incentivar mais os jovens a seguir o mesmo caminho?

JES: Acredito que os nossos representantes, não necessariamente na política como estamos discutindo aqui, mas nas diversas áreas de atuação, não podem querer permanecer enraizados, fixos em um cargo. A rotatividade é sempre importante e boa, inclusive para que novas pessoas e novas ideias sejam colocadas para os seus liderados. Espero muito que isso ocorra nessa minha eleição, com este resultado. Mas a gente precisa de pessoas preparadas. Apenas dizer “eu sou jovem e por isso preciso ser eleito” não é suficiente. Deve existir um conhecimento, uma técnica e um preparo e vou ser sempre um incentivador, uma pessoa que espera criar novas lideranças que possam seguir isso e ocupar os espaços da mesma maneira que foi possível para nós.

 

OP: Observando esse trajeto todo que você planejou desde os seus 14 anos, o que pensa para o seu futuro político? O que você almeja para os próximos anos?

JES: É a primeira vez que fui eleito e que coloquei o meu nome à disposição, inclusive. Quero trabalhar muito como vereador e foi para isso que fui eleito. Quero mostrar o trabalho que é possível desenvolver. O que me propus a fazer vai ser cumprido. Falei aqui no Jornal O Presente, em uma entrevista, que sonho ser prefeito de Marechal Rondon e que nunca escondi isso, mas acho muito cedo e não é momento de falar se daqui para frente, no futuro, eu vou conseguir ter um crescimento, até porque é a população quem vai nos dizer como a atuação do Juca foi nesse período. Temos que assumir o cargo, começar a desenvolver o trabalho, buscar as pessoas, mostrar para o que a gente veio, o que é possível fazer para aí então planejar novos rumos.

 

OP: Mas existem pretensões?

JES: Com certeza, não vou negar, mas acho que é muito além de uma vontade minha. Isso vai de uma série de situações que são desenvolvidas, vai do apoio que conseguimos conquistar e vai, principalmente, do que sentimos dos eleitores, da população e do trabalho que é desenvolvido.

 

OP: Falando em MDB, como você vê hoje a estruturação do partido em Marechal Rondon? Acredita que está sólida como foi em outros anos?

JES: Quando o MDB estava na prefeitura, quando tínhamos um mandatário, por óbvio estava mais estruturado, porque as pessoas buscam um lugar em que elas tenham oportunidade de desenvolver o seu trabalho. De quatro anos para cá, tivemos um decréscimo de pessoas, de vereadores que foram eleitos e mudaram de partido, o que acho natural. Na política cada um vai traçando os seus rumos, vai observando o que é possível para o seu próprio desenvolvimento e do grupo, mas nós elegemos três vereadores. Eu, o Moacir Froehlich e o Padeiro (Iloir de Lima) somos três representantes do MDB na Câmara e vamos trabalhar juntos por isso. Nós temos ainda a maior quantidade de filiados no município, são muitas pessoas que estão dentro desse grupo e sempre tivemos essa expressividade. Então, acho que apesar de termos reduzido a estrutura e até um pouco da influência que tínhamos na trajetória política, o que também penso ser natural nesses ciclos, temos a possibilidade de realizar um bom trabalho e levar adiante esse grupo.

 

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