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Política Entrevista ao O Presente

“O Contorno Oeste vai acontecer”, garante Hussein Bakri

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Líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Hussein Bakri (PSD): “A informação que o Sandro Alex nos deu é que vai haver uma intervenção nesta rodovia (PR-495). Isso não é uma questão que um deputado sozinho pode resolver, mas é uma questão de Estado” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

Quando o canteiro de obras foi montado e a limpeza da área e terraplanagem iniciaram, o município de Marechal Cândido Rondon criou expectativa de que enfim o Contorno Oeste seria executado. A obra é considerada essencial para, juntamente com o Anel Viário (Contorno Sul), desviar o tráfego pesado do centro da cidade.

Mas mal começaram os trabalhos e tudo parou. Isto porque a Construtora Petrocom, de Cascavel, que executa o trajeto viário, encontrou rochas no local projetado para ser feita a trincheira, o que impede atingir a profundidade necessária para a obra. A solução é detonar as rochas, mas para isso será preciso fazer aditivo no contrato.

Em visita ao Jornal O Presente, na última sexta-feira (29), o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Hussein Bakri (PSD), informou que em conversa com o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, que cumpriu agenda em Guaíra um dia antes, ele confirmou que o governo quer sanar os problemas para que o projeto seja executado e concluído.

Além disso, conforme o parlamentar, outra demanda da região que pode sair do papel é a recuperação da PR-495, rodovia que começa em Pato Bragado e passa por Entre Rios do Oeste, Santa Helena, Missal e segue adiante.

Durante entrevista, Bakri falou ainda da proposta da reforma da Previdência para os servidores estaduais e sobre as universidades do Estado. Confira.

 

O Presente (OP): Como aconteceu a sua imersão para o Oeste do Paraná, já que o senhor é da região Sul do Estado?

Hussein Bakri (HB): Começou no município de Foz do Iguaçu, onde já no passado fui indicado como deputado pelo prefeito Chico Brasileiro (PSD). Tive o privilégio de conhecer o Luciano Scherer (assessor) e foi uma obra do acaso. Começamos a avançar, visitar algumas prefeituras, ter contato com alguns prefeitos. Evidentemente que minha condição de líder do governo na Assembleia é boa e surgiram as demandas. Quando vimos estávamos atuando em Missal, Entre Rios do Oeste, Itaipulândia, Pato Bragado. O meu jeito de trabalhar é o seguinte: dá, dá; não dá, não dá. Esse negócio de ficar enrolando não é comigo. Acho que os prefeitos sentiram que existem pessoas que trabalham assim na política e foi aumentando a minha imersão, sendo que em alguns lugares com apoio dos prefeitos e em outros sem o apoio. Aqui em Marechal Cândido Rondon eu respeito muito a figura do prefeito (Marcio Rauber, DEM), mas ele tem outro deputado e eu trabalho igual, até porque o sol nasce para todos. Meu papel é ajudar os municípios e não criei nenhuma condição para isso.

 

OP: Ano que vem haverá eleição municipal. Qual partido e qual estratégia o senhor acompanha que está sendo montada para a campanha de 2020?

HB: Isso cabe mais ao PSD. Temos a nossa executiva, sendo que o governador Ratinho Junior está agora imerso no grande trabalho que está fazendo de renovação no Paraná. O Estado está muito bem-visto lá fora e está criando um banco de projetos para infraestrutura. O governador vai então entrar um pouco mais a fundo no início do ano nesta questão política. Estamos nos reunindo e até o final de 2019 fechamos todas as comissões provisórias do partido. Os 399 municípios terão suas provisórias renovadas. Já fizemos isso em 340 e o restante concluímos agora. Evidentemente que a prioridade será o PSD. Não tenha dúvida. Mas existem alianças e partidos que fazem parte da nossa base de apoio e terão a preferência pela presença do governador. Não é algo que foi definido ainda, se o governador terá uma participação mais ativa ou menos ativa, se vai tirar licença no período eleitoral ou não, mas hoje ele é o grande cabo eleitoral do Paraná. Então acho que ele vai participar, mas vai priorizar os partidos da base aliada.

 

OP: Um dos projetos que Marechal Cândido Rondon aguarda sua execução é o Contorno Oeste. O secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, esteve na região quinta-feira (28). Há alguma novidade em relação a este investimento?

HB: A novidade é que ele disse: ‘vamos fazer a obra’. Não tem novidade melhor que essa e vindo do Sandro Alex pode acreditar. Tem muita gente que fala que essa obra é uma lenda, mas tem problemas na sua concepção. É preciso ser claro com a população. Existem problemas em desapropriações e de engenharia que precisam ser superados. O Sandro Alex disponibilizou toda equipe dele para superar esse problema o quanto antes para, aí sim, dar início à obra. O Contorno Oeste vai acontecer. Não é porque eu estou pedindo ou porque o outro quer, mas porque o governador determinou que esta obra saia, pois sabe da sua importância. Ele quer agilidade na resolução dos problemas que apareceram agora.

 

OP: Uma demanda que o senhor deve ter recebido de municípios da região é a recuperação da PR-495 (que começa em Pato Bragado e passa por Entre Rios do Oeste, Santa Helena, Missal, seguindo adiante). Há alguma novidade em relação a isso?

