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Política Eleito ao 9º mandato

“Não tenho ambição de ser presidente, mas estou à disposição”, diz Pedro Rauber

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Vereador de Marechal Rondon, Pedro Rauber (DEM): “Se não tiver a maturidade suficiente de entre os oito escolher o presidente, aí é duro de se trabalhar na política” (Foto: Ana Paula Wilmsen/OP)

Pedro Rauber (DEM) trilha em Marechal Cândido Rondon uma trajetória marcante na política rondonense. No último dia 15, conquistou nas urnas o 9º mandato como vereador.

Em entrevista ao O Presente, ele falou sobre a disposição em continuar sendo um político atuante, fez uma avaliação da eleição e da votação expressiva de seu filho, o prefeito reeleito Marcio Rauber (DEM), e comentou a respeito da eleição da mesa diretiva da Câmara Municipal. Confira.

 

O Presente (OP): O senhor conquistou na eleição a marca histórica de nove mandatos como vereador de Marechal Rondon. Na sua avaliação, a que se deve essa trajetória de sucesso na política rondonense?

Pedro Rauber (PR): Eu devo reconhecer que minha militância política jamais me abandonou. Quero crer que seja pelo fato de que sempre assumi os mandatos com responsabilidade e, sobretudo, respeitando a nossa população, porque quem está na política às vezes imagina que está agindo corretamente e não dá ouvidos aos companheiros e à sociedade. A crítica construtiva é fundamental, isso sempre levei comigo e quero continuar agindo dessa forma. O povo espera de quem elege o melhor para desenvolver o município que representa. Acredito que no Paraná talvez seja um dos poucos, talvez o único, e isso se deve ao fato de eles entenderem que estamos fazendo um trabalho sério e focado em melhorar a nossa extraordinária cidade. Eu amo Marechal Cândido Rondon, eu vim muito jovem para cá e não poderia nem ser diferente. Seria muito triste eleger alguém que depois, no percurso do seu mandato, comete besteira e envergonha a sociedade. Da minha parte, podem ficar tranquilos. Assim como eu iniciei em 1976, quero continuar trabalhando junto com os demais vereadores para que possamos promover cada vez mais o desenvolvimento desse município.

 

OP: O que mudou na política neste período de 1976 para agora?

PR: Esta eleição foi bem atípica e chegou-se à conclusão, ao menos para mim, que não tem necessidade de uma campanha ser de 90 ou 120 dias. A pessoa que tem a condição de convencimento com o eleitor, com 30 dias, 40 ou no máximo 60 dias, é o suficiente. A eleição foi muito de visita pessoal, com as pessoas, com as famílias. Isso eu venho fazendo desde 1976. A visita é importante, porque em um comício ou grandes reuniões muitas vezes não conseguimos transmitir o que individualmente cada eleitor quer saber. Eu nunca esqueci de atender e brigar pelos nossos agricultores. Eu sei e todo mundo deve saber que é dali que vem grande fatia da arrecadação. Sempre dei atenção, tanto é verdade que nesta eleição fiz mais uma vez em torno de 600 votos só oriundos do interior e 800 aqui da cidade. Aumentei consideravelmente a minha votação e por isso ficamos felizes. É gratificante.

 

OP: Onde o senhor encontra disposição para ser vereador e um vereador atuante?

PR: Existiram nessa campanha pessoas que usaram a estratégia de dizer que idoso está na hora de ir para casa. Eu posso ter uma idade até mais avançada, mas tenho dito que meu espírito é, quem sabe, até muito mais positivo que muitos. A vontade de trabalhar não falta. Estou em tempo integral como vereador. Meu compromisso hoje é com a sociedade e para tanto fui eleito e quero crer que o povo vai se surpreender. Até uns falavam que não conseguiram acompanhar o nono nessa campanha. Eu andei muito, fico muito feliz.

 

OP: Este 9º mandato pode ser o seu último?

