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Política Parque Industrial 2

“Vamos investir na geração de emprego em um grande e ambicioso projeto”, revela Jones Heiden

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Prefeito de Entre Rios do Oeste, Jones Heiden (PSD): “Tínhamos dinheiro em caixa, mas não poderíamos dar continuidade. Como explicamos isso para a comunidade e para as lideranças políticas? Ficamos dez meses nestas cobranças e dúvidas” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

A menos de um mês para a chegada de 2020, o prefeito de Entre Rios do Oeste, Jones Heiden (PSD), entra na contagem regressiva para se despedir do paço municipal após duas gestões consecutivas.

Em entrevista ao Jornal O Presente, o mandatário relatou que 2019 foi um período difícil diante de tantas incertezas, o que gerou certo desânimo diante dos projetos que tinham sido planejados e não foram realizados no cronograma previsto. No entanto, a partir de outubro a situação começou a melhorar e trouxe novo alento.

Para encerrar seu mandato, Jones revela que um dos projetos mais importantes está no investimento que a prefeitura pretende realizar no Parque Industrial 2, com o qual será possível atrair novas empresas e impulsionar a geração de empregos, uma das grandes demandas do município hoje. Confira.

 

O Presente (OP): O ano foi marcado pelo início de um novo governo federal e estadual. Considerando estas trocas de gestões e os investimentos previstos e realizados, como o senhor analisa 2019?

Jones Heiden (JH): Começou bem difícil e sem muitas perspectivas. Tínhamos emendas do governo anterior para serem liberadas. Com o novo governo, principalmente na esfera federal, não havia a certeza de nada. Inclusive deputados que tinham um planejamento para Entre Rios, como Alfredo Kaefer, acabaram não se reelegendo, e o Dilceu Sperafico deixou a vaga para outra liderança, que é o José Carlos Schiavinato, bem como havia muitas situações abertas, como uma emenda do Sérgio Souza. Ficaram muitas dúvidas, as quais podemos dizer que duraram praticamente todo o ano. Agora, de outubro para cá, é que começaram a ser liberadas as emendas. Das incertezas, das dúvidas e até do desânimo, acho que agora as coisas começaram a andar.

 

OP: Por que houve momentos de desânimo?

JH: Porque em todas as frentes que tínhamos havia contrapartida do município. Deixamos um certo valor guardado para determinado investimento, mas o montante principal não vinha e não podíamos iniciar uma obra sem ter a certeza que o dinheiro seria liberado. Isso fez com que ficássemos no aguardo, pois tínhamos dinheiro em caixa, mas não poderíamos dar continuidade. Como explicamos isso para a comunidade e para as lideranças políticas? Ficamos dez meses nestas cobranças e dúvidas.

 

OP: E como está a situação de outubro para cá?

JH: Das emendas que tínhamos algumas já foram liberadas. Inclusive há duas, uma do Sérgio Souza e outra do Sperafico, em que foi preciso entrar na Justiça porque tínhamos perdido por argumentos que para nós não eram plausíveis. Recorremos e conseguimos na Justiça. Uma emenda é de R$ 350 mil e outra de R$ 100 mil. As duas já estão empenhadas pelo governo federal. Fecha-se 2019 com todos estes recursos em 100%. Há obras que possivelmente não vamos conseguir licitar por falta de tempo, pois dia 20 começa o recesso e retornamos dia 06 de janeiro justamente por ser um ano eleitoral e precisamos ter tempo para fazer todos os processos licitatórios e trâmites legais. Por ser um ano eleitoral, portanto, o prazo será curto. Mas quero crer que todas as emendas do governo passado que tínhamos estão sendo e serão liberadas, e as novas já estão conseguindo empenhar. E no Estado também houve mudança de governo e não tem como iniciar uma nova gestão, com nova visão política, e querer que as coisas aconteçam e venham recursos. Mesmo assim batemos às portas, inclusive estávamos órfãos de deputado e hoje o deputado que nos representa na Assembleia é o líder do governo Hussein Bakri (PSD).

