“Nas próximas semanas vou me filiar ao PSD”, afirma Zado

O PSD foi o primeiro partido em que o atual prefeito de Santa Helena, Evandro Grade (Zado), se filiou. Posteriormente, ele migrou para o PDT, onde disputou a eleição de 2016 e chegou ao paço municipal. Agora o gestor decidiu retornar ao PSD, sigla presidida no Paraná pelo governador Ratinho Junior.

Em visita ao Jornal O Presente, Zado adiantou que a troca de filiação deve ocorrer assim que a parte burocrática estiver concluída. No entanto, o PDT permanece no grupo. Durante a entrevista, o mandatário falou ainda sobre a política de Santa Helena, os investimentos previstos e alguns já realizados e destacou que boa parte do plano de governo já foi executado. Confira.

O Presente (OP): Até o momento as ações realizadas ocorreram conforme planejado ou ainda tem muito o que fazer em 2020 para cumprir com seu propósito como prefeito?

Evandro Grade (EG): A gente faz uma avaliação muito positiva dos trabalhos até agora. Boa parte do nosso plano de governo já foi executado, mas devido à burocracia do setor público temos alguns projetos relevantes que ainda não foram executados, mas que estão em fase de projeto ou processo licitatório, dependendo de algumas licenças. Porém, tenho certeza que iniciarão em 2020.

OP: Quais seriam os principais projetos?

EG: Com relação à habitação, há um grande anseio da nossa população. Recentemente, foi aprovado pelo Poder Legislativo um projeto de habitação vertical, que é uma inovação para a nossa região. O projeto está pronto e já contamos com todas as licenças. Em janeiro inicia a licitação e possivelmente em março a abril começam as obras. Serão 48 apartamentos em três blocos. Também há um projeto de habitação de casas populares em que faremos 240 residências. O loteamento já foi legalizado e licitamos uma empresa para fazer a infraestrutura. Outro grande anseio se refere à revitalização da Rua Angelo Cattani, da avenida do distrito de Sub Sede, rua em São Clemente, a avenida em Moreninha e uma ciclovia que vai de São Clemente até Santa Terezinha, e de Santa Terezinha até São Roque. Os projetos estão prontos e tramitam no DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Acreditamos que boa parte dos projetos conseguiremos assinar convênio ainda neste ano para depois iniciar todos os trâmites burocráticos.

 

 

 

OP: Quem passa por Santa Helena se depara com ocupações às margens da rodovia. Estas pessoas serão atendidas com este projeto habitacional?

 

EG: A Itaipu conseguiu na Justiça a reintegração de posse da reserva na ‘Curva do Ogregon’. Existiam 174 famílias e com essa decisão judicial elas tiveram que sair. Somente restaram 23 famílias que já estão há mais tempo e não ocupam a área de preservação.

OP: A maioria dos municípios tem preocupação com a questão industrial, que é a grande geradora de empregos. Quais iniciativas o senhor destacaria que estão se consolidando e onde está a maior dificuldade para um município como Santa Helena conseguir atrair novos investimentos industriais?

EG: A geração de emprego e renda é uma das prioridades do nosso governo. A vocação em Santa Helena e na região é o agronegócio. Estamos trabalhando na linha de buscar uma segurança nos investimentos. Existe o projeto para implantação de um frigorífico da Friella, que vai gerar mais de 500 empregos diretos no município. Está faltando somente a autorização do Ministério da Agricultura, que é um processo demorado porque o governo federal tem grande rigor, principalmente em um empreendimento como será o de Santa Helena, que vai exportar a carne. Estamos aguardando então esta autorização para começar a terraplanagem e a construção do frigorífico. Por meio de uma parceria com a cooperativa Lar, aprovada pela Câmara, será feita a ampliação do matrizeiro de aves em Sub Sede. Investimento de mais de R$ 2 milhões da municipalidade com contrapartida da cooperativa com a abertura de 125 novos empregos, além de no mínimo 150 novos aviários. Além disso, estamos com um programa previsto para iniciar em dezembro chamado de Qualifica Santa Helena e que terá cursos de qualificação, inclusive voltados para o meio rural.