PR: Sempre tenho falado o seguinte: chega a hora de começar e chega a hora de terminar. Quem determina isso não é necessariamente o próprio candidato, porque quando se está na vida pública você não é dono de todos os seus atos. Temos os companheiros que sempre foram ouvidos e serão ouvidos lá na frente. Creio que esteja quase na hora de parar, mas se a disposição continuar como está, quem vai definir isso são os meus parceiros e meus militantes. Temos que criar espaço para novas lideranças, não necessariamente pela idade, porque vimos pelo Brasil afora que muitos jovens também fizeram fiasco e que descontentaram a sociedade. Então, a pessoa que quer assumir um compromisso tem que, antes de tudo, saber da responsabilidade e fazer um trabalho bonito, porque o pior legado que um candidato pode dar aos seus eleitores e aos seus familiares é fazer atos que a sociedade jamais permite.

 

OP: O seu filho, o prefeito Marcio, também atingiu uma conquista ao alcançar o maior percentual de votos válidos para uma eleição à majoritária no município. O senhor acha que o racha na oposição contribuiu para isso ou é apenas mérito do governo?

PR: Durante o período que tem mandato o político precisa ter um comportamento sério. A oposição, infelizmente, se comportou como pessoas que não sabem o que é política, críticas pessoais, ofensas. Eu fui até ofendido, não quero citar o nome, porque não vem ao caso agora. “A era Rauber acabou”, mas o povo mostrou que, quem sabe, a era Rauber ainda nem começou. Então, isso não se faz na política. Eles deveriam ter adotado o que é bom para qualquer político: o prefeito Marcio está fazendo um bom governo, mas nós temos condições de fazer melhor. Aí eles não entrariam no descrédito como entraram, porque isso foi para Rondon. Claro que torci e fiz campanha para o bom trabalho do prefeito, mas a qualidade dos candidatos a prefeito, me desculpa. Rondon com 60 mil habitantes poderia ter candidatos preparados, mas pelo amor de Deus. Foi uma campanha de ofensas e isso não serve, o povo não aprova mais. Você tem que pregar o que vai fazer com fundamento, com os pés no chão, com condições de, se eleito, executar. O município teve uma campanha atípica, com um resultado que deve ficar na história. Muitas pessoas me perguntaram sobre essa votação histórica que o prefeito teve e alguns disseram: “a gente já sabe, pelo primeiro mandato do prefeito é bom. No outro não vai ser”. Eu garanto ao povo de Marechal Rondon que o próximo governo deve ser extraordinário, porque isso é próprio da nossa família. Nós não estamos na vida pública para enganar ninguém. O Marcio vai seguir com o mesmo rigor, com a mesma vontade, porque é isso que o povo espera e é isso que nós, da família, queremos que ele faça no próximo governo.

 

Vereador reeleito Pedro Rauber (DEM), que assumirá em janeiro o 9º mandato: “Creio que esteja quase na hora de parar, mas se a disposição continuar como está, quem vai definir isso são os meus parceiros e militantes” (Foto: Ana Paula Wilmsen/OP)

 

OP: Em 2017, a família Rauber fez história. O senhor foi eleito presidente da Câmara e empossou o seu filho prefeito. Este feito pode se repetir agora em 2021?

PR: A possibilidade até teria. Respeito todos os companheiros, nossa coligação fez oito vereadores e seria muita fraqueza minha chegar aqui e me apresentar para isso. Não adianta se auto lançar, eu quero e o outro quer. Esquece, porque só tem uma vaga. Primeiro, o presidente da Câmara tem que ter tempo disponível, tempo integral. Segundo, tem que ter experiência, tem que ter conhecimento. Alguns, de repente, imaginam que ser presidente é coisa fácil, mas nós temos seguidamente intervenções do Ministério Público, intervenções do Tribunal de Contas. Quando fui presidente, felizmente, pela equipe que nós montamos, encerramos a gestão de dois anos com sucesso e com respeito. Estarei com os companheiros dialogando, vendo qual é o melhor nessa composição para que a gente saia dali unidos, o que é importantíssimo. A Câmara é um poder independente do Executivo, mas se trabalhar com interesse no desenvolvimento do município, tudo é mais fácil, não tranca projetos. Nós tivemos projetos que ficaram de 30 a 40 dias (parados) e a sociedade esperando a obra, que não ocorreu.

