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Websérie de Fernanda Paes Leme repensa o uso das redes sociais na quarentena
No início da quarentena no Brasil e no mundo, em março de 2020, grandes estúdios e emissoras se viram sem saída a não ser paralisar as suas produções em andamento. A indústria audiovisual precisaria se reinventar naquele momento.
Foi quando diversas lives e tipos de conteúdo começaram a surgir nas redes sociais, ainda que meio sem jeito, sem produção, eram testes do que estava por vir. Marcelo Adnet começou a produzir conteúdos cômicos, feitos em casa e por ele mesmo, para o Globoplay, Bruno Mazzeo pensou em uma produção feita 100% em casa, Diário de Um Confinado, estreada em julho.
Enquanto o uso das redes sociais ainda estavam sendo repensados para este momento, Fernanda Paes Leme decidiu inovar e lançou Fake Live, uma websérie vertical no IGTV do Instagram. A produção traz duas versões da própria atriz: a Fernanda e a Fepa Fake. Além disso, pela primeira vez a artista assina a produção-executiva e direção de fotografia – já que ela mesma se filma o tempo todo com o celular.
Desta maneira, a artista consegue trazer com humor uma crítica social aos clichês vistos nas redes sociais. Em menos de 24 horas, o primeiro episódio bateu 1 milhão de visualizações e chamou a atenção dos internautas. O projeto é uma parceria da atriz com seu irmão, Alexandre Paes Leme, que também é ator e é responsável pelo roteiro e direção da websérie.
Em entrevista exclusiva, Fernanda contou sobre o processo de criação da série, bastidores e também sobre a decisão de trazer este posicionamento crítico na própria plataforma.
(Publicação: Instagram Fernanda Paes Leme)
COMO SURGIU A IDEIA DA FAKE LIVE?
Segundo Fernanda, a websérie não havia sido pensada antes do isolamento social e é totalmente fruto desse momento atual no mundo. “Não aconteceria dessa forma se não estivéssemos em quarentena e principalmente dessa necessidade artística minha, como eu estava vivendo o momento pós COVID. Então tive vontade e necessidade de criar alguma coisa, explorar essas habilidades criativas”.
Foi quando ela retornou à sua cidade natal, São Paulo, para ficar mais próxima da família e iniciou as conversas com o seu irmão sobre um possível projeto: “Ele já estava vivendo a quarentena de uma forma muito diferente da minha, eu estava muito mais no momento de não ter vontade de fazer nada, de só querer ficar sem fazer nada. Meu irmão, por outro lado, estava fazendo curso de roteiro online, estava produzindo vídeos de maneira remota com os amigos dele, já estava exercitando esse lado mais criativo. Nesse encontro, falei para ele que um lado meu tinha vontade de produzir alguma coisa, criar algo, mas que outro lado estava vivendo essa pandemia de uma forma emocionalmente abalada”.
E então, a dupla ficou de olho na “onda de lives” que tomou o Instagram no início da quarentena e Fernanda confessou que queria fazer algo diferente daquilo. Foi aí que surgiu a ideia de usar os dois lados das pessoas na quarentena: produtivo e preguiça.
“Meu irmão tinha alguns roteiros encostados de filmes, estava fazendo um curso de roteiro e, no dia seguinte, quando acordei ele me veio com essa ideia: ‘pensando naquele lado seu que não quer fazer nada e o outro que quer produzir, porque não fazemos uma série falando sobre isso?’”, disse ela.
O ROTEIRO E CRIAÇÃO DA FAKE LIVE
Após surgir a ideia inicial, Fernanda conta que ela e seu irmão decidiram que precisaria a personagem precisaria levar o seu nome para dar uma ideia de documentário e reality à websérie. Foram criadas, então, duas personagens: a Fernanda e a Fepa Fake.
O roteiro é de Alexandre, mas a atriz conta que dá seus pitacos em alguns momentos. “O que acontece na série não é necessariamente o que acontece ou aconteceu na minha vida. Claro que tem um pouco, mas não tudo”, revelou.
“Às vezes tem momentos da minha vida que quero por na série, sim. No começo, logo depois que tive COVID-19, eu fiz tipo um ‘date virtual’ com uma pessoa que eu já conhecia, já que não podíamos nos encontrar. Aí eu falei para o meu irmão que esse momento tinha que estar na série e conseguimos colocar no episódio 4”, completou.