OP: Um dos programas que chama atenção em Santa Helena é o de pavimentação. Quantos quilômetros já foram realizados e quantos a prefeitura ainda pretende fazer nesta gestão?

EG: Tenho orgulho em dizer que Santa Helena é hoje o 6º município mais forte do Estado do Paraná no agronegócio. Já concluímos 23 quilômetros de pavimentação com pedra irregular e na próxima semana vamos assinar ordem de serviço de mais 55 quilômetros. Em asfaltamento, estamos concluindo 58 quilômetros no interior e está em processo licitatório mais 82 quilômetros, além do trabalho feito com pedra graduada, solo-brita, cascalho, para oferecer ao homem do campo condições de trafegabilidade para escoar a produção agrícola.

OP: Uma das preocupações do governo é alavancar a economia do município. Em relação ao comércio, o que o município planeja para aquecer as vendas?

EG: Lançamos recentemente o programa Compra Premiada, em que a prefeitura fez a aquisição de um veículo, três motocicletas e dezenas de outros prêmios. Já realizamos o primeiro sorteio e haverá mais dois sorteios, um em dezembro e outro em janeiro. Tudo isso para atrair as pessoas do município e a população microrregional para comprar no comércio local. Além disso, o nosso balneário recebe muitos turistas na época da temporada de verão. Aprovamos, juntamente com os vereadores, uma lei, a partir da qual os turistas que comprarem no mínimo R$ 300 no comércio de Santa Helena vão pagar somente a metade das tarifas públicas no balneário. Também estamos procurando fazer o máximo para fortalecer as empresas do município. Um exemplo é o programa Investe Santa Helena, em que a prefeitura paga o juro da operação e as instituições financeiras emprestam os recursos para as empresas. Depois de certo período este dinheiro retorna para o banco. Vamos inclusive ampliar esse programa. Gostaríamos de fazer uma iniciativa mais complexa, mas o Tribunal de Contas entende que não é possível o município fazer investimentos nas empresas da forma como faz para produtores rurais e no setor industrial.

OP: O ex-prefeito de Santa Helena, Silom Schmidt (in memoriam), foi um grande entusiasta do turismo na região. O senhor acha que o projeto turístico precisa continuar da forma como está, precisa ser repensado ou simplesmente vamos continuar investindo com perspectivas de retorno menores do que se imaginava há alguns anos?

EG: Tenho uma grande gratidão pelo ex-prefeito Silom Schmidt, que foi a pessoa que me deu oportunidade e me encaminhou para o meio político. Ele tinha uma visão do turismo, fez vários investimentos no município, principalmente no balneário, que hoje traz um grande retorno para a cidade de forma indireta. De forma direta não paga os investimentos que são feitos em manutenção, mas indiretamente movimenta muito a economia local. Acredito que a região tem potencial turístico a ser explorado, principalmente com relação à pesca. Penso que poderia ser feito um trabalho integrado com todos os municípios.

OP: O governador Ratinho Junior tem como uma das metas de governo a promoção do turismo regional. O senhor acredita nesta modalidade, em que as pessoas, em um raio de 200 quilômetros, possam frequentar os pontos turísticos?

EG: Acredito que sim, inclusive essa ideia da pesca eu já discuti com o governador. Ele disse que a nossa região tem um grande potencial, principalmente para a promoção de eventos e torneios de pesca. Estamos em conversa para explorar esse potencial e o que a nossa região possui.

OP: O que o senhor destacaria como mais importante investimento na área de educação e saúde em Santa Helena?