HB: Esta rodovia está dentro do pacote de projetos estruturantes. Uma obra desta magnitude não sai da noite para o dia. O governador está tomando de empréstimo, autorizado pela Assembleia, R$ 1,6 bilhão. O Estado tem uma condição que permite esse tipo de tomada de empréstimo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) de qualquer mecanismo. A informação que o Sandro Alex nos deu é que vai haver uma intervenção nesta rodovia. Isso não é uma questão que um deputado sozinho pode resolver, mas é uma questão de Estado. O Sandro Alex foi muito claro de que existe o desejo do governo. Superadas todas as questões de projeto, ambientais, validação do empréstimo que o Paraná está fazendo, existe a possibilidade real e concreta dessa obra acontecer.

 

OP: Existem vários temas importantes que estão sendo pautados pelo governo, sendo um deles a reforma da Previdência estadual. O senhor teve um posicionamento duro em relação ao Ministério Público. Até que ponto acha que as reformas podem ser interessantes para o Estado diante das pressões corporativas?

HB: Em relação ao Ministério Público, tenho um respeito profundo. É uma instituição essencial para a democracia. O que eu não concordo é que finalizamos a licença-prêmio para todos e eles (MP) entraram com projeto à parte para pedir a volta da licença. É totalmente extemporâneo. É falta de bom-senso. É privilegiar uma categoria em detrimento a outras. Eu fui claro no meu posicionamento: não concordo e como líder do governo vou recomendar que isso não prospere. Seria falta de respeito com todos os funcionários públicos que pedimos uma contribuição e colaboração neste momento em que o país vive. Em relação à Previdência, esse projeto não é um desejo pessoal meu, nem do governador e nem do presidente Jair Bolsonaro. É uma necessidade. É preciso deixar claro para a população que precisamos seguir ipsis litteris (‘literalmente’ ou ‘nas mesmas palavras’) o que consta na PEC (proposta de emenda constitucional) aprovada no Congresso. Ou seja, militares estão excluídos, pois terão uma decisão à parte em Brasília, enquanto em relação aos demais funcionários as mesmas regras que foram aplicadas lá estão sendo aplicadas aqui. Bem da verdade, se o Congresso Nacional tivesse tido a iniciativa poderia ter votado a reforma com extensão para os Estados e municípios, pois assim não precisávamos votar aqui, mas não quiseram. E não podemos esquecer que daqui um tempo os municípios precisarão fazer o mesmo. As Câmaras de Vereadores terão que enfrentar esse tema. A expectativa de vida aumentou e quem vai pagar essa conta? Não existe almoço grátis. Não é bom mexer na Previdência, mas é necessário, senão daqui dois anos não paga mais. Existe um estudo que mostra que em dois a três anos a Previdência não terá mais dinheiro para pagar as aposentadorias. O que é preferível: ter a segurança que vai receber a sua aposentadoria ou ser demagogo agora e em três anos ficar sem dinheiro? A realidade é simplesmente essa.

 

OP: O senhor é o presidente da comissão especial da reforma da Previdência estadual na Assembleia. Há clima para aprovar este projeto? É possível aprovar o texto sem mudanças?

HB: Algumas vezes achamos que não existem emendas boas e aparecem sempre, pois ninguém é dono da verdade. De repente surge alguma emenda que pode contribuir sem mexer no escopo central. Cabe a nós analisar essas emendas. A PEC precisa ter 33 votos. Fácil não é, mas sinto que é possível com muito trabalho construirmos essa unidade.

 

OP: É possível aprovar uma reforma condizente incluindo todas as categorias no mesmo patamar?

HB: Existem funcionários de carreira no Executivo, Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público que têm um salário mais alto e vão se aposentar com a integralidade desse salário. É a lei. Sobre isso não tem o que fazer. Não podemos mexer em lei federal. O que preocupa mais e estamos fazendo uma salvaguarda agora é que no governo federal a linha de corte era de até um salário-mínimo. Estamos subindo no Paraná para dois salários. Existe essa preocupação e ela é real para proteger esses funcionários que ganham nesta faixa salarial. Se tivermos mais algum mecanismo de proteção, vamos tentar proteger.

 

OP: Um grande desafio para os governos é destinar dinheiro para financiar o ensino, especialmente das universidades, que são um gargalo no Estado. O que o senhor prevê que vai acontecer nos próximos anos?

HB: Tenho uma ótima relação com todos os reitores e com o Aldo (Nelson Bona, superintendente geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior). Evidentemente que existem alguns momentos de tensionamento. Fato concreto é que o Estado investe bastante nas universidades. Somos o Estado que proporcionalmente mais investe em universidades públicas. Quando chega em um momento que não tem dinheiro, parte para aquela máxima que ‘lugar em que falta pão todo mundo tem razão’. São os momentos de tensionamento. Faltam funcionários, falta isso, falta aquilo, mas estamos conseguindo superar com bom diálogo. As universidades prestam grandes serviços ao Paraná.

 

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Deputado estadual Hussein Bakri: “Eu fui claro no meu posicionamento: não concordo e como líder do governo vou recomendar que isso não prospere. Seria falta de respeito com todos os funcionários públicos” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

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