 

OP: Entre Rios do Oeste sempre teve como representante na Assembleia um deputado da região. Desta vez o senhor escolheu um parlamentar que é do Sul do Paraná. Como está sendo essa relação com o líder do governo?

JH: Foi positiva, até pelos resultados que podemos conquistar com esse deputado e com essa liderança do Governo do Estado. No começo as pessoas olharam com um pouco de desconfiança, mas, como eu disse, estávamos órfãos e nenhum deputado nos procurou. Nós fomos bater à porta dos deputados da região, mas em uma conversa informal e sem compromisso fomos apresentados ao Hussein. Como ele é do nosso partido, o PSD, começamos a olhar com outros olhos. Mesmo sendo de outra região, totalmente diferente da nossa culturalmente falando, conversamos e fizemos essa parceria. É o primeiro ano deste mandato e o Hussein já veio para Entre Rios em várias oportunidades, assim como para a microrregião.

 

OP: Surgiu um movimento recente de união dos prefeitos da região lindeira ao Lago de Itaipu em prol de projetos coletivos, como é o caso do Contorno Oeste de Marechal Cândido Rondon, contorno de Guaíra, recuperação da PR-495 e PR-497, dentre outros. O senhor vê com perspectivas animadoras essa iniciativa?

JH: Acredito que sim, até porque eu fui um dos incentivadores para isso acontecer. Entre Rios do Oeste é um município pequeno e com poucos eleitores, então de repente o político pode achar que é um município insignificante para trazer grandes e bons recursos. Conversamos muito com outras lideranças regionais do Oeste para fazermos um projeto integrado. Aos poucos fomos convencendo os prefeitos e hoje contamos com um bom número que aderiram a essa ideia. Sentimos que mais pessoas estão aderindo a esse projeto coletivo. A própria ferrovia, que antes era para ter um ramal de Cascavel a Foz do Iguaçu, agora está integrando Guaíra e passará pela microrregião. Não adianta eu, em Entre Rios, reivindicar melhorias na PR-495 se o restante da rodovia está esburacada. Quisemos mostrar ao secretário de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, e ao deputado Hussein Bakri, que participaram de um encontro conosco na semana passada em Guaíra, que precisamos elaborar um projeto bem planejado e que o Governo do Estado veja os municípios lindeiros com outros olhos. A região tem royalties e bom orçamento, mas existem muitos problemas. Queremos mostrar a força que tem essa microrregião. Participar deste processo regional é algo que está me motivando na política.

 

OP: Em 2020 o senhor se despede da prefeitura. Para encerrar o mandato, o que o governo municipal planeja para o próximo ano?

JH: Desde 2013 vínhamos com planejamento de não olhar apenas um segmento, mas todos. Fizemos grandes investimentos na educação, na saúde, na agricultura, em infraestrutura, pavimentação rural, recape asfáltico. Para encerrar e atender uma demanda do munícipe, vamos investir na geração de emprego em um grande e ambicioso projeto no Parque Industrial 2.

 

OP: Qual é o projeto?

JH: Compramos a área da antiga Cassava. Investimos R$ 2,1 milhões e já destinamos quase R$ 1 milhão em melhorias nos prédios que estavam abandonados há quase 20 anos. Estamos concluindo todo o complexo para atrairmos novos empresários, inclusive já foi feito pregão para que as empresas possam se instalar. A estrutura possui cinco mil metros quadrados e soma cinco barracões. Pretendemos fazer mais alguns investimentos, como construção de escritórios e banheiros. Todos os barracões precisam ser adequados dentro da realidade de cada empresário. O projeto foi para a Câmara e dependemos dos vereadores para fazer o investimento e atender o pedido da maioria da população, que é a geração de empregos.

 

OP: O complexo atenderá empresas de quais áreas?

