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Política Reviravolta

Vice-prefeito de Mercedes é o pré-candidato da oposição; pré-candidato a vice é Laerton Weber

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Grupo oficializou a escolha do nome do atual vice-prefeito Edson Schug, que migrou para o outro lado político, e do agricultor Laerton Weber (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

A política de Mercedes sofreu uma reviravolta recentemente. O atual vice-prefeito Edson Schug (MDB) oficializou a sua saída do grupo de situação, liderado pela prefeita Cleci Loffi (MDB), e migrou para a oposição, onde hoje é o pré-candidato a prefeito.

Em visita ao Jornal O Presente, realizada na última quinta-feira (05) ao lado do pré-candidato a vice-prefeito Laerton Weber (DEM), Schug confirmou que para a disputa eleitoral mudará de partido, mas não adiantou para qual sigla. Ele explicou os motivos que o levaram a migrar para outro grupo político e revelou que não está descartada a possibilidade de um vereador da situação aproveitar a janela partidária do ano que vem para trocar de filiação e se juntar à aliança que se opõe à atual administração municipal. Confira.

 

O Presente (OP): O senhor é o atual vice-prefeito e agora muda de lado político. Por que desta mudança?

Edson Schug (ES): Para quem me conhece e faz parte do meu dia a dia sabe que não é uma situação recente. ‘Ah, pronto, foi procurado pela oposição e virou de lado’. É uma situação que vem de um desgaste há algum tempo com a prefeita por entendimentos diferentes sobre alguns assuntos, algumas situações particulares mal resolvidas e um afastamento do grupo político de situação. Houve um isolamento. Na verdade fui afastado totalmente das atividades, fui de certa forma reprimido, não pude mais participar politicamente e ativamente. Então é um processo natural quando você vê que ainda pode contribuir. Houve um comprometimento anterior com as pessoas e aí veio o afastamento. Procuramos de alguma forma se comprometer com as pessoas de novo e explicar que existe uma possibilidade, sim, de fazermos mudanças. Este é um processo natural e que precisa acontecer.

 

OP: O senhor hoje está no MDB. Já mantém contatos para se filiar a um partido ligado ao grupo de oposição?

ES: Sim. As conversas já estão acontecendo com deputado e lideranças, inclusive lideranças do Governo do Estado. É importante o município não ser oposição ao governo estadual. Precisamos ter uma postura em saber que o governo do Ratinho Junior (PSD) tem feito um bom trabalho e provavelmente vai ter uma reeleição. Então o município deve continuar mantendo este bom entendimento. Precisamos saber costurar essa situação.

 

OP: Já é possível adiantar em qual partido o senhor pode se filiar e com qual deputado está mantendo contato?

ES: Não. É uma situação ainda bastante particular e não gostaria de comprometer esse ou aquele deputado. As conversas estão adiantadas, mas preciso de mais tempo para resolver isso.

 

OP: Sendo agora de oposição e o fato de ter ocupado cargos e mandatos no grupo de situação, isso pode, na sua opinião, trazer alguma dificuldade eventualmente em uma campanha?

ES: Não, de forma alguma. Tive algumas indiferenças com a prefeita, mas o meu contato com o grupo todo da administração é muito bom. Tenho muitas amizades lá dentro e sei do compromisso e do comprometimento da equipe de governo, de alguns secretários, de servidores, enfim. São pessoas muito comprometidas e que sabem diferenciar uma coisa de outra. Uma coisa é eu mudar o lado político e outra coisa é eu ter um pensamento diferente sobre a administração. Hoje penso diferente sobre administração e acho que devemos pensar o município no futuro, e não pensar apenas politicamente. O município cresceu e as demandas vêm junto. É preciso pensar lá na frente. Não podemos pensar apenas no momento e em uma promoção política naquele momento. Essa é a diferença. Este é um dos grandes motivos pelos quais hoje sou oposição.

 

OP: Desde que o senhor foi para a oposição, como tem sentido a receptividade das pessoas em relação a sua decisão?

ES: É bastante interessante. Tenho tido algumas surpresas boas. Eu continuo mantendo os amigos que tenho na situação, embora eu perceba que algumas pessoas têm receio em manter uma conversa comigo achando que de certa forma estarão se comprometendo. Mas a amizade continua, as pessoas vêm conversar comigo, saio para outros lugares e hoje eu vejo onde está aquela diferença de votos das famílias que considerávamos comprometidas com o grupo de situação naquele momento e que não eram. O pensamento que eu tenho hoje é compartilhado por inúmeras pessoas de Mercedes. Há muitas pessoas que pensam ser preciso haver uma alternância na administração pública.

