Os últimos anos contribuíram imensamente para o equilíbrio das contas públicas no Brasil, tanto do governo federal como Estados e municípios, que estavam sem capacidade de investir.
Todos os entes federativos – União, Estados e municípios – conseguiram se distanciar do limite constitucional da conta salários e despesas fixas e aumentar seu percentual de investimentos.
Isso não ocorreu porque os governantes reduziram despesas, mas, sim, pelo congelamento dos gastos com pessoal e o aumento da arrecadação, ano a ano.
O que foi ruim para os servidores públicos foi bom para as contas públicas, devolvendo a capacidade de investimentos e o pagamento em dia de seus fornecedores e servidores.
Ocorre que, neste momento, os servidores, de modo geral, pressionam por aumentos, afinal, seus salários estão defasados em relação à inflação desse período.
Percebem que entre as despesas e as receitas dos municípios e dos Estados há uma folga para aumentar os salários.
Muitos governantes vão ceder à pressão e à cobrança de seus funcionários, alguns em boas condições com espaço para tal e outros comprometendo as contas públicas e o futuro.
O perigo disso é que num futuro próximo poderemos ter Estados e municípios desequilibrados.
Alguns, talvez, até atrasando a folha de pagamento, como era até dois ou três anos atrás.
Para dar aumentos reais e não gerar desequilíbrio é preciso ter certeza que a receita continua crescendo e de preferência não por aumento dos impostos.
E essa certeza ninguém tem.
Por Arno Kunzler. Ele é jornalista e fundador do Jornal O Presente, da Editora Amigos e da Editora Gralha Azul