EG: Na educação conseguimos valorizar os profissionais dos Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil) ao fazer uma equiparação salarial, que era uma reivindicação antiga da classe. Conseguimos hoje atender de forma integral todas as crianças nos Cmeis, ou seja, para quem precisa ofertamos a vaga no período integral. Houve valorização através da compra e repasse de equipamentos, como aparelhos de ar-condicionado e implantação de laboratórios de informática. Estamos adquirindo kits de uniforme escolar para todas as crianças da rede municipal. Outro investimento envolve a melhoria na infraestrutura das escolas e Cmeis. Já na área de saúde conseguimos ter muitos avanços. Realizamos concurso público e as filas para atendimento de baixa, média e alta complexidade estão praticamente zeradas, tanto para cirurgias como para exames e consultas. Instalamos o programa Saúde do Trabalhador no Pronto-Atendimento e estamos fortalecendo o nosso Caps (Centro de Atenção Psicossocial). Além disso, criamos um projeto inovador no município que se chama Santa Helena Saudável. Conseguimos nesta primeira edição reunir mil participantes para fazer atividades físicas e melhorar a alimentação e, desta forma, mudar os hábitos. Estamos investindo em prevenção e melhorando a qualidade de vida das pessoas.

OP: Prefeito, o senhor já decidiu se será candidato à reeleição em 2020?

EG: Estamos na administração com vários projetos em andamento. Gostaria que essa equipe continuasse a execução destes projetos por mais quatro anos, mas isso terá que acontecer naturalmente em conversa com os partidos e com o grupo político. Estamos trabalhando com respeito à opinião das lideranças e também da população, que será fundamental para decidir se serei candidato a prefeito ano que vem ou não.

OP: Já existem conversas envolvendo uma possível escolha do pré-candidato a vice-prefeito?

EG: No grupo político que está sendo montado existem vários nomes bons, mas prefiro preservá-los. Vamos definir de forma democrática nas convenções e em reuniões no ano que vem.

OP: O senhor está filiado ao PDT. Pretende continuar no partido ou vai migrar para outra sigla?

EG: Nas últimas semanas realizamos algumas reuniões com várias lideranças de todos os partidos políticos que vão fazer parte do nosso grupo ano que vem e, de forma unânime, pediram para eu me filiar no PSD, que é o partido do governador Ratinho Junior. Então nas próximas semanas vou me filiar ao PSD. Estamos somente aguardando a parte burocrática. O PSD foi o primeiro partido no qual fui candidato e depois migrei para o PDT para formar um novo grupo político na eleição passada. Agora estou retornando ao partido.

OP: Com relação à composição partidária, o senhor já sabe quais serão os partidos aliados da sua pré-candidatura?

EG: Estamos consolidando um grupo político. Contamos com vários partidos que devem somar conosco, além do PSD, o PDT e posso citar um alinhamento muito bom com o PSDB, DEM, PP, PSL, Solidariedade, PTB, PL e mais alguns partidos, pois vejo as portas abertas para os que tenham interesse em fazer essa composição conosco.

OP: Como o senhor analisa a situação do MDB de Santa Helena hoje?

EG: Eu tenho grande respeito pelas lideranças do MDB e não é porque hoje contamos com um alinhamento político diferente que eu vou falar o contrário. Possivelmente o MDB não estará no nosso grupo, mas o meu respeito pelas pessoas do partido continua o mesmo.

OP: A Prefeitura de Santa Helena recebe um alto volume de royalties. O seu antecessor da gestão passada (Jucerlei Sotoriva) chegou à campanha com anúncio de muito dinheiro em caixa. Porém, muitas pessoas acham que ele perdeu a reeleição por isso. Como o senhor pretende lidar com esta situação?

EG: O segredo é ter harmonia. Hoje nós temos um clima de paz e união instalado no município, um trabalho de respeito com a Câmara de Vereadores, com a imprensa, com as entidades e com toda a população. Felizmente, estamos conseguindo colocar em prática muitas ações, tanto na cidade como no interior e em diversos setores. Estamos conseguindo aplicar os recursos públicos de forma responsável, inclusive uma marca da nossa administração é a fiscalização do setor público. Com relação a investimentos, balanço extraoficial mostra que da receita anual de 2019 devemos passar de 40% da arrecadação de royalties e receita líquida em investimentos e programas. Isso é algo que nos orgulha, pois estamos conseguindo isso graças a uma união de esforços.

O Presente

Prefeito Evandro Grade (Zado): “Balanço extraoficial mostra que da receita anual de 2019 devemos passar de 40% da arrecadação de royalties e receita líquida em investimentos e programas” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)