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Planejamento e rigidez nos protocolos sanitários devem determinar retomada do turismo após a pandemia

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(Foto: Divulgação)

O setor do Turismo movimentou R$ 240 bilhões de reais em 2019 e criou 36 mil postos de trabalho, entre 2018 e 2019. Um incremento de 160% nos dois anos. Além disso, o segmento representa 2% do PIB nacional. No entanto, está entre os mais afetados pela pandemia provocada pelo novo coronavírus. Preocupado com os rumos do setor no estado e, em especial, na região de Foz do Iguaçu, o presidente da Comissão de Turismo na Assembleia Legislativa do Paraná, o deputado Soldado Fruet (PROS), promoveu, na manhã desta terça-feira (7) uma audiência pública remota com os representantes do setor e do Governo do Estado. “Precisamos socorrer a categoria, que enfrenta muitas dificuldades nesse momento. E tenho certeza de que o Governo vai auxiliar esses empresários e trabalhadores criando um planejamento adequado”, afirmou o parlamentar durante o encontro virtual.

“A tendência é que as pessoas busquem locais a céu aberto para visitar daqui para frente. Isso temos em Foz do Iguaçu e em outras regiões do Paraná “, lembrou a deputada Maria Victoria (PP), que integra a Comissão e que participou da audiência, ao lado dos deputados Anibelli Neto (MDB), Galo (PODE) e Professor Lemos (PT).

Os empresários e representes do Governo concordaram. Para isso, o presidente da Paraná Turismo, autarquia do Governo estadual responsável pelas políticas públicas para o setor, João Jacob Mehl e o diretor de Marketing, Aldo Carvalho, detalharam as ações em implantação. “Nesse projeto de retomada, a Assembleia pode ter participação fundamental, aprovando o Fundo Estadual do Turismo”, disse Mehl.

Eles explicaram, por exemplo, que foram delimitadas 14 regiões turísticas no estado. E que, a partir do ano passado, por meio de um acórdão do Tribunal de Contas do Paraná, foi possível permitir que as prefeituras pudessem oferecer incentivos ao setor, inclusive aportes financeiros. “É impossível recomeçar sem o incentivo regional e do investimento no transporte rodoviário, além da melhoria aos acessos”, avaliou Carvalho.

Uma das sugestões apresentadas, foi oferecer mais condições ao turismo local. “Fazer com que os paranaenses conheçam melhor as suas regiões”, ressaltou o presidente da Paraná Turismo.

 

PLANOS PARA A RETOMADA

O Estado, por meio da Paraná Turismo, vai apoiar entidades como sindicatos de hospedagem e alimentação, a Associação das Agências Brasileiras de Viagens (Abrave), Fecomércio, Sebrae e Abrasel, entre outras. O objetivo é aproveitar o turismo regional, de curta distância; o eco-turismo e o turismo de aventura. “Os turistas vão querer viajar pra mais perto nesse início”, destacou Aldo Carvalho.

Dessa forma, foram demarcados 11 mercados emissores, incluindo Curitiba, Ponta Grossa, Guarapuava e Foz do Iguaçu e um planejamento dividido em fases: a primeira, que teve início em março foi o levantamento de informações; a criação de um mapa do turismo e a adequação aos protocolos sanitários.

Na fase dois, entre os meses de maio e junho: organização das parcerias e produtos e investimento em melhorias da gestão dos negócios. “Vender melhor o Paraná e desenvolver uma série de protocolos sanitários: bares e restaurantes, hospedagem e eventos, além da criação de um selo de qualidade”, destacou Aldo Carvalho, em sua apresentação.

Já a terceira fase (a atual), inclui a retomada dos negócios através das ferramentas tecnológicas, com a promoção de encontros virtuais de negócios. A ideia, segundo o Governo, também é criar uma grande campanha nas mídias sociais, rádios, televisões e jornais em parceria com a Secretaria de Estado da Comunicação. O objetivo é trazer segurança ao turista em suas viagens.

O plano, que está estruturado, precisa passar pelo controle da Secretaria Estadual da Saúde (SESA) para ser colocado em prática.