 

OP: O senhor deixa o nome à disposição para ser presidente da Câmara novamente? Há interesse? Ou já tem algum nome apontado?

PR: Eu não tenho acompanhado. Fui procurado por alguns vereadores e eu falei que seria muito deselegante da minha parte me apresentar para isso ou para aquilo. Vai depender do grupo. Felizmente, em Marechal Rondon elegemos bons nomes, tanto do nosso grupo, evidentemente, como na oposição que poderiam perfeitamente ocupar a presidência, só que a pessoa precisa ter disponibilidade. Há alguns que em função da profissão não podem, outros não dão tempo integral, porque têm empresas, coisas que não acontecem comigo. Não tenho ambição de ser presidente, mas estou à disposição dos companheiros, porque eles bem sabem o resultado positivo da administração de uma Câmara, de uma administração municipal. Esse reflexo ajuda todos que acompanham esse grupo.

 

OP: A situação tem maioria na Câmara de Vereadores. O senhor acredita que a presidência deve ser do DEM?

PR: O Democratas fez seis vereadores. Acho que está caminhando para que tenha o presidente. Isso também porque a oposição tem consciência, se quer o bem do município, vai aceitar com a maior naturalidade, porque, veja bem, se começam fazer composições estranhas para eleger o presidente já deixa claro que há más intenções. Somos em oito da situação e não imagino que não façamos o presidente. Se não tiver a maturidade suficiente de entre os oito escolher o presidente, aí é duro de se trabalhar na política.

 

OP: Alguns entendem que o prefeito Marcio deveria se envolver como um mediador dentro do grupo para definir um nome indicado para ser o presidente, pois ele não teria feito isso em 2018 e houve dissidência. Qual sua opinião a respeito?

PR: O que ele tem recomendado, isso é próprio de cada prefeito, é que o grupo procure de forma unânime escolher um entre os oito para que a gente possa fazer o presidente. Não para facilitar para o prefeito, mas o grupo da base, como eu disse anteriormente, tem que ter a habilidade de fiscalizar e, sobretudo, agilizar o andamento dos projetos. Quem tem prejuízo quando se segura o projeto? O projeto é bem fácil de analisar. Levanta o discurso da obra, vê para onde é a obra, qual é a obra. Não precisa de 40 dias, no máximo duas semanas está resolvido. Mas como teve a intenção politiqueira demora muito e a sociedade paga com isso. Então, eu quero crer que vai ser tudo tranquilo, nem pode ser diferente. A lição de vida a oposição recebeu e acho que eles agora vão também procurar agir de outra forma.

 

OP: Seis novos vereadores vão compor a Câmara na próxima legislatura. Como o senhor visualiza que podem ser os trabalhos? Mais tranquilos e harmônicos?

PR: Quero crer que sim, até pelos vereadores que se elegeram. São todos com formação boa para fazer esse trabalho, trabalhadores. Evidentemente que devemos estar preparados, porque alguns não deixam de ser oposição e vão querer construir um caminho lá na frente. Isso tudo entendemos. Agora, o trabalho que vai construir ao longo do caminho não pode prejudicar de maneira nenhuma a nossa sociedade.

 

OP: O seu nome chegou a ser especulado neste mandato para assumir alguma secretaria. E na nova gestão do seu filho, há intenção ou interesse em algum cargo?

PR: A princípio não. Tudo na política é o momento, são as condições, a necessidade e assim por diante. Vou deixar toda a liberdade para o prefeito. Ele tem que montar uma equipe boa para execução do projeto dele.

 

O Presente

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