A atriz enfatiza que a Fernanda da websérie é uma personagem, e não ela mesma, e tem uma lente de aumento em cima de influenciadoras. “A Fernanda e a Fepa Fake têm coisas elaboradas a partir desses clichês que vemos nas redes sociais e mesmo sem assumir, a série tem um pouco de cada um de nós, não só das influenciadoras ou blogueiras – não é uma crítica só sobre elas, porque é muito simples as pessoas que não trabalha com isso apontarem o dedo para elas ou eles. Mesmo sem assumir, a série é um pouco de crítica para cada um de nós, porque se a gente procurar um pouco acabamos nos identificando com as duas”, comentou ela.
A atriz revelou que a websérie marca a estreia da dupla em um projeto audiovisual. “Meu irmão tem o senso crítico dele na série, dou minhas opiniões, mas o roteiro é dele. A gente acaba dividindo muitas opiniões, já existiu dele escrever alguma coisa e eu falar para pegarmos mais leve, até para não magoar as pessoas que eu gosto, mas também já teve momentos em que eu mesma falei que fazia questão de colocar, porque é uma referência e independente da pessoa se identificar e ficar chateada, é preciso estar lá. A série trata de muitas coisas que existem na internet”, concluiu.
FAKE LIVE FAZ UMA CRÍTICA ÀS REDES SOCIAIS
Para Fernanda Paes Leme, a websérie no Instagram faz com que as pessoas repensem o que realmente querem consumir nas redes sociais através dos clichês que existem nas plataformas. Com isso, gera a reflexão do que os influenciadores digitais estão trazendo de conteúdo para os seus seguidores.
“Principalmente nesse momento que estamos vivendo, muitas máscaras estão caindo. Vejo pela quarentena, que tira todo o entorno, todo o cenário daquela pessoa que influencia, que você segue, que você admira e gostaria de ter a vida que ela tem, por isso que você consome aquilo. A pandemia tirou os cenários, não tem mais isso, não tem mais a viagem, a Noronha, a primeira classe, Europa nada disso, então o que fica? Para mim, o interessante é essa discussão que a série traz”, comentou.
OS BASTIDORES DA FAKE LIVE
A Fake Live é um projeto independente que não tem nenhuma produtora por trás, os responsáveis são a Fernanda, Alexandre e mais cinco pessoas. Para as filmagens, a atriz conta com o Alexandre, que é o diretor da websérie. Juntos, eles pensam em planos para mostrar como se o celular tivesse com as duas câmeras, tanto a de selfie quanto a de fora, abertas o tempo inteiro.
“Meu irmão está sempre comigo no set quando vamos gravar. Mas é sempre uma descoberta, a gente decupa as cenas antes, os planos, mas a maioria dos planos inusitados acontecem na gravação mesmo. Já estou separando as cenas de erros porque tem muitas cenas de erro, porque às vezes o celular cai, algo dá errado”, contou ela sobre os bastidores.
A atriz ainda contou sobre os desafios da produção: “Preciso pensar atenção no plano, no texto e na minha movimentação. É muita coisa acontecendo, não é tão simples […] Às vezes tem planos que a gente pensa mais no texto do que no plano, esquece dele e deixa o celular me filmar mesmo me cortando acaba valendo, e às vezes a gente presta muito mais atenção no plano e encaixa o texto para que ele fique incrível”.
Como ela coloca bastante a mão na massa para que a série aconteça e é responsável por mais de dois papéis na produção, ela ainda comentou sobre o sucesso Fleabag. “É algo novo, mas é uma tendência que vemos lá fora como a Phoebe Waller-Bridge em Fleabag”, e revelou que a atriz é uma inspiração para o projeto.
SÉRIES QUE FERNANDA PAES LEME MARATONOU NA QUARENTENA
Para além desse projeto super criativo, a atriz maratonou diversas produções nas telinhas durante o período de quarentena – muitas delas, aliás, foram fonte de inspiração de alguma forma para a Fake Live.
Fernanda Paes Leme brincou que seu “crush” de quarentena foi Thomas Shelby, de Peaky Blinders: “Meu companheiro de Coronavírus enquanto eu estava isolada foi o Thomas Shelby, de Peaky Blinders. Ele foi o meu crush na quarentena, porque tive que ficar 15 dias dentro de casa, era uma série com 5 temporadas e 52 minutos cada episódio, eu assisti ela inteira nesse período”.
“Comecei com Thomas Shelby e fui para Killing Eve, Nada Ortodoxa, La Casa de Papel, Fleabag as duas temporadas, Tiger King, The Last Dance, Eu Nunca, The Last Kingdom, The Morning Show, Amiga Genial, I May Destroy You, foram várias”, concluiu.
A Fake Live contará com 9 episódios e o último vai ao ar ainda nesta semana. A atriz comentou que, futuramente, pretende colocá-los legendados no YouTube. Por enquanto, todos os episódios são disponibilizados no Instagram de Fernanda Paes Leme.
Com AdoroCinema
