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Marechal

Clima de expectativa

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Agricultores da região de Marechal Cândido Rondon estão com um olho na tela do computador ou do celular e outro no céu. O acompanhamento das previsões meteorológicas tem sido constante, já que indicam que na próxima semana pode haver a ocorrência da tão aguardada chuva. É tudo o que precisam para então dar efetivamente início ao plantio da safra de verão. Um produtor ouvido por O Presente relatou que nesta semana até tentou colocar o maquinário a campo, mas o clima seco e a falta de umidade na terra impediu o plantio.

Enquanto alguns poucos resolveram arriscar, a grande maioria vai deixar para fazer o cultivo somente após haver uma precipitação pluviométrica significativa. “Alguns agricultores estão arriscando o plantio agora no seco contando com a previsão de chuva na próxima semana. Nesta semana alguns produtores já levaram o maquinário a campo de olho nas previsões de tempo e contando com a chuva que é para cair na próxima semana”, confirma o engenheiro agrônomo da Agrícola Horizonte, Cristiano da Cunha.

De acordo com ele, um dos problemas no momento é a falta de umidade no solo, que praticamente não existe mais. “Com a umidade do solo atual nada vai nascer agora em relação a esses plantios que estão sendo feitos”, informa, ressaltando, porém, que a tecnologia existente proporciona um bom tratamento de semente, o que evita que se deteriore no solo por meio dos tratamentos com fungicidas. “Se esta semente for depositada no seco e vier uma chuva significativa, mesmo assim a semente pode absorver a umidade e iniciar o processo de germinação”, detalha.

Para isso, no entanto, as precipitações precisam ser boas. “Precisamos de 15 a 20 milímetros de chuva para que haja uma emergência boa das lavouras já cultivadas. Isso é outro risco. O agricultor muitas vezes faz o plantio no seco e vem uma chuva de poucos milímetros. Essa semente até chega a absorver umidade, mas não o suficiente para que prossiga com o processo de germinação. Aí sim o risco é maior do que colocá-la no seco”, explica.

Cunha salienta que o agricultor conhece bem as consequências que existem ao fazer o plantio com baixa umidade no solo. “Provavelmente nestas áreas que estão sendo plantadas agora o agricultor está de olho na safrinha. Ele quer fazer a colheita um pouco antes para realizar o plantio de milho na segunda safra”, expõe.

Questionado se vale o risco, o profissional opina: “Há anos em que a antecipação para plantar milho safrinha é uma prática que vale a pena em razão da cotação. No caso atual, no entanto, o valor da saca não está valendo tanto a pena. Só o custo da semente dá em torno de R$ 1 mil por alqueire. Esse é o risco que o produtor está correndo, além dos outros custos, como combustível, desgaste de maquinário e o serviço em si”, analisa.

 

Dentro do prazo

Embora muitos produtores já estejam com tudo pronto para colocar as máquinas para trabalhar, aguardando apenas a chuva, o agrônomo enfatiza que o plantio não está atrasado em Marechal Cândido Rondon e o período ainda é muito propício. “A época ótima para o plantio é entre o dia 10 (domingo) e 25 de setembro. Acredito que a maioria dos agricultores vai esperar chover primeiro para depois realizar o plantio. A chuva está prevista para a partir do dia 12 (terça-feira) até dia 18. Aí sim a maioria dos agricultores deve ir a campo”, avalia.

A recomendação técnica, de acordo com o rondonense, é aguardar a chuva até para garantir que seja feito um plantio de qualidade com umidade adequada do solo e consequente implantação da lavoura em boas condições. “A biotecnologia está muito presente na agricultura com as transgenias na cultura da soja. Consequentemente, com as biotecnologias que vêm na semente o agricultor tem um custo do produto mais elevado, pois está trazendo uma carga energética que tem o seu preço e está pagando por isso. Tanto quanto arriscado, o produtor está colocando a semente no solo, que possui um custo bastante significativo em relação ao total da lavoura. A recomendação e a sugestão é fazer o cultivo com segurança para que não tenha ou ao menos evite prejuízos de ter que novamente, de repente, fazer nova compra de semente para reparar um erro por não ter feito o plantio com umidade no solo”, enaltece.

 

Alternativa

Para o produtor que está com pressa, a alternativa está no cultivo escalonado, orienta Cunha. Desta forma, se ocorrer eventual perda na lavoura não atingirá toda futura produção. “O que observamos é que quem está realizando o plantio agora são agricultores que têm uma área um pouco maior. Então estão justamente escalonando ao fazer atualmente 10% a 20% de plantio e o restante deve ficar para depois. A recomendação é que os agricultores que plantam uma área um pouco menor, e normalmente fazem tudo de uma vez, aguardem a chuva para fazer o cultivo com segurança e umidade no solo”, sugere.

 

Vazio sanitário

Se houvesse umidade adequada no solo, o profissional estima que 50% dos agricultores já estariam plantando a safra de verão no decorrer dessa semana. “Mas na prática não é o que tem sido visto. São poucos os agricultores que optaram em se arriscar. Mas hoje as variedades permitem esse plantio antecipado e já estão muito adaptadas”, comenta.

Cunha lembra que, inclusive, foi formalizado um pedido à Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) para que o vazio sanitário terminasse dia 1º de setembro, e não dia 15 como estava inicialmente previsto. “A Adapar acatou o pedido, contudo, no entendimento da entidade ficou fixado em 10 de setembro. Isso já trouxe um conforto grande em relação à época do plantio. Mas se fosse dia 1º de setembro sem dúvida que no fim de agosto já haveria agricultor cultivando a safra de verão”, conclui.

 

Estimativas para a região

O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) projeta que a safra de verão, na abrangência do Núcleo de Toledo, terá uma pequena redução na área de milho e, como contrapartida, um leve aumento na de soja. A informação é da engenheira agrônoma Jean Marie Ferrarini. “A safra de verão, basicamente todo ano, é em maior parte soja”, aponta.

Na safra passada, o milho ocupou 12,3 mil hectares e neste ano, conforme estimativa, deve atingir 9,5 mil hectares ou ainda menos. “Já a área de soja deve chegar a 476 mil hectares”, informa, segundo a qual, o Deral prevê uma produção de 1,8 milhão de toneladas. “A produção no ano passado foi muito boa, com uma produtividade alta, atingindo uma média de quatro mil quilos (por hectare). A previsão média para este ano é de 3,6 mil quilos. Em termos de volume está parecido, porque ano passado teve aumento de produtividade e neste ano de área, por isso a produção fica semelhante”, justifica.

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