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Variedades Muitos astros, pouco brilho

“Venom: Tempo de Carnificina” decepciona com embate fraco entre grandes inimigos dos quadrinhos no cinema

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Cena do filme "Venom: Tempo de Carnificina" (Foto: Divulgação)

Uma das poucas coisas dignas de nota do primeiro “Venom” era uma cena que acontecia durante os créditos e mostrava Eddie Brock (Tom Hardy) indo a uma prisão entrevistar o serial killer Cletus Kasady (Woody Harrelson).

Como sabem os leitores dos quadrinhos da Marvel (mais precisamente do universo do Homem-Aranha), isso é bem importante para a história do simbionte alienígena que divide o corpo do repórter protagonista. A cena deixou os fãs empolgados para uma continuação.

Com o sucesso do filme de 2018, não demorou muito para que a sequência começasse a ser produzida, tomando como base justamente aquele gancho mostrado na primeira parte.

É uma pena que os responsáveis por “Venom: Tempo de Carnificina” não tenham aprendido com os erros do passado e não se esforcem em fazer uma continuação para superar o original. Mesmo com bons momentos, o resultado é frágil e decepcionante.

Na trama, Eddie Brock continua a ter sua relação simbiótica com Venom para, entre outras coisas, combater criminosos como o Protetor Letal. Só que o simbionte já não aguenta mais ser contido, principalmente em relação a suas questões alimentares, o que o leva a entrar em constantes conflitos com seu hospedeiro favorito.

Mas os problemas de Brock ficam ainda mais complicados quando o assassino Cletus Kasady morde a mão dele e absorve uma parte do alienígena, transformando-o no monstruoso Carnificina. Com o seu novo parceiro, Kasady consegue fugir da prisão e vai atrás de Frances Barrison (Naomie Harris, a Moneypenny de “007 – Sem Tempo Para Morrer”), a única pessoa que mostrou algum sentimento por ele.

Intrigado com os ataques de Kasady, Eddie tenta descobrir mais sobre essa nova simbiose para impedir que a insanidade do vilão cause mais destruição. Além disso, ele precisa lidar com sua relação mal resolvida com Anne (Michelle Williams).

 

Saindo do Armário

A direção de Andy Serkis (o Gollum de “O Senhor dos Anéis” e o Cesar da franquia “Planeta dos Macacos”) não consegue dar o tom certo para cada gênero presente do filme: como a aventura, o terror ou a comédia.

Até começa bem, com ângulos inusitados de câmera para uma adaptação de quadrinhos ou ao usar animação para contar a origem do vilão. Mas cai no lugar comum e não entrega nada mais de interessante, até com momentos dignos de uma série de TV de terceira classe.

Mas Serkis não é o único culpado. O roteiro tem situações ridículas e que nada acrescentam à trama principal, como a sequência em que Venom vai parar numa festa rave e é bem recebido pelas pessoas que acham que ele está fantasiado.

Isso sem falar nos diálogos, com frases tão pavorosas quanto às de “Esquadrão Suicida” ou “Cinquenta Tons de Cinza”, não por acaso, também escrito por Kelly Marcel, também roteirista do primeiro “Venom” e deste filme aqui, em parceria com Tom Hardy.

A única vantagem em relação à primeira parte é que o texto tem uma ou outra piada que pode até despertar um sorriso no rosto do espectador.

 

Muitos astros, pouco brilho

Outro ponto negativo a chamar a atenção é como “Venom – Tempo de Carnificina” tem tantos bons atores e todos eles estão atuando bem abaixo do esperado.

A começar por Tom Hardy, que logo na primeira cena, mostra que está bem mais preocupado em fazer caras e bocas do que fazer uma interpretação que faça o público simpatizar com ele.

Quanto a Venom (que Hardy faz a voz), não há grandes mudanças em relação ao seu tipo de humor grotesco que já havia mostrado antes e que faz a alegria de muito adolescente. Os mais novos podem, claro, gostar desta segunda parte.

Já Michelle Williams, pelo menos, pode dizer que tem uma boa cena no filme, ao contrário do primeiro “Venom”, em que tenta fazer contato com o simbionte alienígena. Tirando isso, a atriz não tem muito o que fazer, a não ser servir de “escada” para Hardy.

Naomie Harris não chega a acontecer como Frances Barrison (também conhecida como Shriek), mas não compromete. Apenas marca (pouca) presença com sua personagem.

A maior decepção, no entanto, está em Woody Harrelson como o vilão de “Venom – Tempo de Carnificina”, já que o ator tem uma grande experiência em fazer tipos desequilibrados com grande talento. Agora, não faz nada digno de nota, como se estivesse fazendo o filme só para pegar o seu pagamento ao final do dia.

Quem já o viu em produções como “Assassinos por Natureza”, sabe que Harrelson é capaz de fazer muito mais do que sua performance burocrática como Cletus Kasady.

 

Curto, porém sem ir direto ao ponto

Um outro ponto que chama a atenção em “Venom – Tempo de Carnificina” é a sua curta duração. Numa época em que a maioria dos filmes baseados em quadrinhos tem mais de duas horas de projeção (às vezes, quase três), surpreende o fato de que essa sequência leva um pouco mais de uma hora e 30 minutos para contar sua história, sendo que seu clímax dura cerca de 30 minutos.

Mesmo assim, essa curta duração não significa que o filme tenha agilidade. Isso acontece porque ele se perde em cenas pouco relevantes e o confronto entre o anti-herói e seu inimigo demora tanto para se resolver que falta fascínio e sobram tédio e indiferença.

Ainda mais porque os efeitos especiais das criaturas estão bem longe da perfeição e, assim, como no primeiro filme, a qualidade é digna dos piores jogos do Playstation.

Pelo menos, “Venom – Tempo de Carnificina” tem um ótimo trunfo na manga que é uma cena que acontece durante os créditos finais e deve deixar muita gente feliz ao final da projeção, além de criar expectativas por possíveis novas sequências.

Mesmo assim, a abertura da bilheteria nos Estados Unidos ficou acima de US$ 90 milhões, muito boa em tempos de pandemia. Com o bom resultado, não seria surpresa a confirmação de uma terceira parte. Só resta torcer para que ela seja melhorzinha.

 

Com G1

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