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“No retrato de hoje o prefeito é o franco favorito”, avalia João Marcos sobre a eleição

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Diretor da Rádio Difusora do Paraná, João Marcos Gomes: “Estou em rádio há muitos e muitos anos e não tínhamos passado um momento tão delicado quanto o que estamos passando. Às vezes assusta. A gente fica um tanto quanto atônito sobre o que leva uma pessoa a ser tão agressiva” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

O radialista João Marcos Gomes (PSD) deixou o protagonismo na política de Marechal Cândido Rondon. O ex-vereador – que ocupou inclusive a presidência da Câmara Municipal – decidiu não disputar o pleito de 2020. O seu foco agora está na direção da Rádio Difusora do Paraná AM e FM, embora participe nos bastidores das discussões pela construção de candidaturas viáveis no grupo de oposição.

Em visita ao Jornal O Presente, João Marcos falou sobre seu novo partido – ele deixou o PP e migrou para o PSD -, as conversas visando à formação da chapa majoritária e sobre o momento por qual passa o país. Confira.

 

O Presente (OP): Quando o ex-deputado estadual Ademir Bier levou o PSD para a oposição, havia a promessa da sigla ser uma das protagonistas da política de Marechal Cândido Rondon. O senhor vê que o PSD ocupa esse papel hoje ou ainda deixa a desejar?

João Marcos Gomes (JMG): O PSD está se estruturando em Marechal Cândido Rondon. Com a não eleição do Ademir Bier, o espaço ficou um pouco menor, mas acredito que a partir desse pleito de 2020, se a eleição for confirmada e for realizada, o PSD deve ocupar um espaço maior. Tínhamos até a disposição em lançar candidatura própria e estávamos trabalhando neste sentido, mas o Wilson Moraes sofreu um acidente e isso impediu ele de continuar trabalhando e montando uma estrutura para a candidatura à majoritária. Então o PSD monta uma chapa de candidatos à vereança e pode, quem sabe, oferecer um candidato a vice em uma chapa para a majoritária em Marechal Rondon. Eu acredito que já no pleito tenhamos um certo protagonismo. E, é claro, há a influência do Ademir que continua sendo um fortíssimo cabo eleitoral em Marechal Rondon. Quem o Ademir apoiar na eleição já tem um handicap (em esportes e jogos, é a prática de atribuir vantagem) na eleição para a prefeitura.

 

OP: Quem o senhor vê hoje como possível pré-candidato a vice-prefeito do PSD?

JMG: Nós temos o próprio Wilson Moraes que pode ocupar espaço e o ex-secretário Luiz Carlos Cardozo, que foi vereador. Ele tem uma questão legal ainda, mas se a eleição for adiada e não for realizada em outubro, já teria essa possibilidade de disputar a eleição como pré-candidato a vice-prefeito. Existem vários outros nomes fortes dentro do partido que poderiam compor. Temos aí o próprio Sargento Jairo Kaiser que hoje é pré-candidato a vereador, já foi candidato a vice-prefeito e a deputado estadual. Dentro do partido há lideranças importantes que podem compor uma chapa majoritária em Marechal Rondon.

 

OP: O PSD havia lançado o Wilson Moraes como pré-candidato a prefeito, o que não pegou bem na época por ele ser sindicalista. Qual aceitação ao nome dele como eventual pré-candidato a vice?

JMG: A questão do sindicalismo em determinados momentos no Brasil virou palavrão, né? É um pouco de desconhecimento das pessoas. O Wilson seria um sindicalista de direita, tanto que é eleitor e faz campanha até hoje para o Bolsonaro. Ele não é ligado à Central Única, CUT e outros movimentos sindicais. É um sindicato forte no Brasil todo, independente e que atua nas cooperativas em todo o país. Ele é muito integrado na comunidade de Marechal Rondon, muito ligado aos empresários, comércio, indústria, prestadores de serviço e auxilia o município. Teria que desconstruir essa imagem. O que falar mal do Wilson? Que ele é sindicalista, mas a questão de ser sindicalista não é demérito para ninguém. Nós temos sindicatos ligados ao comércio varejista em Marechal Cândido Rondon e contamos com grandes empresários que atuam em sindicatos. Então, temos sindicatos e sindicatos e é importante que a população tenha esse conhecimento. O que impediu o Wilson de disputar uma eleição à majoritária foi exatamente a questão de saúde pessoal em decorrência de um acidente de trânsito que sofreu.

 

OP: Hoje o PSD já tem um vereador eleito. Qual a meta do partido para a eleição na proporcional?

JMG: O objetivo é trabalhar com a projeção de dois ou três vereadores. A nossa chapa tem condições e pode ser reforçada em relação ao nome do Cardozo.

 

OP: O senhor já anunciou que não pretende disputar a eleição. Mas há chance de mudar de ideia ou essa decisão está sacramentada?

JMG: Definitivamente, não. Eu assumi o compromisso com o Alcides (Waldow) e o Diedi (Waldow) na Difusora em contribuir e continuar auxiliando a rádio, principalmente o Diedi que está sucedendo o Alcides no comando da empresa. Eu pretendo continuar no rádio. Fica muito complicado, pois teria que abrir mão da Difusora para voltar à política e eu estou bem acomodado na rádio e pretendo continuar. Vou participar da campanha, vou contribuir, dar sugestões, mas não diretamente como candidato.