 

OP: O senhor já conversou com a prefeita a respeito da sua decisão em ser pré-candidato pela oposição?

ES: Ela me chamou um dia e por alguns minutos conversamos. Depois de mais de três anos falamos sobre política, mas foi muito rápido. Ela só quis saber se eu realmente havia me afastado e confirmei que seria oposição à administração.

 

OP: Como o senhor enxerga essa possível formação de chapa majoritária, em que mescla um político experiente com um novo nome que surge na política local?

ES: Assim como o Laerton, eu sou agricultor e venho de uma família pioneira, como a dele. Nascemos em Mercedes e temos toda uma história no município. Em uma campanha talvez nem precisaríamos sair nas casas para nos apresentarmos, porque a comunidade conhece a gente no dia a dia e o nosso trato com as pessoas. O que precisaremos fazer, na verdade, será mostrar um pouco daquilo que pensamos para Mercedes, porque a nossa vida a população já conhece.

 

Agora na oposição, o atual vice-prefeito Edson Schug (MDB) foi escolhido pré-candidato a prefeito por seu novo grupo político: “Depois de mais de três anos falamos sobre política, mas foi muito rápido. Ela (prefeita) só quis saber se eu realmente havia me afastado e confirmei que seria oposição à administração” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

OP: A eleição do próximo ano terá como principal novidade o fim da coligação na proporcional. Como a oposição está se articulando com isso?

ES: Provavelmente teremos apenas um partido com chapa de vereadores. Como existe a flexibilidade na chapa majoritária, talvez a chapa de vereadores seja de outro partido. Eu saio do MDB e vou para outro partido, então a chapa proporcional não será da mesma sigla que a minha.

 

OP: Existe conversa com algum partido que está na situação para migrar para a oposição?

ES: Não chegamos a conversar com ninguém sobre isso. As pessoas com as quais conversamos foram aquelas que nos procuraram. Se existir a possibilidade eventual de algum partido de situação migrar para a oposição, ou pessoas da situação migrarem para a oposição, tanto para apoiar como para serem candidatas, são muito bem-vindos, pois a política se costura desta forma, com ideias e pensamentos diferentes. A dinâmica que a política traz hoje não aceita mais dizer que a pessoa é ‘vira-casaca’. Se você não é bom o suficiente para manter o grupo unido vai haver alternância de poder. E é importante que isso aconteça.

 

OP: E com a janela partidária do ano que vem existe a possibilidade de algum vereador mudar de partido e ir para a oposição?

ES: Sem dúvida.

 

OP: Já há alguma conversa neste sentido com alguém?

ES: Não. Conversa formal não houve.

 

NOVO NOME NA POLÍTICA

Filho de ex-político e integrante de uma família que tradicionalmente é muito ligada à política de Mercedes, o agricultor Laerton Weber (DEM) decidiu sair dos bastidores para agora assumir, pela primeira vez, a condição de pré-candidato a vice-prefeito.

O pai dele, Mateus Weber, foi candidato a vice-prefeito em 2016 e já foi vereador. Seu tio, Fridolino Weber (Lino), já foi vice-prefeito e é considerado uma das principais lideranças da oposição. “Na eleição de 2016 não queríamos deixar ter apenas uma chapa majoritária. Então a oposição montou uma chapa em cima da hora. Como em 2020 meu pai terá 72 anos, então estou substituindo ele e saio dos bastidores para colocar meu nome à disposição. É um desafio novo. Sou agricultor e trabalho na lavoura desde criança, mas a população citou meu nome pelo meu pai”, disse Laerton.

O mesmo “erro” de não planejar com antecedência nomes para disputar o pleito não ocorre desta vez, salienta o pré-candidato, pois ainda falta mais de um ano para a eleição, o que é um facilitador. “Desta forma as famílias já conseguem visualizar quem são os pré-candidatos”, opina. “E é importante porque transmite uma confiança para as pessoas. Hoje estamos sendo procurados por muitos que querem saber quais serão os nomes. As pessoas querem saber e há uma necessidade por este tipo de informação. Por isso nos antecipamos um pouco para trabalhar com este esclarecimento”, complementa Edson Schug.

 

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Pré-candidato a vice-prefeito Laerton Weber (DEM): “Como em 2020 meu pai terá 72 anos, então estou substituindo ele e saio dos bastidores para colocar meu nome à disposição” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

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