Cada vez que somos obrigados a trafegar pela rodovia BR-227, seja de Cascavel a Curitiba ou de Cascavel a Foz do Iguaçu, fica mais claro quanto a corrupção foi danosa para nós, paranaenses.
Saber que estamos pagando valores de pedágio tão elevados e que 20 anos depois não temos as obras de duplicação que deveriam ter sido realizadas e nem as melhorias que foram projetadas ainda no século passado.
É inevitável que nesse trajeto nos vem à cabeça o sentimento de termos sido traídos e enganados pelos nossos políticos.
Para não generalizar, a grande maioria deles, pelo menos.
Ver, por exemplo, que de Guaraniaçu até Cascavel não há terceira pista, que a Serra da Esperança ainda não foi duplicada, que de Cascavel até Matelândia a estrada, tão movimentada, praticamente não tem trechos de ultrapassagem.
É inacreditável que durante 20 anos fomos postergando as melhorias que eram para ser feitas já nos primeiros anos da concessão.
Não há como não imaginar que as obras e melhorias em todos os trechos de concessões foram trocadas por favores e interesses obscuros.
Não tem como saber quais foram os políticos mais corruptos, que mais trocaram obras por favores pessoais, mas a julgar pelo que não aconteceu, poucos devem ter escapado.
E ainda assim, nós, contribuintes, temos que conviver com a preservação e o sigilo dos seus nomes.
Sabemos que muitos receberam propina, sabemos que as empreiteiras admitiram ter pago, sabemos que elas devolveram dinheiro aos cofres públicos, mas não temos o direito de saber quem foram os beneficiários.
Essa é uma sensação muito ruim. Não temos o direito de saber quem trocou nossos benefícios por propina.
É bom que as autoridades atuais, que têm a oportunidade de negociar novas concessões, prestem muita atenção no sentimento dos paranaenses.
Podemos aproveitar as novas concessões para atrair gigantescos investimentos para o Paraná ou podemos perder mais uma oportunidade e descobrir depois que eles trocaram os benefícios por interesses pessoais.
Acredito e confio no governador Ratinho Junior e sua equipe de que o processo será limpo e, desta vez, atenderá o interesse público.
Só assim nosso governador poderá passar para a história como um grande líder, aliás, um raro líder paranaense de destaque no cenário nacional.
As concessões são uma oportunidade, um momento ímpar para atrair investimentos e construir a infraestrutura que ainda é tão precária em nosso Estado.
Arno Kunzler é jornalista e diretor do Jornal O Presente e da Editora Amigos
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