JH: Tudo começou pelo biogás, mas a área é bastante grande. Agora atraímos investidor do ramo de pré-moldados, que já está inclusive produzindo; estamos construindo a nova unidade de reciclagem; estamos atraindo investidor que vai produzir móveis para escritório e hotelaria, o qual vai gerar mais de 40 empregos e com projeto de ampliar. Se tudo ocorrer bem e os vereadores aprovarem o projeto para darmos sequência a este investimento, até junho de 2020 no novo complexo podem ser gerados mais de 140 empregos diretos. Quero crer que vamos conseguir atender a deficiência que Entre Rios do Oeste tem hoje.

 

OP: O senhor acha que se conseguir atender mais esta demanda encerra sua gestão com chave de ouro?

JH: É o meu desejo e espero que os vereadores assim entendam. Sabemos que tem discussão e de repente pensamentos contrários, mas fizemos tudo planejado. Se conseguirmos suprir essa demanda certamente fechamos com chave de ouro, atendendo todos os setores e sem olhar a quem. Todos os setores tiveram investimentos e conseguimos realmente transformar um pouco o nosso município. Hoje podemos dizer que Entre Rios do Oeste é um canteiro de obras. Há muitas obras iniciadas, em execução, para serem licitadas e outras esperando liberação do governo ou da Caixa para que possamos licitar. Temos mais um ano de governo e acredito que muita coisa pode acontecer.

 

OP: Muitos dos projetos dependem da aprovação da Câmara. Como driblar esse acirramento que existe hoje de alguns vereadores com o Executivo para aprovar certos projetos, considerando que 2020 é ano eleitoral e existem interesses políticos?

JH: Nos reunimos toda segunda-feira com os vereadores para discutir todo e qualquer projeto que vai para a Câmara, seja polêmico ou não. Estamos de portas abertas e só não participa quem não quer. Aquele que vem tem a oportunidade de ouvir o que está acontecendo, de discutir, de dar a opinião, de questionar. O vereador tem importância nas decisões, porque abrimos esse canal de diálogo. Existe a vaidade e sabemos que agora será um pouco difícil, porque será um ano eleitoral e há os interesses. De repente pode ter quem não queira que certos projetos aconteçam para desvirtuar ou para quebrar um ciclo de serviços que está acontecendo em Entre Rios do Oeste. Para fechar com chave de ouro e viabilizar os 140 empregos diretos, politicamente para o meu grupo esse projeto seria bom, mas para a oposição talvez não. Então sabemos que haverá esses conflitos, até um pouco de ciúmes. Porém, é um dinheiro próprio, de economia, para que quando fosse o momento de fazermos este investimento não tivéssemos problemas. E se não concluirmos neste mandato o dinheiro estará guardado para o próximo prefeito. Não estamos deixando R$ 1 de dívida. Por isso, não vejo problema em darmos continuidade e realizar esse sonho de dar vida ao Parque Industrial 2.

 

OP: O PSD é um dos partidos que mais vem se fortalecendo no Paraná, até em razão da liderança do governador Ratinho Junior (PSD). Diante deste potencial, o senhor defende que um nome da sigla encabece a chapa majoritária do grupo de situação?

JH: Dentro do PSD há lideranças que batem na tecla de ter candidatura própria; outras são um pouco mais flexíveis e dentro da coligação pensam em achar o melhor nome; e há, ainda, os neutros. Como prefeito, eu procuro por ora respeitar todas as opiniões e ouvir a todos para, na hora certa e em um momento de decisão, encontrar a pessoa melhor preparada para, quem sabe, dar sequência a este projeto para Entre Rios. Espero que meu grupo entenda isso, seja maduro e se fortaleça. Cada um pode ter sua vaidade, mas na hora H é preciso ter respeito e escolher por meio de pesquisas para definir o melhor nome.

 

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Prefeito Jones Heiden: “A região tem royalties e bom orçamento, mas existem muitos problemas. Queremos mostrar a força que tem essa microrregião. Participar deste processo regional é algo que está me motivando na política” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

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