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Mãe de Leomar fala pela primeira vez sobre a morte do filho

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Depressão

É um estado de querer morrer e não poder… Mesmo medicado, sinto muita dor. Não sei de onde vem. Queria descobrir o que cura, mas sei que não vou ter resposta… assim passo meus dias, sofrendo, com esperança de que um dia vai passar e eu vou descansar em paz.

Leomar

O trecho de uma confidência deixada por Leomar conta um pouco de seus sentimentos antes de cometer o suicídio, aos 35 anos de idade. No dia 08 de agosto de 2011, há dois anos, Leomar tirou a própria vida. O músico que saiu aos 15 anos de Santa Helena e beliscou o sucesso e a fama ao lado do irmão Luan, com a dupla sertaneja Luan e Leomar, morreu depois de abusar do álcool, da maconha e da cocaína.

Ontem (07), pela primeira vez após a morte do filho, dona Irani Pereira da Cruz resolveu desabafar. Falar do flagelo da droga que levou seu filho e leva tantos outros filhos e filhas dia após dia, mundo afora. Em entrevista exclusiva para o Jornal O Presente, ela quebrou o silêncio para contar sobre uma história de amor, drogas, música, saudade e perda.

Giuliano De Luca/OP
A mãe do músico falecido há dois anos relembra do filho em recortes de jornal

“Eu decidi falar para que o caso dele seja exemplo para muita gente. Tem gente que pensa que o sucesso é tudo, mas não é nada. O Leomar entrou em depressão por causa das drogas”. Depois de ser internado em clínicas de reabilitação por duas vezes, ele voltou a usar cocaína e se matou um dia antes de ser internado mais uma vez. As drogas venceram. 

A Música

Leomar começou cedo a mostrar seu talento musical. “Quando ele era criança, eu fazia violão com pau e corda de pescar. Ele e os primos ficavam fazendo a maior bagunça aqui atrás de casa, batendo lata. Um domingo, quando ele tinha seis anos, a gente estava ouvindo um programa de rádio e ele falou: Pai me leva lá que eu vou cantar. A gente tinha um vizinho que disse: vamos levar ele só pra ele passar vergonha”. Ledo engano.

“O Leomar se trocou, foi até a rádio, subiu em um banquinho para alcançar o microfone e cantou Motoqueiro Apaixonado. No segundo domingo, ele foi de novo. No terceiro, o Luan, com oito anos, foi junto. Cada um cantou uma música. Aí o radialista disse: vamos formar uma dupla; Nego e Toco”. Era o início da dupla Luan e Leomar, que em mais de 20 anos de parceria gravou quatro discos e lançou um DVD.

As aparições na rádio em Santa Helena eram dominicais. Eles nem sabiam escrever, mas já cantavam como gente grande. “Eu tirava as músicas de um toca- fitas velho, eles iam na rádio e cantavam”, relembra a mãe.

Da rádio para os primeiros festivais foi um passo. Primeiro lugar em muitos. Aos 15 anos, Leomar foi com o irmão, com 17 anos, para Franca, em São Paulo, a convite de um empresário. 

As Drogas

Após separar-se da mulher, ele começou a sair com amigos. “Amigos traiçoeiros”, diz dona Irani. Ele começou a usar drogas e continuou por mais de seis anos. “No começo era maconha. Usava para não contrariar os amigos. Mas no fim ele estava na cocaína”.

A vida de usuário de drogas fez com que fosse internado por duas vezes. “Ficou três meses em uma clínica para dependentes químicos em Curitiba e voltou bom”. Ficou 15 dias em casa (Santa Helena) e voltou para Franca para dar continuidade à carreira em parceria com o irmão.

“Meu filho (Luan) me ligou e disse: mãe, acho que o Leomar recaiu. Quando o Luan descobriu, o Leomar não tinha mais nada. Não tinha mais carro, não pagava aluguel, água, luz… Primeiro ele disse que tinha colocado o dinheiro na poupança, depois, que gastava tudo com festas”, explica a mãe. Era a droga consumindo não somente o dinheiro e a carreira do músico santa-helenense, mas sua alma e sua vontade de viver.

A Morte

Leomar iria ser internado pela terceira vez em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, desta vez em Cascavel. “A Lisa (Lisângela, irmã de Leomar) arrumou uma clínica para ele ficar mais perto e a gente poder ir visitar ele, mas um dia antes, ele se matou”.

Leomar havia sido internado na noite de domingo em um hospital em Santa Helena por causa da bronquite que tinha. “Na segunda, às 09 horas, ele ia receber alta. O Valdir (pai) estava cuidando dele e disse: Leomar, vou tomar um banho e volto para te pegar para irmos na casa da sua mãe. Quando ele saiu, Leomar tentou se enforcar com a corda da persiana, mas ela arrebentou. Ele foi então para o banheiro para se enforcar com a mangueira do chuveiro, mas também arrebentou. Ele voltou para o quarto e se enforcou com o fio da tomada do ar-condicionado”, lembra a mãe.

A entrevista completa sobre a história de Leomar pode ser conferida na edição impressa de hoje (08) do Jornal O Presente

Veja o clipe oficial da música “Você em Mim”, feita em homenagem a Leomar




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