O acesso ao crédito para empresários do setor foi outro questionamento levantado durante a videoconferência. Veio de Márcio Assad, da Cooperativa Paranaense de Turismo (Cooptur) e proprietário da Pousada Tropeira, na Lapa, e da operadora Tropeiro Urbano.

Jonel Chede, vice-presidente do Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação, que representa estabelecimentos em Curitiba, Região Metropolitana e litoral disse que o setor antes da pandemia, teve crescimento, com 75% de ocupação média dos hotéis na capital paranaense, o que a pandemia restringiu.

“O segmento não tem estoque. Se não vendemos nossa diária hoje, não conseguimos vender amanhã. Por isso, nosso capital de giro é restrito. Estamos tendo dificuldades de acessar o Pronampe – programa do Governo Federal de socorro às micro-empresas e empresas de pequeno porte, que representam 92% do setor -, por isso, muitos hotéis acabaram desativados. Esperamos essa retomada do turismo regional”.

Wilson Lessnau Mendes, da Federação Nacional dos Guias de Turismo, falou das dificuldades enfrentadas pelos guias de turismo do estado. De acordo com ele, o Paraná é o terceiro estado em número de profissionais, com 1.779, perdendo apenas para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. “Muitos não conseguiram receber o auxílio emergencial de R$ 600 reais do Governo Federal. Lutamos para que esse socorro venha por meio de um projeto de lei para regulamentar a ajuda de um salário mínimo para os guias, que estão em situação crítica”, justificou.

Como os guias atuam com o turismo de massa e com o público da terceira idade, a retomada deve durar mais tempo.

Alexandre Barbosa, da Liga Independente dos Guias de Turismo de Foz do Iguaçu, lembrou que os guias, que são profissionais autônomos, em razão da ausência das viagens, não atuam no campo virtual. “Precisamos que o Executivo encaminhe uma mensagem para podermos aprovar aqui na Assembleia para apoiar os guias nesse momento”, ressaltou o deputado Soldado Fruet.

 

DIFICULDADES

O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Foz do Iguaçu e Região (Sindhoteis), criticou o endurecimento do Decreto do Governo do Estado, que decretou o fechamento total de algumas atividades em regiões do estado. Ele diz que bares, restaurantes e hotéis já adotam todos os cuidados sanitários. “Precisamos desmistificar a ideia de que hotéis e restaurantes são locais de contaminação. Pelo contrário. São os que mais obedecem às normas sanitárias”, afirmou o empresário. E completou: “O que nós pedimos é melhorias na infraestrutura de Foz do Iguaçu para podermos gerar empregos. Não nos importamos de pagar impostos, mas queremos condições adequadas para podermos trabalhar e não mais restrições”.

O presidente do Conselho Municipal de Turismo de Foz do Iguaçu, Paulo Angeli, avalia que, nesses 90 dias, 300 mil trabalhadores do turismo perderam os empregos. E o prejuízo para o setor ficou em torno de R$ 70 milhões. E ainda sem data para terminar. “Turismo é sinônimo de planejamento. Se não tivermos apoio efetivo do poder público na reabertura, teremos ainda mais prejuízos. De 30 voos diários em Foz do Iguaçu, hoje temos três. Precisamos de incentivo ao turismo rodoviário para uma retomada mais rápida”.

O presidente da Associação de Motoristas por Aplicativo de Foz do Iguaçu (Amafi), Geronimo José dos Santos Centurion foi o último a falar na videoconferência. Ele afirmou que a categoria também está sentindo no bolso os efeitos da pandemia e da falta de apoio. “Para dar segurança aos passageiros, tivemos que equipar nossos veículos e nossa categoria não foi contemplada com nenhum programa de benefício nesse momento de pandemia”, desabafou.

O deputado Soldado Fruet se comprometeu a intermediar as reivindicações do setor com o Governo. “Agradeço a participação de todos e já peço ao senhor João Jacob Mehl que leve as nossas demandas ao Governo”, finalizou.

 

Com Assembleia Legislativa do Estado do Paraná

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