 

OP: O senhor vê hoje o PSD como um partido consolidado na oposição ou existe alguma possibilidade de diálogo com o grupo de situação?

JMG: Eu respeito muito a situação, respeito o prefeito Marcio Rauber (DEM) e todo o grupo. Temos um bom diálogo, mas o PSD é oposição em Marechal Rondon. Acredito que Marechal até nesse último governo deu uma acalmada e as denúncias de corrupção diminuíram um pouco. Ainda não zeraram, mas diminuíram. A próxima eleição será uma discussão sobre quem tem o melhor projeto para Marechal Rondon, pensar o município para cinco, dez, 15, 20, 30 anos. O PSD pretende fazer parte de um projeto e oferecer uma opção boa para o município, diferente do projeto que está hoje comandando os destinos do município.

 

OP: O PSD de Marechal Rondon sofre algum tipo de pressão de cima, considerando, por exemplo, que o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Hussein Bakri (PSD), é ligado ao prefeito Marcio e gostaria que o partido estivesse no grupo de situação?

JMG: Não, não fomos procurados. Nós temos mantido contato com o nosso representante, que é o ex-deputado Ademir, o qual ocupa um cargo no Governo do Estado do Paraná. O Ademir é historicamente adversário do grupo que está na prefeitura. O próprio Governo do Estado e o governador Ratinho Junior, que é do PSD, têm conhecimento do nosso posicionamento aqui. Até como forma de fortalecer o partido é interessante que o PSD tenha um projeto próprio e acredito que vai ser assim na eleição.

 

OP: Como estão as conversas no grupo de oposição visando à escolha de pré-candidato a prefeito e a vice?

JMG: Vejo que vem pavimentando e quem está trabalhando para ser o candidato a prefeito é o vereador Josoé Pedralli (MDB). O vereador Arion (Nasihgil, PP) parece que não tem interesse. O presidente da Câmara, vereador Claudinho (Claudio Köhler, PP), seria um rapaz novo, o vereador Adriano Cottica (PP) também, e tem a esposa do ex-prefeito Moacir (Froehlich, MDB), a Maria Cleonice (MDB). Mas, em conversações, todos eles não manifestaram interesse e não houve ou não fizeram nenhum trabalho. O Josoé, pelo contrário, vem compondo uma chapa de candidatos à vereança no MDB e outros partidos, tentando aglutinar toda a oposição de Marechal Rondon. Ele vem construindo um projeto para ser prefeito. Acho que hoje há uma tendência grande do Josoé vir a ser o candidato de oposição em Marechal Cândido Rondon. Não se tome por surpresa se a oposição, em breve, ter o nome de Josoé como candidato a prefeito.

Ex-vereador rondonense, radialista João Marcos Gomes (PSD): “Não se tome por surpresa se a oposição, em breve, ter o nome de Josoé (Pedralli, MDB) como candidato a prefeito” (Foto: Sandro Mesquita/OP)

 

OP: As conversas estão convergindo no nome dele então?

JMG: As conversas estão sendo realizadas e várias reuniões estão discutindo esse tema.

 

OP: Na sua opinião, por que é difícil encontrar candidatos?

JMG: Tem que ter uma estrutura muito grande para disputar uma eleição. Tem que querer ser candidato a prefeito, a esposa tem que querer, a família tem que querer. Você tem que ter vontade e disposição, pois vai se dedicar integralmente a esse projeto. Vejo no nome do Josoé alguém que está se mexendo bastante e correndo muito. Por que o João Marcos não? Eu não trabalhei, não montei uma estrutura para isso e não vejo nenhum outro nome fazendo esse trabalho, visitando bairros, distritos, conversando com lideranças, montando a estrutura para uma candidatura a prefeito. Isso dá trabalho.

 

OP: O fato de o pré-candidato de oposição disputar o pleito possivelmente contra um candidato que vai tentar a reeleição é um fator que dificulta encontrar nomes para compor a majoritária?

JMG: Em Marechal Rondon, historicamente, os candidatos que foram à reeleição lograram êxito. É uma eleição que a gente do meio político considera difícil. É uma eleição complicada. Hoje, no retrato de hoje, o prefeito de Marechal é o franco favorito. Se fizer uma pesquisa vai ver que ele está fazendo um governo com qualidade. Nós temos que apresentar um bom projeto e tentar convencer o eleitor durante a campanha eleitoral que o nosso candidato pode ter um projeto melhor para o futuro do município. É uma tarefa difícil, complicada e por isso pouca gente se dispõe. Aí temos que buscar aquele que tem vontade, que quer disputar a eleição e fazer um trabalho. Como eu digo sempre, você tem que criar um produto e tem que vendê-lo, apresentar ao eleitor e convencer de que esse é o produto ideal para o nosso município. Vamos tentar fazer esse trabalho.

 

OP: Na sua avaliação, o nome do Josoé Pedralli consegue unir o grupo de oposição?

