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Política Entrevista ao O Presente

“Não gostaria de uma coligação do MDB com o PT”, declara Sérgio Souza

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Deputado federal Sérgio Souza: “Não acredito na candidatura do meu partido (ao Governo do Estado). Tenho a opinião de que alguns que controlam o partido, se não puderem ser (candidatos), não deixam outros ser também e nem crescer para poder ser” (Foto: Luis Macedo)

Sérgio Souza (MDB) foi o terceiro candidato a deputado federal, em 2014, que mais obteve votos na eleição passada em Marechal Cândido Rondon. Conduzido para seu primeiro mandato na Câmara, quatro anos mais tarde teve a chance, mas optou em permanecer no partido, mesmo sabendo que para isso, dependendo da coligação, precisará ampliar consideravelmente sua votação, que foi de 77.699 sufrágios aquele ano.

Durante o mandato, o parlamentar ganhou projeção. Hoje, é considerado um político com prestígio junto ao governo federal. Tanto que foi um dos responsáveis pela indicação do novo diretor-geral da Itaipu.

Em entrevista ao Jornal O Presente, Sérgio Souza falou sobre a situação do MDB paranaense e que não defende uma coligação com o PT, que no cenário político está muito desgastado. Confira.

 

O Presente (OP): Havia expectativa de que o senhor poderia sair do MDB, mas ao final sua opção foi em permanecer. No seu projeto político-eleitoral se sente confortável no partido hoje?

Sérgio Souza (SS): Eu já havia declarado que não era impossível, mas nunca tive vontade em sair do MDB. Diferente do Ademir Bier, que é um grande parceiro em dobrada no Oeste do Paraná e que via uma dificuldade eleitoral dentro do MDB, ele corria o risco de não ser deputado. Fiz minhas análises e sou do MDB que aqui em Brasília há pessoas que, em grande parte, são do meu convívio. São pessoas da minha articulação política. No caso do Bier, o MDB encolheu no Paraná enormemente, em Brasília não. As pessoas falam que pode haver uma legenda alta, mas aí tem que trabalhar e arrumar mais votos para melhorar bem a votação, inclusive na região de Marechal Cândido Rondon. Não queremos melhorar pensando por sermos um político mais conhecido, mas porque fizemos um trabalho diferenciado. Quero oferecer à população do Oeste do Paraná o meu nome como um dos que tem feito diferença em Brasília. No setor agro, com todo respeito aos demais colegas, sou o mais ativo no Parlamento brasileiro e sou um dos mais ativos do Brasil. E o agro que move nosso Paraná e o Oeste do Paraná. Tenho atuação em questões de infraestrutura, fiscalização e combate à corrupção. Então quero novamente colocar meu nome à disposição do Paraná, especialmente do Oeste, onde tive na última eleição uma votação diferenciada e com potencial de melhorar muito nesta campanha.

 

OP: Quantos votos o senhor estima que serão necessários para ser eventualmente reeleito?

SS: Uma candidatura a deputado federal é preciso pensar acima de 100 mil votos. Não daria conforto e nem garantia, mas não precisaria depender de partido ou de coligação. Uma candidatura a deputado estadual, conforme as circunstâncias, na média são necessários na faixa de 50 mil votos para não ter risco, mas dependendo da situação até pode ter. Agora não sabemos também como o eleitor vai votar no processo eleitoral. Acredito muito, mas muito mesmo no voto consciente. Acho que estamos vindo com um eleitor muito mais consciente do que nas eleições anteriores. E o eleitor é bairrista também, pois quer saber quem defende ele e os interesses de suas causas. O Paraná é diferenciado em relação ao Brasil e o Oeste do Paraná é diferenciado em relação ao Estado do ponto de vista dessa coisa partidária e política. 

 

OP: Hoje se fala muito em termos de coligações e com quem o MDB pode estar na eleição. Independente de quem for o escolhido candidato a governador pelo lado emedebista, o senhor pretende apoiar?

SS: Temos que aguardar. Já disse em outra entrevista que quando o Requião anunciou que seria candidato, que ele não seria. Cada dia mais óbvio que ele não quer disputar (o governo estadual). Não que ele não tenha condições, mas não quer mesmo. Ele quer é disputar o Senado e para construir essa relação é preciso buscar uma coligação. Essa coligação está ligada a uma possível candidatura do Osmar Dias (PDT). Mas o Osmar também é um pré-candidato ao Senado. Esta semana saiu uma pesquisa Ibope* interessante. O Osmar, que está em casa e não sai para a rua, aparece com 28%. A Cida (Borghetti, PP) está com 5% e está bom para quem começou do nada. Precisamos ver o que acontece na sequência. O Ratinho (Júnior, PSD) está com 34% e é necessário observar se consegue aumentar além disso. Para governo, não dá para dizer que esse é meu candidato ou aquele. Não acredito na candidatura do meu partido. Tenho a opinião de que alguns que controlam o partido, se não puderem ser (candidatos), não deixam outros ser também e nem crescer para poder ser. É preciso aguardar para ver o que acontece.

 

OP: Uma eventual coligação com o PT prejudica neste momento político?

SS: Penso que o problema no Brasil, no que diz respeito à corrupção, não é o partido. O problema são as pessoas, aquelas determinadas pessoas de alguns partidos. Tem muita gente boa no PT. A grande maioria saiu há bastante tempo, como teólogos, fundadores, muitos daqueles que tinham o partido como forma de ajudar o Brasil. E ficaram pessoas que controlavam o partido, que são “pensadores do mal”. Mas o problema não é PT, assim como não é MDB.

 

OP: Mas em termos de desgaste que o PT tem atualmente.

SS: Nos últimos anos, os partidos como um todo estão desgastados. Alguns mais e o PT, na minha opinião, é o maior, com mais desgaste. O MDB está desgastado, o PSDB é um partido desgastado, PP, PR. Veja o Democratas. Quem é Democratas? É Arena. Quem é Arena? É PFL. PFL, extremamente desgastado, precisou mudar de nome e agora surge como uma coisa nova. O problema é que existem muitas pessoas destes partidos em um cenário de denúncias e investigações. Isso complica. Não gostaria de uma coligação do MDB com o PT, mas não tenho controle partidário para influenciar nisso. Acho que teremos articulação para barrar, mas precisamos aguardar para ver. Daqui a pouco teremos que cuidar apenas da candidatura de deputado e deixar essa situação de governador para que definam o que vão fazer.

 

OP: No cenário nacional, o MDB vem ensaiando uma candidatura à Presidência. O presidente Michel Temer não descartou a possibilidade e o então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, se filiou ao partido de olho na majoritária. O senhor defende que a sigla lance candidato?

SS: O bacana da política é você conseguir implementar as ações ideológicas e partidárias quando ocupa espaço no poder. Já quando usa para o mal, acontece o que ocorreu nos últimos anos no Brasil. O Michel Temer, com todos os problemas que teve, como denúncias, inquéritos e assim por diante, na minha opinião foi o melhor presidente nos últimos anos do país. O problema é que as pessoas pensam que as coisas acontecem no Brasil por acaso. Não é por acaso que a taxa de juros chegou a 6,5%; não é por acaso que a inflação chegou a 2%; não é por acaso a retomada do crescimento; assim como não foi por acaso a crise econômica. A crise econômica de 2014, 2015 e 2016 foi gerada por uma crise política. Não havia crise econômica na Argentina, Uruguai ou Paraguai. A Europa tinha retomado o crescimento, a China voltou a crescer. Era só no Brasil que havia problema, e por questão política. Então o presidente Temer conseguiu implementar medidas que mudaram isso. Uma série de medidas foram adotadas e que trouxeram a confiança do mercado. Os investidores, sejam internos ou externos, estão investindo no país porque o Brasil promoveu uma estabilidade econômica e uma política de confiança. O Meirelles ajudou a fazer isso e agora pode ser uma opção. Vamos aguardar para ver. Ele não saiu do cargo para não ficar como uma opção.

 

* Pesquisa realizada pelo Ibope e encomendada pela Rádio CBN de Cascavel. Foram entrevistados 1.008 eleitores entre os dias 03 e 05 de abril. A margem de erro é de 3% para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob o número PR-06410/2018.

 

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