JMG: A princípio havia bastante resistência em relação ao Josoé por causa da imagem de um menino, que foi humorista, fazer muita brincadeira. Hoje é um rapaz que já amadureceu bastante, tem uma formação, é advogado, já tem experiência no Poder Legislativo, é empresário, pai de família, jovem. Eu acho que com o andar do tempo o pessoal vai assimilar esse nome como candidato da oposição em Marechal Rondon, até porque, conforme coloquei, é a pessoa que vem trabalhando no sentido de viabilizar uma candidatura.

 

OP: O senhor mencionou que, olhando o cenário atual, o prefeito é o franco favorito para ganhar a eleição se ele for candidato. Qual deve ser a estratégia da oposição para conseguir sair vitoriosa nas urnas?

JMG: O governo do Marcio é bom, mas não é perfeito. Em vários aspectos ele deixa a desejar. Nós temos vários calcanhares de Aquiles. Precisamos analisar todos os pontos fortes e os pontos fracos para verificar de que forma podemos trabalhar no sentido de reverter esse favoritismo que hoje existe no atual prefeito de Marechal Rondon. É possível.

 

OP: O senhor foi uma das poucas lideranças do município que nas eleições de 2018 não fez campanha para o então candidato Jair Bolsonaro. Como avalia hoje o governo do presidente e todas essas manifestações que estão ocorrendo no país?

JMG: Eu conheço o Bolsonaro pessoalmente. Não fiz campanha para ele, me mantive calado, neutro na eleição, mas como venceu eu tinha uma expectativa melhor. O grupo de apoio ao Bolsonaro, por falta de conhecimento e até aquela questão democrática, assumiu o governo, mas não assumiu o poder. Não existe um poder absoluto, nem propriedade de imóvel é um poder absoluto no Brasil pela nossa legislação. O Bolsonaro assume e todas aquelas propostas que apresentou em campanha, para se tornarem realidade, precisam passar pelo Congresso e pelo crivo do Poder Judiciário, se são legais conforme a nossa Constituição. Acho que isso acabou criando agora essa revolta dos apoiadores, porque eles veem o presidente e aquilo que ele pretende colocar em prática acaba sendo travado ou no Congresso ou no Poder Judiciário. Aí quer fechar Congresso, fechar o Poder Judiciário. É uma questão de falta de prática democrática. Há uma revolta muito grande com o Supremo Tribunal Federal (STF), com a Câmara dos Deputados, que não vejo que está causando nenhum obstáculo ao governo. As crises do governo são criadas dentro do próprio governo. A oposição praticamente inexiste, sumiu. O problema é interno. Ele está se autossabotando. O Congresso não está criando obstáculos. Acho que o governo está precisando exatamente se encontrar. Eu sou contra também essa questão de querer afastar o presidente. Ele tem que concluir o mandato, mas tem que estabelecer um diálogo com mais calma. Não é com manifestação todo domingo que nós vamos chegar a um bom termo no Brasil.

 

OP: A mídia tem sido bastante criticada nos últimos meses, especialmente pelos apoiadores do Bolsonaro. Como diretor da Rádio Difusora AM e FM, qual o futuro que o senhor enxerga para a imprensa sair dessa situação em que se encontra?

JMG: Estamos em um momento tenso, em que as emoções estão afloradas e exacerbadas. Precisa de diálogo, de busca de conhecimento e da informação. Nós, como jornalistas, precisamos trabalhar e temos compromisso com a verdade da informação. Agora, se você simpatiza, se você gosta ou não gosta da informação, nós não temos responsabilidade. Temos sofrido, através das redes sociais, muitas críticas. A Rádio Difusora do Paraná sempre se caracterizou por furo de reportagem, em sair na frente, seja uma informação sobre uma morte por Covid, uma contaminação ou um acidente, a queda de um prefeito ou de um governador. Nós temos que sair na frente, sempre fizemos esse trabalho e não tínhamos essa repercussão. Hoje uma notícia que divulgamos os jornalistas são xingados e muitos destes fizeram campanha, votaram e são favoráveis ao Bolsonaro. A divulgação do coronavírus, que é o assunto predominante na mídia do mundo todo, gera uma certa revolta nas pessoas. Nós não podemos nos omitir. Surgiu um caso suspeito em Marechal Rondon, somos obrigados a divulgar; morreu alguém suspeito, somos obrigados a divulgar. Mas, lógico, a notícia sempre vem através de fontes oficiais, como as secretarias de Saúde dos municípios, do Estado e do país. Acredito que com o tempo isso deve arrefecer. A informação não tem o objetivo de prejudicar o governo A, o governo B. A emissora de rádio faz o seu trabalho e nós temos essa obrigação. Estou em rádio há muitos e muitos anos e não tínhamos passado um momento tão delicado quanto o que estamos passando. Às vezes assusta. A gente fica um tanto quanto atônito sobre o que leva uma pessoa a ser tão agressiva em relação à nota que, para nós, não é assim tão impactante, não vai mudar o destino do município ou do Brasil. Nós queremos o bem de Marechal Rondon, do Estado, do país, mas temos que fazer o nosso trabalho.

 

O Presente

 

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